Ângelo acordou mortalmente atordoado no dia seguinte, o fato do dia anterior o rodeava feito um fantasma.Sua cabeça doía, nunca soube que culpa e vergonha poderiam ser tão físicas quando naquele momento. Tomou um remédio, que é a única coisa que poderia ajudar, e se ajeitou para viver o dia a contragosto.
Era cedo ainda, uma manhã de domingo entediante, feia e nublada. Tomou seu banho e escovou os dentes, vendo que seu corpo estava ficando bem torneado novamente, coisa que perdeu por alguns meses após seu término.
Se repreendeu ao perceber que o primeiro pensamento racional de seu dia foi seu ex-namorado.
Se vestiu, calçou um par de chinelos e desceu as escadas, não esperando ninguém acordado naquele momento.
Mas lá estava Priscila, sentada no sofá com uma cara nada boa, assistindo o programa matinal de Kátia.
Kátia costumava apresentar seu programa durante as noites de quinta, mas aparentemente foi promovida para "a tia da manhã".
- Bom dia, Pri. - Desejou, ainda bocejando.
- Não está nada bom. - Batucou os dedos na caneca, sem desgrudar os olhos da televisão.
Ângelo, após a resposta seca, começou a prestar atenção no que Kátia dizia, e era sobre o encontro dos dois.
Suas bochechas começaram a ficar quentes após ver que todos sabiam, os viram juntos e tiraram fotos deles.
- Desliga essa merda. - Exigiu, e Pri obedeceu, então os dois passaram a se encarar com vergonha.
- O que nós fazemos? - Perguntou, tomando um gole de café.
- Não tem mais o que fazer. - Bufou e passou a mão pelo rosto, o nervosismo tomava conta de si em poucos segundos - Só não vamos fazer de novo.
- Não, não mesmo. - Concordou - Com todo respeito, eu odiei. - Eles riram um pouco.
- É, eu também. - Comprimiu os lábios - Mas eu estou falando sério, Pri, não vamos fazer isso nunca mais.
- Tudo bem, não vamos. - Assentiu - Nunca mais, de jeito nenhum, em nenhuma circunstância.
E, caro leitor, eles fizeram novamente.
O mês de setembro correu como água, que foi quando os dois simplesmente decidiram que estavam pouco se fodendo para as notícias e continuariam saindo juntos.
Definiram que estavam juntos, o que era engraçado, já que eles nunca se beijavam ou se tocavam de outra forma, sequer se viam de outra maneira.
Decidiram isso porque, após uma pequena análise, perceberam que eram tratados muito melhor por todo mundo ao serem, ou parecerem, um casal.
Sem assédios, sem especulações, sem dúvidas, sem perguntas constrangedoras, sem burburinhos, apenas uma certeza absoluta. Ângelo e Priscila eram namorados, e essa decisão foi tomada para fins midiáticos.
Não faziam nada que um casal fazia além de trocarem um beijo aqui ou ali, mas nunca em seus momentos privados.
Adoravam passar tempo sozinhos em casa, mas nem ameaçando supor algo romântico.
Os dois sabiam que aquilo não era de verdade, e que um enganava o outro o tempo todo, mas decidiram varrer isso para debaixo dos panos e deixar para lá.
Que diferença fazia, afinal de contas? Eles se tratavam bem e gostavam da companhia um do outro, viam vários filmes e tinham várias conversas legais.
E mais, Ângelo gosta de imaginar como Theo se sente vendo os dois nas revistas todos os dias, se sequer visse.
Theo, por sua vez, lia todas as matérias e não estava gostando nada do que via.
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COSMOS E CHAOS - Uma história sobre amor.
Ficção Adolescente!EM HIATO! +16 Cosmos, definição grega de perfeição, de que tudo está onde deveria estar, funcionando em seus eixos. Você nasce com um propósito, só então encontra seu lugar no Cosmos. Lilian, uma modelo teen na virada do milênio, achou seu lugar no...