COSMOS E CHAOS - Uma história sobre amor.

CAPÍTULO XXXVIII - INVASÃO DOMICILIAR

E, em um piscar de olhos, já era dezembro mais uma vez.

Dezembro era um mês traumático para Ângelo, trazia uma nostalgia negativa, e o sentimento de nunca conseguir se recuperar do que aconteceu.

Clara e Lucas estavam no Brasil para o natal, as casas já estavam decoradas e algumas famílias já tinham descido para o litoral.

Ângelo, quando mais novo, costumava amar o natal. Agora não o anima mais, porque era um homem crescido, mais perto dos trinta do que dos dez.

Esse fim de ano estava ainda pior do que o outro, pelo menos nessa data ainda estava nos seus últimos dias com Theo e Lilian ainda não estava o ignorando.

Isso era uma fase, não tinha como ela simplesmente ignorá-lo para sempre, já Theo podia e fazia exatamente isso.

- Por que você tá com essa cara? - Clara perguntou, bebericando sua cerveja. Os três estavam bebendo e fumando do lado de fora da casa de Ângelo, essa mistura não estava fazendo bem para sua cabeça ou estômago.

- Tô enjoado. - Reclamou, vendo que secou várias garrafas de bebida sozinho - E meio triste, acho dezembro um mês melancólico.

- Melancólico? - Lucas franziu a sobrancelha - Você não amava dezembro?

- Amava. - Sorriu de canto, bebendo mais, sem se importar com a ressaca que o visitaria na manhã seguinte.

Lucas e Clara eram namorados há anos, talvez três ou quatro anos, Ângelo não se lembra. Ele os ama e fica feliz que acharam felicidade um no outro, mas é inegável a sua inveja.

Ângelo sente tanta falta de Theo, e talvez chapado isso seja mais fácil de admitir, porque arranha sua garganta. Não é mentira, pensa nele todos os dias durante o dia todo há quase dois anos.

Já passou por várias fases após o término, o luto do começo, a raiva fumegante, a indiferença, mas nunca deixou de amá-lo ou de ser apaixonado por ele.

Theo fazia tanta falta. Sua ausência deixou um vazio irreparável, um buraco que nunca vai se consertar, uma proeza que só um primeiro amor pode fazer com alguém.

- Ângelo, fala logo o que foi! - Clara ordenou, não engolindo sua história de estar enjoado.

- Não é nada, é um pouco engraçado, na verdade. - Riu nasalmente - Mas acho que vocês não entenderiam, vocês se amam.

- Quem partiu seu coraçãozinho? - Lucas ironizou, porém de forma consoladora.

- Ano passado, nessa data, eu estava tomando um pé na bunda. - Se sentia bobo falando algo assim, tão fútil - Eu amei essa pessoa com todo meu coração, mas ela nunca me amou de volta.

- É o seu amigo ruivo, né? - Clara perguntou , então Ângelo se engasgou com o vento e começou a dar uma risada histérica.

- O que? - Ria de nervoso, o casal cruzou um olhar cético e esperou o pânico do amigo passar - Theo era meu amigo, meu melhor amigo.

- Aham. - Lucas arrastou - Tá tudo bem ser viado, cara, a gente sabe faz anos.

- Como assim "sabem faz anos"? - Fez aspas com os dedos - Eu nunca dei indícios.

- Então Theo era seu namorado?! - Clara reforçou, com os olhos brilhando.

- Sim, era. - Após uma pausa hesitante, respondeu com cautela - Ficamos poucos meses juntos.

- Você me deve vinte dólares. - Ela piscou para o namorado, que bufou.

- Espera, estavam fazendo apostas sobre isso? - Franziu o rosto.