DENIZ
Minha conversa com Zeynep foi péssima e muito desgastante. Numa última cartada, questionei por quanto tempo e como poderíamos manter um relacionamento à distância, cheio de altos e baixos. Questionei seu amor também, mas nada adiantou.
Eu a vi sair, olhei para o anel de noivado e a aliança, que ela colocou nas minhas mãos, completamente incrédulo e quebrado.
Caminhei até a varanda, com um aperto no peito tão grande, parecia me faltar o ar. O dia estava bonito e as águas do Bósforo, pareciam refletir o céu azul. Sentei-me em uma das poltronas, olhando para os anéis em minhas mãos e senti as lágrimas deslizarem pelo meu rosto. Não me recordo, se alguma vez chorei assim. Também não sei ao certo, quanto tempo permaneci ali, pensando em tudo. Na minha cabeça ecoava: o que eu estou vivendo agora?
Eu não sabia como seriam as coisas daqui em diante, como eu superaria tudo isso, ou quanto tempo levaria. O apartamento, a empresa, eu... tudo tinha um pouco dela, de nós. Como eu poderia morar aqui, ou tocar a empresa, sem ela? Ela estava em toda parte, principalmente dentro de mim, da minha mente e do meu coração.
Eu estava ali, completamente perdido em meus pensamentos e na minha dor, quando Yalin tocou meu ombro. Eu levantei a cabeça em sua direção e ele me encarou apreensivo.
Y: O que houve? Eu toquei várias vezes a campainha e o interfone, mas você não atendeu. Falei com o porteiro e ele disse, que você estava aqui e Zeynep já tinha saído. Então, entrei. - Eu assenti, que tudo bem. Eu havia dado a senha para ele entrar, em caso de emergência. - Conversaram?
D: Sim... - Respondi evasivo.
Y: E? - Questionou. Eu dei de ombros, com um bolo na garganta.
D: Acabou... - Ele me olhou por algum tempo, esperando eu continuar. Eu respirei fundo. Eu não conseguia falar, não saia! Ele pareceu compreender e respeitou meu tempo. Então, tomei coragem e comecei... - Eu não consigo compreender a decisão dela, estava tudo certo, ela parecia feliz, com a carreira dela aqui, com nosso relacionamento, nossa vida e tudo que estávamos construindo juntos. Eu estou aqui há horas, me questionando... Quando tudo mudou? Que tipo de feitiço a fez querer dar outro rumo às coisas, ao ponto dela me devolver o anel e a aliança, e mudar para Milão em dois dias? - Eu o encarei e o seu olhar era complacente, mas ele ficou mudo, por não ter respostas...
Y: Difícil responder, ou entender o que vai dentro das pessoas... - Ele respirou fundo e se sentou frente a mim. - Conta como foi a conversa de vocês?!
Eu contei...
Y: Kyraz vai conversar com ela, também! Ela tentou fugir, mas Kyraz a encurralou. Quem sabe, conseguimos entender melhor os porquês?! - Comentou.
D: Eu estou completamente perdido... Não sei como agir, se simplesmente aceito e a deixo ir, ou se devo tentar interceder? - Parei pensativo e de pois continuei... - Mas, eu tentei conversar e ela me pareceu tão decidida, me deixando sem saída. Sabe?!
Nos entreolharmos.
D: Ela disse que me ama, mesmo que eu não acredite e que faria qualquer coisa por mim... Mas, que amor é esse? - Ele apertou o meu ombro.
Y: De fato tem alguma coisa, que não se encaixa. Ela voltou com você de Milão, planejaram toda a reforma do apartamento e da empresa, ficaram noivos diante de toda família... - Depois falou como se escolhesse as palavras. - Será que esse Vicenzo a está coagindo?
D: Já pensei nisso, mas ameaçando do que? Porque esse é outro aspecto, que não me desce... Ela caiu na lábia dele, sobre a questão do concurso, que eu até consigo compreender. Mas, porque ela aceitou essa proposta do mestrado tão de repente, para ir embora com ele em dois dias, como se estivesse fugindo de alguma coisa? Quem muda de pais, como se fosse para Bodrum, ou qualquer cidade próxima passar o final de semana?- Yalin suspirou...
Y: Pois é... Estranho. - concluiu.
Ficamos ali conjecturando, tentando encontrar justificativas, para o injustificável...Enquanto isso, Zeynep voltou para casa, chorando no táxi...
Motorista: A senhorita está se sentindo bem? Precisa de alguma coisa? - Ela negou com a cabeça.
Vicenzo enviou várias mensagens, mas ela as ignorou, só respondendo ao entrar em casa.
V: Resolveu? - Indagou.
Z: Eu vou, mas volto a repetir não haverá nada entre nós! Nossa relação será meramente profissional. - Falou com ênfase.
V: Já te disse, que é o que veremos... Mas, é claro que você vai ter querer também! Você vai implorar por isso. - Falou em tom de ameaça. Ela se calou.
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Quando o amor acontece - a história de Deniz & Zeynep - Caminhos Cruzados
RomanceEssa é uma história adjacente ao livro Caminhos Cruzados. Deniz é o filho caçula de uma família abastada, proprietários de uma das maiores construtoras da Turquia. Ele é arquiteto e designer, trabalha na empresa com os pais e tem sua própria empresa...