Quando o amor acontece - a história de Deniz & Zeynep - Caminhos Cruzados

Capítulo 22 - Saber deixar alguem te amar...

"...Saber amar
É saber deixar alguém te amar

O amor te escapa entre os dedos
E o tempo escorre pelas mãos
O sol já vai se pôr
No mar

Saber deixar alguém te amar..."

Paralamas do Sucesso
Música: Saber amar
Compositores: Herbert Lemos de Souza Vianna

ZEYNEP
Eu estava ansiosa, aguardando um retorno de Kyraz. Ela tinha dito, que iria almoçar com Deniz, mas já passava das 23 horas e nada... Tentei ligar, mas caiu na caixa postal.
Quando ela me ligou, explicou que tinha passado bastante tempo com Deniz. Almoçaram juntos e, no final do dia, encontrou com ele e dona Sögull no apartamento de Yalin, para conhecer e discutir a reforma. Jantaram com os pais dele e ele tinha acabado de deixá-la em casa.
Segundo ela, conversaram muito e, conforme ela previa, ele não estava chateado por eu estar fazendo o curso, ou trabalhando em Milão, mas pela forma como eu agi, quando recusei trabalhar com ele e, agora, sendo evasiva quanto a retornar para casa no final do curso. Para ele, era ponto frágil o motivo da minha recusa, cogitando o término o relacionamento, e total falta de interesse em algo mais sério, entre nós, caso eu decidisse pela minha permanência na Itália.
Demorei para dormir, remoendo alguns trechos da fala dela...

*K: ...Ele ama você. Mas, ele não vai interferir na sua decisão, se você disser que quer ficar aí, por priorizar sua carreira em detrimento do relacionamento de vocês...

*K: ...Zeynep, agora eu te pergunto, o que você quer? Ficar aí e deixar tudo para trás, ou construir uma vida com ele?

Eu sempre quis viver no exterior, nem que por um tempo, especialmente em Milão, referência do design. As portas foram se abrindo para mim, os cursos, o emprego dos meus sonhos, a valorização do meu trabalho e a chance de projeção na minha área. Por outro lado, eu sabia que, caso ficasse na Itália, não seria um caminho fácil, pois em breve, eu teria de sair da realidade protegida e procurar um lugar para morar, talvez com menos conforto, num local mais distante e sozinha, já que, a maioria dos meus novos amigos estariam voltando para casa, no final de seus cursos. Sim! Grande parte deles eram de outras cidades e países. Mas, o principal, é que eu perderia Deniz. Ele tem uma vida estabelecida em Istambul, está feliz e realizado com seu trabalho e suas conquistas, tem sua própria empresa... Não era como se ele pudesse, trabalhar de outros lugares, ou remotamente, como Yalin, ou que estivesse insatisfeito com algo, que o fizesse repensar sua carreira. Apesar dele me amar e nos darmos bem, eu tinha medo de abrir mão de tudo e nosso relacionamento não vingar...

*K: ...Se você o ama, sabe que dificilmente encontrará algo semelhante ao que tem com ele. Sobre o trabalho, você pode construir sua carreira aqui em Istambul. Você já ganhou dois prêmios e está fazendo vários contatos aí. O que te impede de ter sucesso aqui? Você pode ter as duas coisas! E melhor, se vocês ficarem juntos, podem trabalhar juntos...

Concordo plenamente com ela, quanto a importância de conversar com ele. A decisão seria difícil. Uma escolha, que eu teria de fazer, mas que implicaria na renúncia de outra, bastante importante. Minha carreira era algo, que eu lutei a vida inteira, para conseguir... Mas, como renegar o amor, que eu sinto por ele? Como virar as costas, para o cara, que eu julgava ser o amor da minha vida? Muitas perguntas povoavam a minha cabeça... Eu era inexperiente nesses assuntos, ele foi o meu primeiro em tudo... Eu poderia estar iludida? Seria possível encontrar outro, como ele?!
Quantas vezes encontramos algo assim na vida? Será que mamãe, também pensava que papai era especial e único, mas no final, nem foi tanto assim? A verdade é que não há garantias...
Talvez, estar diante dele depois de cerca de 3 meses, ajudasse a dimensionar tudo isso! A principal questão é, como eu ficaria aqui sem ele, caso se confirmasse nosso rompimento? Reconheço a diferença de estar aqui, com o conforto e a certeza, de que ele está lá para mim, sempre que eu precisar, mas como seria não tê-lo mais?