CAPÍTULO XX - E AGORA?

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- Sabia que McDonalds é feito de minhoca? - Theo soltou aleatoriamente, enquanto degustava um delicioso Big Mac sem sequer pensar nas minhocas.

- Ah sim, a franquia McDonalds é de minhoca? - Ângelo perguntou, cutucando o parceiro.

- Não, imbecil. - Franziu o cenho, falando de boca cheia - O hambúrguer é de minhoca, a carne e tal.

- Por isso você gosta tanto, né? - Brincou, fazendo uma carinha maliciosa.

- E você não gosta não? - Olhou para o Big Tasty de Ângelo, depois para seus olhos.

- Não sei se gosto mais de McDonalds ou de Burguer King. - Brincou, se desviando da pergunta - Mas como você sabe disso?

- O louco do ponto de ônibus que me contou. - Admitiu, derrubando um pouco de molho no banco, se desesperando imediatamente - Puta que pariu, me desculpa!

- Calma Theo, calma. - O acalmou, pegando um papel e limpando o molho, que por sorte não deixou mancha alguma - Louco. - Beijou sua bochecha, que foi recebida com risinhos felizes - Olha, exagerado igual você. - Apontou para o rádio, que tocava Exagerado, do Cazuza.

Theo adorava essa música, era o maior fã de Cazuza, então vibrava ao cantar como se estivesse em um palco para Ângelo, que aproveitava a performance e, por vezes, cantava junto.

Depois, veio I don't wanna miss a thing do Aerosmith, e Ângelo cantou aquela música olhando nos olhos verdes e brilhantes de Theo, não desviando por sequer um segundo de seu rosto.

- Eu escuto essa música e penso em você. - Ângelo deixou escapar, e imediatamente se arrependeu do que disse, com medo da reação do outro.

- Ah, nossa... - Deu um sorriso um pouco confuso, mas ele estava feliz, sentiu algo bom dentro de si ao saber isso - Eu ouço Exagerado e me lembro de você, também.

- Sério? - Arqueou as duas sobrancelhas, com os lábios comprimidos em um sorriso, o ruivo assentiu com a cabeça.

- Aham. - Selou seus lábios nos de Ângelo num selinho demorado, que fez os dois vibrarem. Não sabiam direito o porquê, mas cada toque parecia elétrico quando vinha do outro - Agora deixa eu terminar meu lanche, você está me atrapalhando.

- Tô te segurando? - Retrucou, erguendo as duas mãos para o alto.

- Bem que poderia, mas né? - Devolveu, usando a mesma malícia de Ângelo.

- Fica quieto e come aí, menino. - O deu um tapa fraco no ombro, depois riu.

Ângelo ficou quieto depois daquilo, refletindo sobre o que disse e o que estava acontecendo com sua cabeça em silêncio. Ele pensava em Theo todos os dias, o dia todo, e isso nunca aconteceu.

Queria estar com Theo onde quer que fosse, queria o contar tudo o que aconteceu em seu dia ou até em sua vida, queria liga-lo de madrugada, queria falar que estava louco por ele e não sabia por quanto tempo ia aguentar manter isso contido isso na garganta. Estava apaixonado, loucamente apaixonado e estava tentando abafar isso para todos, até para si mesmo.

No início, pensou que era uma amizade forte com um quê de atração sexual, mas não é nada disso, isso não faz mais sentido a partir do momento em que não suporta ouvir sobre outros caras ou que sua vida não faz mais sentido se você não pertence completamente à seu amante.

Theo não estava muito diferente, e estava puxando os cabelos por conta disso. Não gostava de se apaixonar, nem de pensar nisso, e sabia que quebraria a cara ao se apaixonar por Ângelo.

Mas ele é diferente, ele o abraça forte e lento, o liga quase todas as noites e sai com ele quase todos os dias. O trata espetacularmente bem, o leva para comer só para ficar mais tempo com ele, muitas vezes passam mais tempo conversando do que trocando beijos de fato.

Está em colapso, seu coração não deveria bater assim tão forte por ele, mas bate. No seu peito de entala um "eu amo você" tão grande que, de vez em quando, mal consegue se alimentar com ele atrapalhando o espaço.

Os dois estão apaixonados, mas um dos princípios de toda essa história era não se apaixonar, então por medo de perder um ao outro negam isso até a morte, ou até perderem os sentimentos.

Theo simplesmente apagou o contato de todos os outros caras que conversava, Ângelo chegou a bloquear as meninas que já teve algum tipo de relação romântica porque não queria saber delas, queria saber de uma única pessoa.

- Theo... - Se virou para o ruivo, os dois estavam com o mesmo olhar medroso, pensando na mesma coisa - Eu gosto muito de você, muito.

- Eu também gosto muito de você. - Acariciou a bochecha com a barba que começava a espetar a mão de Theo - Mais do que você pensa.

- Não, eu definitivamente penso. - Colocou a mão por cima da de Theo, e o aproximou pela nuca - Eu penso sobre o que você pensa de mim o tempo todo.

- Eu também penso, Ângelo. - Sentiu seu coração parar por alguns instantes - É bom saber que você gosta bastante de mim.

- Eu digo o mesmo, é bom saber. - Sorriu fraco, Theo se mexia por inteiro quando ele sorria. O ruivo odiava seu sorriso de câmeras, preferia assim, quando suas camadas e camadas protetoras estavam em casa e Ângelo não era "Ângelo Albuquerque", era um cara que fazia direito na faculdade e gostava de rock, só.

Era aquele Ângelo que fez ele se apaixonar, o Ângelo que ama cinema, que rói as unhas da mão, que ama animais, que sabe fazer pizza, que reclama de problemas cotidianos, não o Ângelo que a maioria das pessoas se apaixona, o que é a maior notícia da revista. Não, esse cara sequer existe para Theo, depois que conheceu Ângelo de verdade, ele sabe disso.

Já Ângelo, era apaixonado pelo Theo por completo, em cada uma das suas versões, porque sabe que sua beleza está em cada parte que o molda, por mais que ele consiga ser tão ácido quanto o moreno, até mais.

A paixão os engolia e deixava aquele carro pequeno demais, e ela só iria embora quando explodisse, pois dificilmente passaria.

COSMOS E CHAOS - Uma história sobre amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora