CAPÍTULO XXIX - TUDO O QUE ME TINHA

3 0 0
                                    


Ângelo estava ansioso para ver Theo naquela noite, mas mais do que o normal. Era dezembro, comemoravam seu terceiro mês juntos e o garoto nunca esteve tão feliz.

Theo era tudo para ele, a sua vida e morte, o garoto que deu cores para sua vida e agora tudo fazia o mais puro sentido, simplesmente por seu namorado estar lá.

Ângelo estava decidido que não importava o que acontecesse, queria que todos soubessem que estava apaixonado e quem era, o mundo merecia conhecer Theo.

Já na cabeça que proporia a exposição para o namorado, subiu os lances de escadas com um pequeno presente, duas alianças de verdade.

Talvez estivesse tendo um surto, mas era nesses momentos em que cometia os maiores acertos de toda a sua vida.

- Amorzinho, cheguei. - Disse, abrindo a porta sem bater, vendo Theo sentado no sofá com cara de paisagem.

- Ângelo, nós precisamos conversar. - O ruivo engoliu seco, ainda sem coragem de subir o olhar para o namorado - Me desculpa, me desculpa mesmo.

Ângelo não sabia o que ele tinha feito, mas sabia que seu coração se quebrou em mil pedacinhos só com aquele pedido de desculpas.

- O que aconteceu? - Ele se sentou no sofá, mas não tocou em Theo, amedrontado com o que vinha a seguir. Ângelo era forte, ao menos costumava ser, mas cada pancada que levava por esse relacionamento o matava aos poucos.

- Eu não acho que deveríamos estar em um relacionamento. - O outro abriu a boca para argumentar, mas foi interrompido - Nós dois não combinamos.

-...O que? - Murmurou, confuso.

- Eu não sei se era isso que eu queria, eu não sou garoto para namorar. - Se virou, finalmente tomando coragem e olhando para Ângelo - Você é um menino incrível, Ângelo, merece alguém que goste de você e cuide de você.

- M-mas você faz isso. - Gaguejou, sentindo dor ao falar. Não estava esperando isso para àquela noite.

- Não, eu não faço isso. - Tocou seu rosto e o acariciou - Você merece alguém que queira casar e ter a filha que você tanto quer, e não é meu sonho, eu nem quero ficar aqui.

- M-mas... - Foi novamente interrompido.

- Não faça as coisas serem mais difíceis do que são, Ângelo. - Pediu, com os olhos vazios.

- Mas eu nem disse nada. - Abaixou a cabeça, fungando, porém sem chorar. Theo passou a mão em seu cabelo, e Ângelo não se afastou, porém não queria aquele toque - Eu não entendo, só isso.

- Um dia você vai entender. - Sorriu sem humor - Alguém tinha que ser o primeiro amor que parte seu coração.

- Não tinha que ser assim. - Levantou o olhar novamente - Por que você fez isso comigo?

Theo esperava que Ângelo ficasse bravo, mas agora ele apenas se sentia desprotegido e frágil, quebrado, com dor.

- Eu só estou terminando com você porque você é a pessoa que eu quero proteger. - O puxou para um abraço, e Ângelo desmontou-se em seu ombro - Você não precisa chorar, amor.

- Você não entende. - Disse, entre soluços - Eu te amo mais do que tudo, eu me entreguei inteiro para você.

- Eu entendo. - Engoliu seco, sentindo a culpa em seus ombros - Me desculpa, mesmo.

- Tudo bem, não é culpa sua. - Se levantou, secando os olhos - Eu sou o problema.

- Ei, não é isso! - Defendeu - O problema não é você.

- Eu não fui um bom namorado? - Tocou o próprio peito, se recusando a entender.

- Você foi um namorado incrível, e eu não te mereço. - Disse.

- A gente pode continuar sendo amigos? Você é meu melhor amigo, Theo. - Pediu, tocando seus ombros.

- Podemos sim, Ângelo. - Respondeu, mesmo desacreditando disso, depois de todos os momentos.

- Eu comprei um presente para você. - Entregou a caixinha com duas alianças lindas - São suas, faz o que quiser com elas. - Theo ficou sem palavras, olhando para os anéis com surpresa - Bem, eu vou embora, se cuida. - Beijou o topo de sua cabeça e saiu, sem esperar uma resposta de Theo.

Como isso foi acontecer? Por que com ele? O que ele fez de tão mal?

Sabe que não é a melhor pessoa do mundo, porém não era tão ruim assim. Deu seu máximo por Theo, fez tudo o que podia e não podia por ele, por que acabou?

Acabou para sempre? Porque a dor que está sentindo parece eterna, e sente que não vai sequer aliviar.

Como deixou um garoto como Theo escapar de seus dedos?

Se controlou e dirigiu até sua casa, entrou pelos fundos para que ninguém o visse com a cara inchada e molhada e foi para o quarto de Lilian, antes secou o rosto.

- Lica, tá aí? - Perguntou, batendo de leve na porta. Sua voz, que já era rouca, estava ainda mais do que o normal.

- Tô sim. - Abriu a porta, preocupada com o primo - O que aconteceu?

- Você tem remédios para dormir? - Perguntou, se desviando da pergunta. Não era de ingerir remédios, mas sabia que não iria dormir sem eles naquela noite maldita.

- Tenho Zolpidem e Alprazolam, qual você quer? - Aceitou que Ângelo não a diria nada, mas sabia que era algo sobre Theo.

- Os dois. - A loira buscou e entregou alguns comprimidos para o rapaz - Valeu.

- Por nada. - Fechou a porta, então Ângelo foi até seu quarto e engoliu os dois remédios e, sem lutar contra o sono, apagou.

Porém, infelizmente, o dia seguinte sempre chega.

Dizem que o pior momento após um término é a manhã do dia seguinte, e Ângelo confirmava isso. Não sentiu seu calor, porém sentia seu cheiro em seus lençóis.

Sua cabeça latejava de dor e desespero, seu corpo todo estava dolorido, enquanto só conseguia se perguntar o motivo disso tudo.

Theo o tinha por inteiro, agora não pertencia a ninguém novamente, e isso era o sentimento mais vazio que já passou. Ângelo esperava que tivessem ligações ou mensagens de seu agora ex namorado, mas não tinha nada, sequer um sinal.

Ângelo se levantou e tomou um banho, sentindo que talvez assim se sentisse mais limpo, porque se sentia imundo após o término. Depois foi treinar e, mesmo forçado, foi comer.

A vida não pode parar, por mais que não houvesse nenhuma vontade de ser vivida.

COSMOS E CHAOS - Uma história sobre amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora