CAPÍTULO V - EMPREGO NOVO

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Depois de Lilian dar seu endereço e telefone e deixar um beijo no ar, Priscila chegou em casa sozinha.

Abriu a porta com cuidado, agradeceu muito que a mãe já estava dormindo e foi direto para o chuveiro, ainda digerindo tudo o que aconteceu. Primeiro, saiu de seus empregos e agora era a dupla de Lilian Duarte.

Não a conhecia antes de a ver, mas agora a via em todo lugar. Sua voz no rádio, seu rosto nas revistas, seu carisma na televisão, era uma realmente uma boa garota propaganda.

Quando se deitou na cama de cabelos molhados e camiseta furada, dormiu rapidamente, ansiosa para o dia seguinte. Lilian disse que ia a matricular em um curso de corte e costura, vai ser bom, por mais que Priscila já soubesse o básico e conseguisse adiantar algumas coisas.

Seu corpo se arrepiou inteiro lembrando dos sorrisos que Lilian lançava, se perguntando como era possível alguém esbanjar carisma e simpatia, devia parecer uma velha rabugenta ao seu lado. Achava seu sorriso lindo, dentes bem alinhados que se diferenciam dos seus quadrados, queria ter um assim algum dia.

Quando acordou no dia seguinte, sua mãe continuava a dormir, então foi melhor assim. Se levantou, suspirando aliviada.

Fez todo seu processo matinal e deixou o café da velha pronto, saindo depressa pela porta. Não usava uniforme, então vestia um simples jeans e uma blusa larga, odiava coisas grudadas em seu corpo.

Andou por poucos minutos com a cabeça em outro lugar, admitia que estava um pouco ansiosa com a ideia de ser uma estilista, estava cheia de ideias, aspirando sonhos. Não sabia bem o que Lilian queria, mas ela parecia ser uma garota legal que era tão criativa quando Pri.

Ao chegar na escola, mesma rotina de sempre, olhar baixo e fingir que não vê ou ouve outras pessoas, principalmente Jade.

Porra, como odiava aquela menina.

Jade e companhia eram as meninas ditas populares na escola. Burras e com peitos e bundas enormes, cintura fina e um cabelo nas costas, gostavam de ser maldosas e fofoqueiras, além de implicar com uma garota com sérios problemas de autoestima e de óculos quadrados (só os usava na escola).

Elas não eram maldosas como americanas, eram maldosas como brasileiras, isso era muito pior. Assim que entrou na sala já sentiu os olhares sobre si, seria um dia muito ruim.

- Deu uma engordadinha, Pri! – Jade falou mais alto, um pouco de longe.

Priscila se fechou mais contra sua pasta que segurava na mão, tentando colocar na cabeça que não tinha engordado nem sequer uma grama, inclusive perdeu peso. Logo, a culpa da comida de ontem bateu, não deveria ter comido aquilo.

Será que tinha engordado mesmo? Não importa agora, se sentou, ignorando a colega. Quando viram que ficou magoada, soltaram um risinho e caminharam até sua carteira, que não estava tão distante.

- Fica calma, Pri. – Maria tocou seu cabelo com a ponta dos dedos, com uma falsa empatia – Você está magrinha, igual sua mãe. – Isso só serviu para ela se fechar ainda mais, sabendo que era a única forma de ficar sozinha.

Riram mais um pouco e fizeram mais uma porção de comentários maldosos sobre sua mãe e sobre seu corpo e personalidade, mas foram embora quando decidiram que era conveniente.

COSMOS E CHAOS - Uma história sobre amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora