CAPÍTULO XXX - ANO NOVO

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2000 durou anos, a vida de Priscila virou de ponta cabeça em questão de meses, mas isso não era algo ruim.

A mansão Duarte estava lotada, fogos de artifício esperavam ansiosamente explodir nos céus, a festa estava linda. Era por volta de dez e meia quando Pri observava a festa.

Comidas deliciosas, decoração colorida e brilhante, música boa e bastante gente, um clássico das festas de Kátia.

Pri buscava por Ângelo, estava preocupada com o amigo, que andava para baixo há dias. Ela não sabia que ele não tinha planos de sair do quarto naquela noite.

- Qual calcinha você está usando? - Lilian chegou atrás da amiga do nada e perguntou, causando um susto na mesma.

- Quer me matar, por acaso? - Colocou a mão no peito, brincando - Não sei, acho que rosa.

- Rosa, é? - Sorriu - Tá procurando um namorado?

- Sai fora, Lili. - A deu um tapinha, rindo - Você sabe que não.

- Eu estou com uma calcinha azul, preciso de tranquilidade na minha vida. - Passou um dos braços pelos ombros de Pri, que sorriu e segurou sua mão.

Estava cada dia mais difícil negar para si mesma que estava gostando mesmo de Lilian. Era cansativo se policiar o tempo todo, porque necessitava de seus lábios e de sua atenção sempre.

Lilian estava apaixonada por Priscila, mas era muito boa disfarçando, até para si. Como não se apaixonar por aquele jeitinho adorável e rostinho lindo?

Em tantos momentos quiseram admitir isso para a outra, mas nunca tomavam coragem, porque tinham medo de perderem sua amizade.

Lilian era tudo o que Priscila tinha, sem ela era um nada, e isso era um pouco depressivo.

Lili foi fazer outra coisa na festa e deixou Pri pensando consigo mesma. Não tinha mais nada...

Não podia estar apaixonada por Lilian, porque ela era sua família inteira. Tudo o que a restou, porque o resto foi tirado dela.

No começo desse mesmo ano, era uma mera garçonete que trabalhava por doze horas por dia, chegava em casa de madrugada e cuidava da mãe doente, não tinha um tostão no bolso e mal tinha tempo para pensar no amor.

Mas então, como um anjo, Lilian veio.

Agora ela trabalhava com o que amava, sempre em casa e sem precisar tomar conta de ninguém ou ser humilhada, saindo da miséria e sendo uma das pessoas mais ricas do Brasil e pensando muito sobre o que sentia em relação a sua melhor amiga.

Porra, Priscila estava perdidamente apaixonada por Lilian e não sabia como lidar com isso.

Pri subiu para o ateliê, a fim de ficar um tempinho a sós, precisava de apenas sua companhia para colocar os pensamentos no lugar.

Lilian a irritava tanto, a deixava louca de ódio porque não era e talvez nunca seja dela. Isso sim a deixa puta da vida.

Lilian Duarte e aqueles vestidos bonitos, Lilian Duarte e sua risada exagerada, Lilian Duarte e aquele maldito jeito louco, cativante e magnético! Priscila amaldiçoava a loira por todos os cantos de sua mente.

Fechou a porta e se sentou, pensando no que fazer com aquele sentimento que a comia viva. A princípio, nada poderia ser feito.

Se perguntava todos os dias se sua melhor amiga estava flertando ou só era muito doce e simpática, e isso a deixava confusa.

Por que ela não podia simplesmente ser direta igual Malu? Ia dar muito menos trabalho.

Não percebeu quanto tempo ficou ali sozinha, apenas olhando para o nada e pensando em sua própria vida, refletindo coisas que estava evitando pensar há meses. Só sabe que, em um determinado momento, tirou o vestido que a pinicava e pegou um par de roupas suas que estava jogado na cadeira do ateliê.

COSMOS E CHAOS - Uma história sobre amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora