Quando o amor acontece - a história de Deniz & Zeynep - Caminhos Cruzados

Capítulo 39 - Compreendendo melhor ...

ZEYNEP
Agora vou escutar... Pensei. Kyraz estava completamente irritada comigo e confesso, que eu no lugar dela, também estaria!
Z: Desculpe amiga! Não foi falta de amor, nem de amizade. - Garanti.
K: Pior! Foi falta de confiança. Como você pôde esconder isso de mim?! - Questionou.
Z: Eu sabia, que você acabaria contando para o Yalin e ele, para Deniz! Eu não podia arriscar... - Explico tudo para ela, sob o olhar intenso de Deniz, enquanto Esra organiza a cozinha, atenta à tudo, se eu a conheço bem.
K: Eu só não vou até aí, porque é muito longe... Caso contrário, já estaria pulando no seu pescoço. Também não pretendo estressar, ainda mais, uma mulher grávida! - Revirou os olhos. - Como você pretendia enfrentar a gravidez, o parto e a criação de duas crianças, em outro país, sozinha?! - Questionou.
Z: Confesso, que levei 2 chacoalhões, um quando soube da gravidez e outro por serem gêmeos. - Respondi sinceramente.
K: Mas, você não pretendia contar a Deniz?! Afinal, você parece estar bem gordinha, ou é por serem gêmeos?
Z: Eu estou de 22 semanas, mas descobri há pouco mais de 2 semanas... - Ela a interrompeu.
K: Falha do chip... - Eu assenti. Ela conhecia bem essa história. - E na sua família ninguém sabe? - Eu neguei com a cabeça. - Mas e sobre Deniz?
Z: Sim! Eu pretendia falar... Mas, como faltava pouco para a semana de design, eu preferi deixar para contar pessoalmente. - Respondi.
K: E se ele não fosse?! - Indagou.
Z: Eu ligaria para ele! Mas, ele não percebeu imediatamente, só depois, que prestou mais atenção em mim... - Falei olhando para ele, que balançou a cabeça, negando.
D: Eu tenho minhas dúvidas! Se eu não aparecesse aqui, ontem a noite, não sei quando ela diria. Meus pais perceberam, assim que colocaram os olhos nela, mas eu estava tão ansioso por revê-la, que não percebi logo que a vi. - Suspirou e eu acariciei seu rosto.
K: Esse tal de Vicenzo é um cafajeste oportunista. Yalin me mostrou o video e as fotos, dá para notar que você está desacordada, ou completamente dopada... Ele deveria ser preso, por abuso de vulnerável. -Bufou.
E: Kyraz, eu não conhecia esse seu lado bravo! - Comentou brincando.
K: Ah! Não mexa com quem eu amo! - Respondeu. - Eu ainda não digeri essa história de você passar por tudo isso, sem me contar... É uma novidade! Nunca agimos assim! Sempre fomos abertas, uma com a outra, sem segredos.
Z: Eu sei, mas acredite, eu fiquei muito assustada e acuada, diante das ameaças dele. Eu não queria decepcionar, muito menos expor Deniz, ou a minha família. - Ela suspirou.
K: Eu compreendo... Mas, duas cabeças pensam melhor! - Esra se intrometeu...
E: Exatamente o que eu dizia a ela!
K: Você também merece um puxão de orelha. - Retrucou.
E: Eu só tentei ajudá-la da melhor maneira possível! Não precisa ser ciumenta. - Kyraz sorriu.
K: Obrigada por cuidar bem dela! - Essa é a minha amiga! Cheia de empatia e amor para dar e vender...
E: Estamos juntas! - Fazendo sinal, com a mão fechada, como se fosse cumprimenta-la pela tela e Kyraz respondeu da mesma forma.
Z: Obrigada, queridas! É uma benção ter vocês na minha vida. - Agradeci.
Deniz me abraçou e beijou minha bochecha.
K: Zeyno, você sabe que o Deniz passou com louvor no estágio de babá de Yasemin, não é?! - Eu olhei para ele e sorri. - Eu sempre dizia, que ele será um paizão.
Y: Verdade, Zeyno! Ele foi aprovado, como tio coruja... - Falou se aproximando de Kyraz. - Você vai sair dessa... - Falou sinceramente me olhando nos olhos.
Z: Obrigada! Só de estar com vocês, eu já me sinto mais segura e em paz...

