COSMOS E CHAOS - Uma história sobre amor.

CAPÍTULO IX - RASCUNHOS FINAIS

-  Lilian, nem enche a cabeça com isso. - Elisa, uma amiga próxima de Lilian, aconselhou – Tipo, ela tem que ir na sua casa hoje de um jeito ou de outro, né? Ela trabalha lá. - Penteava os cabelos no banheiro do vestiário, enquanto Lili tirava o short de educação física, os trocando pela saia plissada do uniforme.

- Ai Lis, sei lá. - Alisou a veste, refazendo seu rabo de cavalo obrigatório - Não queria ter chateado ela, entende?

- Todo mundo chateia alguém um dia. - Deu de ombros, saindo do vestiário e indo para a sala de aula – Ainda mais você.

- Obrigada pela parte que me toca. - Ironizou, a morena revirou os olhos com um sorriso.

- Não é isso, você sabe que você é impulsiva.  - As duas tinham uma história longa de amizade juntas, por mais que ultimamente tenham se afastado – E outra, ela tá certa, você mal a conhece.

- Não sei por que eu inventei de falar com você, viu. - Chegaram na sala e se sentaram, Lilian ao lado de Gabriel e Lis ao lado de Rafael, seu namorado.

É engraçado ver os dois depois da loira ter sido amante apenas para “suprir a curiosidade”, mas ficam bonitos juntos, é inegável.

Lis era linda, tinha um corpo cheio de curvas e não se importava com as coxas grossas ou a barriga marcando na saia, além dos cabelos crespos e cheios e a pele escura, entrando em contraste com Rafael. Ele era muito bonito também, não fazia o uso de hormônios ainda, mas pretendia em algum momento.

Durante a aula, Lilian não conseguia tirar a cabeça de Priscila. Na verdade, não conseguia desde a manhã do dia anterior. Na verdade mesmo, não sabia há quanto tem pensado nela sem parar.

Mas bem, a aula acabou e ela foi embora sem olhar para trás, chegando até o carro de Ângelo, que também parecia um pouco esquisito com ela.

- Oi. - Cumprimentou, só se sentando, sem o ritual de toda tarde.

- E aí? - Perguntou, fumando um cigarro. Não esperava uma resposta, só esperava ir para casa.

O silêncio não era desconfortável, mas sim um clima estranho que pairava no ar, até o rádio estava desligado. Lilian sempre magoou muitas pessoas sem nem pensar, por que agora estava tão mexida?

E era ainda pior porque não fazia ideia de qual foi seu erro, logo pediria desculpas pelo que, exatamente?

Vislumbrou o primo, que parecia viajar nos próprios pensamentos, que Lilian sabia onde estavam, já que estava com um sorrisinho no rosto.

Olha, se ele estava apaixonado por Theo ela não sabia, mas conhecia o primo o suficiente para saber que tem caroço nesse angu. Talvez fosse apenas um amigo de fato, mas Ângelo sempre odiou ter contato com outras pessoas, quem dirá leva-las à sua casa!

Enquanto isso, Priscila recebeu diversas perguntas sobre a “visitinha” do dia anterior, se Ângelo era seu namorado, como ela e Lilian se conheceram, e o porquê de ela ser tão agressiva com Jade.

Ignorou quase tudo, colocou fones de ouvido e se deixou viajar. Não queria conversar, não queria pensar em Lilian, não queria ver ela.

Passou o dia todo rascunhando, tinha mais de vinte vestidos e outras peças, enquanto torcia para Maitê, empresária de Lilian, estar cuidando direito do marketing.

Odiou os olhares que recebeu hoje, os burburinhos em todo corredor que ela passava, isso só a lembrava do porquê estava com tanta raiva.

Miguel, um menino da sua sala, pediu o número de Lili. Ele só poderia estar doido, Pri lançou um olhar tão fuzilante para ele que o mesmo se encolheu. Por que aquele Zé ninguém tinha interesse em conversar com a sua amiga?