ZEYNEP
Eu terminei de me arrumar e fui com Deniz até o hotel, que era bastante próximo do meu apartamento. Chegando lá, nos deparamos com os pais dele na recepção e eles me convidaram para um café, enquanto aguardávamos por Deniz.
Eu pedi um chá, sob os olhares atentos e questionadores de ambos. Depois de um breve silêncio, Dona Sögull foi a primeira a falar.
S: Ele percebeu?! - Eu meneei a cabeça e franzi a testa. - A gravidez? - Eu assenti. - Que bom! Parece que estão se entendendo... - Eu sorri.
C: Você já sabe o que é? - Neguei com a cabeça, mas falei em seguida.
Z: Não deu para ver o sexo deles ainda... - Lancei, como se falasse casualmente.
S: Como assim deles?! - Perguntou desconfiada, como se não tivesse escutado direito, enquanto os olhos do Senhor Carlo brilharam, com pelas lágrimas... Emocionado?!
Z: São gêmeos bivitelinos! Então, podem, ou não serem do mesmo sexo! Por isso, que a barriga parece ter saltado de repente...
S: Isso é maravilhoso!!! - Eles se entreolharam e se abraçaram, felizes. - Você não pode imaginar o quanto estamos felizes! - Falou e cada um deles segurou uma das minhas mãos. - Pensei que estivesse aparecendo, por você estar de 22 semanas, jamais sequer sonhei que fossem dois. Mas, tem casos de gêmeos na sua família?
Z: Que eu saiba, não? E na de vocês? - Eles negaram, buscando na memória. - Depois de voltar para cá, eu perdi muito peso e minhas roupas ficaram bastante folgadas. Como eu passava mal e enjoava muito, Esra me obrigou a fazer um teste. Descobri com cerca de 20 semanas e logo a barriga ficou saliente, como se eu a estivesse escondendo, inconscientemente. Claro!
S: Tem mulheres que não engordam nada... - Eu a interrompi.
Z: Mas acho, que não grávidas de gêmeos. - Completei.
S: Talvez não. Mas você está ótima! - emendou. - E como Deniz reagiu? - Eu revirei os olhos.
Z: Ele veio falar comigo de surpresa, ontem a noite, para esclarecer as coisas e se deparou comigo, com uma roupa de malha justa, marcando a barriga e percebeu assim que colocou os olhos em mim! - Expliquei. - Ele ficou muito bravo comigo, discutimos, mas acabamos nos entendendo. - Contei brevemente o que houve hoje, pela manhã, pois ela questionou o porquê de eu ter voltado para Milão.
S: Minha filha, eu entendo sua situação, mas você não acha que, talvez, se tivesse nos contado, poderíamos tê-la ajudado? - Eu respirei fundo.
Z: Eu não sei... Eu me senti tão pressionada, tipo "se correr o bicho pega e se ficar o bicho come!"... - Suspirei. - Confesso, que após saber da gravidez, fiquei muito apreensiva, especialmente, quando soube que são gêmeos! Eu tenho pensado o quão difícil seria me manter aqui, sozinha, com duas crianças pequenas. O custo de vida é bastante elevado e Esra está terminando o curso... Seria complicado trabalhar, cuidar de dois, conseguir pagar as contas e, ainda, com o coração partido... - Fico com os olhos marejados. Eles seguram minhas mãos.
C: Filha, você acha mesmo, que Deniz a deixaria para trás? - Indagou.
S: Ele ama você, sofreu como um condenado com essa separação. Ele não é homem de deixar os filhos para trás, mesmo que ele não amasse você! Imagina amando, como ele te ama! - Afirmou com segurança.
C: E, mesmo que ele o fizesse, nós não o faríamos. - Complementou. - Você já é nossa filha e está carregando nossos netos. - Olhando com complacência.
Z: Eu teria sucumbido, diante de tanta pressão, se não fosse pelo apoio da Esra e do Enzo, ultimamente.
C: Quem é Enzo? - Indagou.
Z: É um dos sócios de Vicenzo, vocês o conheceram ontem e foi ele quem o acalmou hoje pela manhã.- Respondi.
C: Verdade! Já estou misturando tudo! - Riu...
Z: Ele ouviu uma conversa, onde o Vicenzo me ameaçava e ficou do meu lado... Hoje eu compreendi melhor porque ele tentou convencer o Vicenzo, antes de tomar uma medida mais drástica. Na verdade, ele tem se mostrado mais incisivo, após ter conhecimento da minha gravidez. Ele também me dizia, que esse evento seria um divisor de águas, pois suspeitava, que assim que Deniz soubesse, jamais deixaria seus filhos para trás. Mesmo o conhecendo pouco.- Expliquei.
S: Minha filha, você precisa voltar conosco! Se esperar muito, não poderá viajar mais... Daí terá de dar à luz aqui. - Falou preocupada. - Sem falar, que nunca sabemos como será a gestação até o final, especialmente em se tratando de gêmeos. Pense com carinho. - Pediu. - Eu, por exemplo, tive uma gravidez ótima do Yalin, mas precisei de repouso no final da gravidez de Deniz... Ele estava com pressa. - Rimos.
Deniz se aproximou e sentou-se ao meu lado. Paramos de falar e olhamos para ele.
D: O que foi? Por que pararam de falar? Aconteceu alguma coisa? Estão me escondendo algo? - Questionou ansioso.
Eu o encarei e dei um pequeno sorriso.
Z: Está tudo bem! Apenas terminamos o assunto, exatamente quando você chegou. - Expliquei.
D: Tem certeza?! - Eu assenti e ele olhou para seus pais, que também confirmaram.
S: Nós estamos tentando convencê-la a voltar conosco. Mas, ela parece reticente, apesar de admitir o quão difícil seria passar a gestação aqui e criar duas crianças sozinha. - Contou. Eu suspirei, olhando em seus olhos.
D: Ah! Mas, ela que nem sonhe em ficar aqui, muito menos criar nossos filhos sozinha! Eu jamais permitiria. Mesmo... - Eu o encaro, aguardando a continuação de sua fala. Ele respira fundo. - ...mesmo, que não quisesse mais ficar comigo. - Eu sorri negando com a cabeça.
C: Ela nos contou o quanto estava apreensiva de ter de fazer tudo sozinha e longe de todos, quando soube que seriam gêmeos... - Eu continuei olhando Deniz nos olhos. - Nós estamos tão felizes, que teremos mais dois netos... - Ele olhou para Deniz e depois para Sögull, acariciando a mão dela.
S: Aliás, parabéns queridos! Vocês não podem imaginar, o quanto estamos felizes. - Reforçou.
Ainda assim, Deniz parecia chateado. Então, eu me pronunciei.
Z: Eu acho que precisamos conversar... Parece que você, ainda não entendeu, que eu vim à despeito do meu desejo...
Os pais dele se entreolharam, entendendo que precisávamos ficar a sós.
S: Eu vou buscar minha bolsa no quarto e já voltamos... - Falou puxando o senhor Carlo. - Que tal nos encontrarmos lá no evento?! Nos assentimos.
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Quando o amor acontece - a história de Deniz & Zeynep - Caminhos Cruzados
RomanceEssa é uma história adjacente ao livro Caminhos Cruzados. Deniz é o filho caçula de uma família abastada, proprietários de uma das maiores construtoras da Turquia. Ele é arquiteto e designer, trabalha na empresa com os pais e tem sua própria empresa...