Os dois primeiros meses em Milão foram mágicos, Zeynep e Deniz pareciam um casal recém casado em lua de mel. Faziam pequenas surpresas um para o outro, andavam pelas ruas orgulhosos de mãos dadas. Tudo perfeito.
Eles iam às compras, cozinhavam juntos e viajaram para outras cidades e países próximos, sempre que conseguiam, nos finais de semana.
Eles estudavam em escolas diferentes, pois o curso de Deniz era mais voltado à arquitetura, para a obtenção de uma espécie de certificação, enquanto o de Zeynep era um curso de extensão sobre design.
Muitas vezes, quando a aula de um deles acabava antes do previsto, iam ao encontro do outro, para retornarem juntos para casa, ou fazerem algo de improviso. Como trabalhavam em áreas afins, compartilhavam o aprendizado e as novidades, que seus respectivos cursos proporcionavam no dia a dia, gerando longas conversas e insights.
Zeynep estava encantada com o que estava aprendendo e comentava, com certa frequência, sobre um de seus professores, Vicenzo Venturinni. Ele era um arquiteto de interiores reconhecido e tinha uma loja famosa de mobiliário e peças de design, que funcionava como uma espécie de incubadora, para jovens talentos da área e de divulgação para outros já consagrados, que passaram por ali.
Deniz não o conhecia pessoalmente, mas conhecia a loja e seus sócios, de uma das outras vezes em que esteve em Milão.Certa tarde, suas aulas acabaram mais cedo e quando notificou Zeynep, ela sugeriu que ele viesse encontrá-la, para assistir, ao menos parte da aula do tal Vicenzo e ele foi.
No entanto, como não estudavam na mesma escola, Deniz acabou se atrasando devido a uma passeata, que encontrou pelo caminho.
Chegando na sala de aula de Zeynep, a maioria dos alunos já tinham saído, e ela conversava entusiasmada com o professor, de costas para a porta, enquanto ele a devorava com os olhos, literalmente, além de toca-la em alguns momentos.
O sangue de Deniz ferveu, mesmo assim procurou se aproximar, tentando entender o contexto, antes de tirar conclusões precipitadas.
Afinal, ele tinha uma amiga, contemporânea da universidade, que morava na Itália e costumava brincar sobre a fama dos homens italianos: "...aqui você corre o risco de engravidar ao atravessar a rua!". Ele sabia que era um exagero, mas era uma forma de elucidar a diferença cultural do comportamento dos homens, especialmente se comparado ao dos turcos. Não que os turcos fossem santos, mas não é comum as pessoas se tocarem em público, na Turquia.DENIZ
Eu sabia que Zeynep estava muito animada com as aulas do tal Vicenzo, mas por questões meramente profissionais. No entanto, ao me deparar com eles conversando na sala de aula, notei os olhares nada profissionais da parte dele, seguidos de sua aproximação, quando observavam distraídos algo num caderno, ou livro nas mãos dela. Ele aspirou fundo, como se estivesse inebriado com o aroma do perfume dela, ou de seus cabelos, enquanto olhava por cima de seu ombro, tocando-a de forma aparentemente casual.
Eu me aproximei, tentando analisar a situação friamente, mas não pude deixar de marcar território. Então, pigarreei, para chamar a atenção deles e, assim que me aproximei, coloquei minha mão em sua cintura e beijei sua bochecha.
D: Oi querida. Desculpe pela demora?! - Eu o encarei.
Z: Oi. - Olhou-me sorrindo. - O que houve?! Tudo certo? Você demorou! - Comentou preocupada e ele deu um passo atrás.
D: Um pequeno imprevisto pelo caminho. - Sorri acariciando seus cabelos.
Z: Deniz, esse é o professor de quem eu te falei. Vicenzo, esse é o meu namorado, Deniz. - Ela nos apresentou e eu lhe estendi a mão, apertando-a firme, sorrindo e olhando em seus olhos, como quem diz: "eu sou o namorado".
V: Prazer Deniz. Sua amiga é muito talentosa e interessada. - Ele falou de forma jocosa, mostrando as garras...
D: Sim! A minha namorada é realmente muito talentosa, tanto que foi premiada com esse curso, numa competição importante em Istambul. - Falei com ênfase. Ele sorriu com ares de superioridade.
V: Ela me contou que você é arquiteto e tem uma empresa de design. - Eu assenti.
Z: Ele é muito talentoso! - Ela sorriu para mim. - Herança de família...
D: Mamãe é uma arquiteta e paisagista renomada na Turquia, com alguns prêmios, inclusive internacionais. - Completei.
V: Como é seu nome?! - Indagou.
D: Eu sou Deniz Divit e mamãe chama-se Sögull. - informei. Ele se mostrou surpreso.
V: Sim. Eu já vi sobre alguns dos trabalhos dela. - Confessou e Zeynep sorriu. - Então, temos concorrentes muito bons na Turquia?!
D: Certamente! Nunca devemos desmerecer a concorrência. - Falei encarando-o e Zeynep me olhou, parecendo apreensiva. - Vamos querida?!
Nós nos despedimos e saímos. Assim que alcançamos a rua, Zeynep me puxou.
Z: O que foi isso?! Não te reconheci. - Eu meneei a cabeça, como se não estivesse entendendo.
D: O que você quer dizer?! - Ela riu.
Z: Você entendeu, sim. Parecia que estava marcando território. - Eu suspirei.
D: Esse cara está claramente interessado em você... - Eu o interrompi.
Z: Não estou acreditando! Você?! Sempre tão calmo e ponderado. - Falou surpresa.
D: Eu não gosto, que invadam o meu espaço, ou desejem o que é meu. - Ela revirou os olhos.
Z: E eu sou sua propriedade?! - Questionou irritada. - Não conhecia esse seu lado possessivo e machista.
D: Não se trata disso! Eu não gostei da forma como ele olhou para você e, muito menos, como se referiu à nos! - Respirei fundo. - Você me conhece o suficiente, para saber que eu não sou possessivo, mas ele foi invasivo. - Ela olhou em volta e eu percebi, que a nossa conversa estava um pouco acalorada.
Z: Vamos para casa.... - Eu suspirei e assenti. Caminhamos sem nos tocarmos, ou darmos as mãos.
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Quando o amor acontece - a história de Deniz & Zeynep - Caminhos Cruzados
RomanceEssa é uma história adjacente ao livro Caminhos Cruzados. Deniz é o filho caçula de uma família abastada, proprietários de uma das maiores construtoras da Turquia. Ele é arquiteto e designer, trabalha na empresa com os pais e tem sua própria empresa...