Truculência

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Como de costume, alguns membros da Audácia caminham com armas enormes em frente às portas, atentos aos invasores. Passo por eles e encontro o pequeno grupo de jovens da Audácia, entre eles Uriah, Marlene, Tris, Lynn, Shauna e Lauren. Sua orelha reluz quando ela mexe a cabeça, porque é completamente coberta de piercings. Lynn e Tris vão atrás

— Shauna. — a chamo e ela me olha de forma estranha.

— Oi. — responde e volta a encarar os sapatos.

— Shauna acredita nas histórias da mamãe, que Divergentes são monstros terríveis. — Lynn zoa.

— Lynn! Cale a boca!

— É, percebi pelo seu olhar... Me desculpa, mas eu realmente não podia falar. Era algo perigoso, entende? — Shauna balança a cabeça concordando. Ainda parece chateada.

— Você conhece a Lauren? — ouço Uriah perguntar para Beatrice.

— Sim. — confirma Lauren. — Ela usou minha paisagem do medo para praticar a iniciação. Então provavelmente me conhece melhor do que deveria.

— É mesmo? Pensei que os transferidos passassem pela iniciação do Quatro. — diz Uriah.

— Até parece que ele deixaria qualquer um fazer isso. — digo, orgulhosa por ter sido a única que ele deixou.

Vejo de relance algo azul atrás de Lauren e me esforço para enxergar melhor. De repente, armas começam a disparar. As portas de vidro estilhaçam. Soldados da Audácia com faixas azuis nos braços
estão parados do lado de fora, carregando armas de um tipo que eu nunca havia visto, com feixes de luz azul saindo de cima dos canos.

— Traidores! — grita alguém.

Todos os membros da Audácia sacam suas armas quase ao mesmo tempo. Não tenho uma arma de fogo para sacar, então puxo Beatrice nos escondendo atrás da barreira de membros leais da Audácia diante de mim, esmagando pedaços de vidro sob os pés e sacando a faca do bolso de trás.

Ao redor, pessoas desabam. Meus companheiros de facção. Meus amigos mais próximos. Todos desabando, provavelmente mortos, ou morrendo, enquanto o ensurdecedor ruído das armas invade meus ouvidos. Vejo Shauna no chão e abafo um grito.

De repente, fico paralisada. Um dos feixes azuis está fixado em meu peito. Mergulho para o lado, para fugir da linha de fogo, mas não sou rápida o bastante.

A arma dispara. Eu desabo.

Dói bastante, mas sinto diminuir consideravelmente como a arma usada para a caça a bandeira. Coloco a mão por baixo da jaqueta onde fui atingida, não há sangue, mas a força do tiro me derrubou, então realmente há um tipo de munição. Beatrice está caída perto de mim.

Ouço um ruído no chão, ao lado do meu rosto, e um cilindro de metal do tamanho da minha mão rola e para ao encostar na minha cabeça. Antes que eu consiga me mexer, uma fumaça branca começa a sair das extremidades do cilindro. Começo a tossir e jogo o objeto para longe, mais para dentro do saguão. Mas aquele não é o único cilindro. Eles estão por toda a parte, enchendo o saguão com uma fumaça que não queima nem arde. Na verdade, a fumaça apenas obscurece minha visão por alguns segundos, antes de evaporar completamente.

Qual foi o sentido disso?

Há soldados da Audácia deitados no chão, com os olhos fechados, por todo lado. Franzo a testa e examino o corpo de Uriah. Ele não parece estar sangrando. Não vejo nenhuma ferida perto dos seus órgãos vitais, o que significa que não está morto. Então, o que o apagou assim? Lembro-me do seu teste de aptidão. Tori me revelou que foi inconclusivo, se essa fumaça serve para detectar Dovergentes, não funcionou muito bem com ele. Olho para trás, onde Lynn desabou, quase em posição fetal. Beatrice me confirma que Lynn também está inconsciente.

Insurreto (2- Insurgente) Onde histórias criam vida. Descubra agora