Estávamos nessa conversa em grupo, quando o interfone soou. Era Vicenzo e terminamos a ligação.
Z: O que ele está fazendo aqui? - Pensei em voz alta.
D: Ele é muito ousado... Vamos resolver isso de uma vez, por todas... - Propôs. - Esra pareceu apreensiva.
Z: Deniz, acho melhor irmos para o quarto! - Chamei, sem saber ao certo o que fazer - Esra o receberá. - Deniz resistiu, mas acabou concordando.
E: Bom dia! - Esra o recebeu, mas não o convidou para entrar. - Zeynep não está e...
V: Eu sei que ela está! - Ele a empurrou e foi entrando, olhando em volta. - Se ela não vir aqui, falar comigo, vou procurá-la pela casa. - Ameaçou.
Com muito custo, convenci Deniz a ficar no quarto, enquanto eu recebia Vicenzo.
Z: O que você quer? - Indaguei firme, vindo ao seu encontro.
V: Vim reforçar minhas condições, para não acabar de vez com a sua carreira e sua reputação. - Ameaçou. - Você quer isso, Zeynep?
Z: Vicenzo, eu não consigo entender, o que você ganha com isso? - Questionei.
V: Eu já te falei o que eu quero! - Ele se aproximou e estendeu a mão, para tocar o meu rosto, mas eu desviei. - Eu ainda vou ter você...
Z: Você precisa compreender, que eu nunca vou ter nada com você, especialmente agora, que estou grávida e de gêmeos. Eu não tenho como permanecer aqui... - Suspirei. - Principalmente, quando Deniz perceber a gravidez. Ele não vai permitir.
V: Eu posso cuidar de você... E depois, ele pode levar os remelentos dele, quando nascerem. - Respondeu.
Z: Quem te falou, que eu quero ficar longe dos meus filhos e dele?! Você ficou louco? - Questionei.
V: Dê o seu jeito! Você será minha... - Eu respirei fundo.
Olho para o lado e percebo, que Esra está com o celular em mãos, no balcão da cozinha, filmando tudo e trato de fazê-lo falar. Quanto mais provas da chantagem, melhor!
Z: O que exatamente, você pretende fazer, para me convencer a ficar?! - Ele riu de lado, como um psicopata.
V: Para começar, se você não quiser ficar comigo por bem, vou colocar o vídeo e suas fotos na internet, como anônimo, claro. Para que seu noivinho perca a confiança em você. - Falou em tom sarcástico, olhando para mim, como se esperasse a minha reação, denunciando que eu já sabia, que ele enviou tudo para Deniz. Mas, eu consegui disfarçar e fazer cara de paisagem!
Z: Se você fizer isso, eu vou odiá-lo! - Respondi! - Você acha, que eu vou querer ficar com o homem, que destruiu minha vida e me separou do homem que eu amo e é o pai dos meus filhos? - Ele riu.
V: Ah, vai! Sabe porque? - Eu meneei a cabeça, na expectativa, para ver onde ele pretendia chegar. - Se não ficar, vou dizer que você é uma carreirista, que tentou me seduzir... Você não terá saída, porque seu noivo não vai te querer... - Falou rindo e eu o encarei incrédula. Ele não podia estar bem da cabeça! - Sabe, é uma boa estratégia. Porque ele iria querer a guarda das crianças e você ficaria totalmente dependente de mim. - Eu respirei fundo, me contendo para não voar no pescoço dele.
Z: E para que você quer ter alguém, que te odeia e tem nojo de você, na sua vida?! - Perguntei.
V: Porque eu posso! Porque eu quero você e somos perfeitos juntos! - Ele estava realmente fora de si! Não é normal, isso!
Z: Você acha que vale a pena?! Você é um homem rico, famoso, bem e aparentado. Poderia ter a mulher que quisesse! Por que justo eu? - Ele riu.
V: Porque não? Confesse, por que está agindo assim? Nunca fui rejeitado, ninguém me disse não. Você foi a única. E eu não acredito nisso...
Z: Então, é puro orgulho ferido? - Indaguei. - Portanto, você jamais me tocou... e aquele vídeo é uma montagem? - Questionei.
V: Não! Não é uma montagem, você só não estava colaborando... porque estava desacordada. - Confessou.
Então, ele olhou para Esra e percebeu que ela estava gravando e foi para cima dela. Eu tentei contê-lo, mas ele me empurrou, fazendo com que eu caísse no chão.
Deniz entrou e o segurou por trás, passando o braço pelo pescoço dele. Esra, guardou o celular dentro da roupa e correu para mim, me ajudando a levantar e me apoiando, para que eu sentasse no sofá. Ela perguntou se estava tudo bem e eu assenti.
D: O que você pretende fazer?! Ahn?! Vai continuar com essa palhaçada e ir para a cadeia, com as provas que temos, ou vai nos deixar em paz?!
V: Vocês acham, que alguém acreditaria em vocês?! - Riu alto.
D: O que você acha de colocarmos esse vídeo na internet, assim que você colocar o seu, para todos conhecerem o verdadeiro Vicenzo?! - Questionou. - Se você fizer mais alguma ameaça a minha mulher, ou tocar em um fio de cabelo dela, tenha certeza de que, quem estará acabado, será você! Entendeu, ou quer que eu desenhe? - Falou apertando ainda mais o pescoço dele.

