CAPÍTULO XXXIV - AEROPORTO

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Primeiro dia de agosto de 2001, ou também o dia que Priscila lembra por ser um dos mais agoniantes de sua vida toda.

Ângelo e Priscila estavam levando Lilian para o Aeroporto de Guarulhos, para que ela pegasse seu vôo em direção à Itália, mais especificamente Florença.

O porta-malas do carro estava pesado, por mais que Lilian estivesse levando o mínimo possível de coisas. Mas nada era mais pesado do que o clima naquele ambiente.

Lilian trocava mensagens de texto sem parar com Theo, que prometeu que iria se despedir. Disse que iria assim que Ângelo fosse embora.

Pri, por sua vez, apenas olhava pela janela, buscando algo que a tirasse da discussão do dia anterior, mas parecia que quanto mais tentava fugir, mais se afundava nas palavras amargas de Lilian.

Já Ângelo apenas dirigia em completo silêncio, perdido em seus próprios devaneios, tentando conter sua curiosidade apenas para si. Ele sabia que tinha algo errado, afinal não era idiota, mas sabia também que não era o momento de perguntar.

Talvez quando estivesse sozinho com Pri, o que aconteceria pelos próximos cinco longos meses, perguntasse o que aconteceu.

A casa sem Lilian ficaria vazia e incolor.

Ao chegarem, Ângelo estacionou e ajudou Lilian com suas coisas, assim como Pri. Andaram até o portão de embarque com cabeças baixas, tentando não cruzar o olhar com ninguém conhecido ou que os conhecessem.

Por sorte, a parte de vôos internacionais do aeroporto estava vazia, ninguém pensa em viajar para a Itália em uma quarta-feira cheia de ventania.

Os três se sentaram em um sofá e ficaram trocando olhares por alguns segundos.

Até que um rapaz de cabelos ruivos muito reconhecido por Ângelo cruzou a catraca com um sorriso contagiante no rosto, que desmoronou assim que seus olhos tão verdes se esbarraram nos azuis do ex namorado.

Ângelo congelou, não conseguia sequer se mover ao vê-lo novamente depois de sete meses distante.

Theo estava diferente, tinha algumas mechas loiras no cabelo mais crescido, trocou a armação dos óculos, fez um piercing no canto da boca e estava com um semblante mais leve.

Como ele pode estar tão feliz e Ângelo estar tão destruído?

Mas naquele instante, o coração de Theo se acelerou em desespero, não esperava o encontrar ali. Ele estava mais magro, o cabelo raspado e o cavanhaque crescendo, uma tatuagem no braço, porém não estava nada feio.

Ângelo só conseguia pensar o quão lindo Theo estava naquela blusa lilás e macacão jeans.

- Theo! - Lilian se levantou e abraçou o amigo, que a abraçou de volta.

- Oi, Lilian. - Sorriu, mas chegou bem perto de seu ouvido - Sua puta, você mentiu para mim.

- Sim. - Piscou com um olho só, fazendo o ruivo bufar - Vem cumprimentar eles. - O puxou para mais próximo de Pri e Ângelo.

- Oi Theo, tava sumido. - Pri sorriu terna, e ele se forçou a sorrir de volta, a dando um abraço torto.

- É, tô meio ocupado. - Riu sem graça - Ângelo. - Murmurou.

- Theo. - Murmurou de volta, acenando com a cabeça, evitando cruzar seu olhar com o dele novamente.

Theo se arrepende a cada segundo mais de sua decisão idiota, mas ao mesmo tempo ainda sente que foi o melhor.

Ângelo acreditava de corpo e alma ter superado o relacionamento, mas descobriu que não, porque pessoas superadas não se sentem daquele jeito.

- Então... - Arrastou, constrangido - Eu só vim me despedir de você, Lilian. - Sorriu fraco, abraçando a amiga - Eu te amo muito, vê se toma cuidado lá fora.

COSMOS E CHAOS - Uma história sobre amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora