Ângelo estava ansioso para ver Theo naquela noite, mas mais do que o normal. Era dezembro, comemoravam seu terceiro mês juntos e o garoto nunca esteve tão feliz.Theo era tudo para ele, a sua vida e morte, o garoto que deu cores para sua vida e agora tudo fazia o mais puro sentido, simplesmente por seu namorado estar lá.
Ângelo estava decidido que não importava o que acontecesse, queria que todos soubessem que estava apaixonado e quem era, o mundo merecia conhecer Theo.
Já na cabeça que proporia a exposição para o namorado, subiu os lances de escadas com um pequeno presente, duas alianças de verdade.
Talvez estivesse tendo um surto, mas era nesses momentos em que cometia os maiores acertos de toda a sua vida.
- Amorzinho, cheguei. - Disse, abrindo a porta sem bater, vendo Theo sentado no sofá com cara de paisagem.
- Ângelo, nós precisamos conversar. - O ruivo engoliu seco, ainda sem coragem de subir o olhar para o namorado - Me desculpa, me desculpa mesmo.
Ângelo não sabia o que ele tinha feito, mas sabia que seu coração se quebrou em mil pedacinhos só com aquele pedido de desculpas.
- O que aconteceu? - Ele se sentou no sofá, mas não tocou em Theo, amedrontado com o que vinha a seguir. Ângelo era forte, ao menos costumava ser, mas cada pancada que levava por esse relacionamento o matava aos poucos.
- Eu não acho que deveríamos estar em um relacionamento. - O outro abriu a boca para argumentar, mas foi interrompido - Nós dois não combinamos.
-...O que? - Murmurou, confuso.
- Eu não sei se era isso que eu queria, eu não sou garoto para namorar. - Se virou, finalmente tomando coragem e olhando para Ângelo - Você é um menino incrível, Ângelo, merece alguém que goste de você e cuide de você.
- M-mas você faz isso. - Gaguejou, sentindo dor ao falar. Não estava esperando isso para àquela noite.
- Não, eu não faço isso. - Tocou seu rosto e o acariciou - Você merece alguém que queira casar e ter a filha que você tanto quer, e não é meu sonho, eu nem quero ficar aqui.
- M-mas... - Foi novamente interrompido.
- Não faça as coisas serem mais difíceis do que são, Ângelo. - Pediu, com os olhos vazios.
- Mas eu nem disse nada. - Abaixou a cabeça, fungando, porém sem chorar. Theo passou a mão em seu cabelo, e Ângelo não se afastou, porém não queria aquele toque - Eu não entendo, só isso.
- Um dia você vai entender. - Sorriu sem humor - Alguém tinha que ser o primeiro amor que parte seu coração.
- Não tinha que ser assim. - Levantou o olhar novamente - Por que você fez isso comigo?
Theo esperava que Ângelo ficasse bravo, mas agora ele apenas se sentia desprotegido e frágil, quebrado, com dor.
- Eu só estou terminando com você porque você é a pessoa que eu quero proteger. - O puxou para um abraço, e Ângelo desmontou-se em seu ombro - Você não precisa chorar, amor.
- Você não entende. - Disse, entre soluços - Eu te amo mais do que tudo, eu me entreguei inteiro para você.
- Eu entendo. - Engoliu seco, sentindo a culpa em seus ombros - Me desculpa, mesmo.
- Tudo bem, não é culpa sua. - Se levantou, secando os olhos - Eu sou o problema.
- Ei, não é isso! - Defendeu - O problema não é você.
- Eu não fui um bom namorado? - Tocou o próprio peito, se recusando a entender.
- Você foi um namorado incrível, e eu não te mereço. - Disse.
- A gente pode continuar sendo amigos? Você é meu melhor amigo, Theo. - Pediu, tocando seus ombros.
- Podemos sim, Ângelo. - Respondeu, mesmo desacreditando disso, depois de todos os momentos.
- Eu comprei um presente para você. - Entregou a caixinha com duas alianças lindas - São suas, faz o que quiser com elas. - Theo ficou sem palavras, olhando para os anéis com surpresa - Bem, eu vou embora, se cuida. - Beijou o topo de sua cabeça e saiu, sem esperar uma resposta de Theo.
Como isso foi acontecer? Por que com ele? O que ele fez de tão mal?
Sabe que não é a melhor pessoa do mundo, porém não era tão ruim assim. Deu seu máximo por Theo, fez tudo o que podia e não podia por ele, por que acabou?
Acabou para sempre? Porque a dor que está sentindo parece eterna, e sente que não vai sequer aliviar.
Como deixou um garoto como Theo escapar de seus dedos?
Se controlou e dirigiu até sua casa, entrou pelos fundos para que ninguém o visse com a cara inchada e molhada e foi para o quarto de Lilian, antes secou o rosto.
- Lica, tá aí? - Perguntou, batendo de leve na porta. Sua voz, que já era rouca, estava ainda mais do que o normal.
- Tô sim. - Abriu a porta, preocupada com o primo - O que aconteceu?
- Você tem remédios para dormir? - Perguntou, se desviando da pergunta. Não era de ingerir remédios, mas sabia que não iria dormir sem eles naquela noite maldita.
- Tenho Zolpidem e Alprazolam, qual você quer? - Aceitou que Ângelo não a diria nada, mas sabia que era algo sobre Theo.
- Os dois. - A loira buscou e entregou alguns comprimidos para o rapaz - Valeu.
- Por nada. - Fechou a porta, então Ângelo foi até seu quarto e engoliu os dois remédios e, sem lutar contra o sono, apagou.
Porém, infelizmente, o dia seguinte sempre chega.
Dizem que o pior momento após um término é a manhã do dia seguinte, e Ângelo confirmava isso. Não sentiu seu calor, porém sentia seu cheiro em seus lençóis.
Sua cabeça latejava de dor e desespero, seu corpo todo estava dolorido, enquanto só conseguia se perguntar o motivo disso tudo.
Theo o tinha por inteiro, agora não pertencia a ninguém novamente, e isso era o sentimento mais vazio que já passou. Ângelo esperava que tivessem ligações ou mensagens de seu agora ex namorado, mas não tinha nada, sequer um sinal.
Ângelo se levantou e tomou um banho, sentindo que talvez assim se sentisse mais limpo, porque se sentia imundo após o término. Depois foi treinar e, mesmo forçado, foi comer.
A vida não pode parar, por mais que não houvesse nenhuma vontade de ser vivida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
COSMOS E CHAOS - Uma história sobre amor.
Novela Juvenil!EM HIATO! +16 Cosmos, definição grega de perfeição, de que tudo está onde deveria estar, funcionando em seus eixos. Você nasce com um propósito, só então encontra seu lugar no Cosmos. Lilian, uma modelo teen na virada do milênio, achou seu lugar no...