O interfone tocou novamente e, dessa vez, era Enzo. Ele subiu e conseguiu acalmar os ânimos. Vicenzo teve uma crise de choro, parecendo totalmente descompensado. Enzo pediu para conversar a sós com ele, indiquei o quarto de hóspedes e, após algum tempo, ele foi ao banheiro se recompor.
Enquanto o aguardava, Enzo me chamou num canto e explicou resumidamente, que Vicenzo passou por um quadro de depressão profunda, após o falecimento da noiva em um acidente, numa estação de sky na Suíça, há 8 anos atrás e, algum tempo depois, foi diagnosticado com distúrbio bipolar.
Z: Mas, qual a relação disso tudo comigo? Ele parece tão obcecado. - Questionei. - Nós jamais tivemos nada e eu nunca dei qualquer esperança para ele!
En: Na verdade, você é muito parecida com ela, inclusive fisicamente. Ela era  arquiteta e designer, extremamente talentosa, determinada, inteligente, bonita e doce, como você... Confesso, que eu fiquei bastante assustado com a semelhança, quando a vi pela primeira vez e em alguns momentos.  Enfim, ele está transferindo tudo para você! Eu estive com ele, ontem à noite e o achei muito alterado, a casa estava uma bagunça e com várias fotos dela espalhadas. Dormi na casa dele, mas hoje quando acordei, ele já tinha saído, daí decidi procurá-lo aqui. Eu desconfio que ele não está usando a medicação.
Vicenzo saiu do banheiro de cabeça baixa e se dirigiu a nós. Ele parou na minha frente e me encarou, mas não disse nada.
En: Venha Vicenzo, vamos embora! - Ele assentiu e o seguiu.

Assim que eles saíram, expliquei tudo o que Enzo me disse, a Deniz e Esra.
E: Nossa! Que história. Eu realmente o achei esquisito hoje, parecia descompensado, olhar perdido... - Eu estava em pé, encostada no batente da porta, Deniz suspirou e se dirigiu a mim, me abraçando.
D: Como você está? - Falou acariciando meu rosto.
Z: Eu vou ficar bem! Enzo vai falar com o psiquiatra dele. Ele acha que ele não está usando a medicação.
D: Vamos juntos para a exposição. - Eu assenti.
Z: Vou me aprontar!
D: Preciso passar no hotel, antes.
Z: Ok!
Eu não sabia o que pensar, mas tinha esperança, de que Enzo pudesse nos ajudar. Talvez essa medicação, quando ministrada corretamente, possa fazer com que ele caia em si.