CAPÍTULO XXXVII - BEM-VINDA, LILIAN

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- Não acredito que você vai embora hoje, Lilian. - Sue reclamou, enquanto ajudava a amiga a arrumar suas coisas, que triplicaram desde que chegou na Itália. - Acho que sua taxa de bagagem vai ser milionária. - Riu, mesmo sem muita graça.

- Você sabe que logo menos eu volto, Sue. - Tranquilizou, com um sorriso amargo no rosto - E vou adorar te receber no Brasil também, você vai adorar o Theo e meus outros amigos.

- E a sua ex-namorada? - Perguntou, a fim de saber como a amiga lidaria com a vivência diária com Priscila.

- Nem me fala dela. - Revirou os olhos - Só não mando ela ir embora da minha casa porque é uma pobre coitada, não tem onde cair morta. - Ofendeu, depois fechou a última mala.

- Isso não se fala de alguém que ama. - Repreendeu.

- E o que ela fez comigo não se faz! - Retrucou, um pouco chateada - E o Ângelo pior ainda, ele é meu irmão.

- Pensei que era seu primo. - Franziu o cenho, sem entender direito a expressão. De fato, algumas gírias e expressões eram exclusivamente brasileiras, o italiano as estragava.

- E ele é o meu primo, Sue. - Explicou - Mas é como um irmão para mim, assim como você. - Ela sorriu de canto, feliz.

- Você também é, "Lica". - Fez aspas com os dedos, com o apelido de Lilian saindo carregado de sotaque - Vocês, brasileiros, gostam de abreviar tudo.

- É o nosso jeitinho. - Riram - Mas enfim, já está tudo pronto.

- Pois é... - Tombou a cabeça para o lado - Acho que você foi a melhor colega de quarto que eu já tive desde que comecei a estudar aqui.

- Esse colégio não costuma receber pessoas muito boas, então. - Admitiu, mesmo que brincando.

- Aceita um elogio, Lilian! - Deu um tapa amigável em seu ombro, depois a abraçou com muito carinho - Obrigada.

- Ei, ainda não estamos nos despedindo, vamos deixar para chorar no aeroporto, tenha certeza que passou um rímel à prova d'água! - Riram, então concordaram em começar a choradeira só em sua devida hora.

Depois de irem até o aeroporto e Lilian chorar até seu sangue para fora, ela entrou no avião e partiu para sua casa. Florença foi uma experiência mais do que especial e necessária, foi seu sonho se materializando entre seus dedos.

O avião estava lotado, diferente da ida. Não sabia o que tantos italianos estavam indo fazer em São Paulo, uma cidade nada igual Florença.

Ainda faltavam horas longas de viagem, porém seu estômago já se apertava apenas em pensar que, daqui um tempo, Priscila estaria bem em sua frente.

Não queria deixar a Itália, não queria deixar Sue, não queria deixar o internato, não queria deixar nada disso para trás. Era como uma nova vida, com uma nova família e novas oportunidades.

Chegou no Brasil e assim que colocou os pés para fora do avião, já começaram flashes incessantes em sua direção. Não fugiu deles, mas os ignorou com classe e foi embora em um belo veículo particular e discreto.

Não estava nada pronta para chegar em casa, mas quando foi que esteve pronta para algo?

Quando chegou na porta da mansão, ela estava brilhando com luzes sendo atiradas para todos os lados e música alta tocando para toda a vizinhança.

Bateu a mão no próprio rosto, não era possível que estava acontecendo uma festa justo naquele dia. Ficou tentando pensar se tinha perdido alguma data especial, mas todos os aniversários já tinham passado e não era feriado algum no Brasil.

COSMOS E CHAOS - Uma história sobre amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora