COSMOS E CHAOS - Uma história sobre amor.

CAPÍTULO IV - UMA DUPLA

O primeiro dia de aula de Lilian foi como qualquer outro, pessoas babando em cima dela e tudo o que sempre foi, junto com suas “amigas” que não faz questão de ter, mal sabia o nome das meninas! Sua cabeça estava longe aquele dia, muito distante. Quer dizer, vinte minutos de bicicleta é uma grande distância, não?

Como de costume, Ângelo foi buscá-la no final do dia letivo, dessa vez com um pouco de atraso. Normalmente deixava todas as janelas fechadas, acumulando aquele cheiro de cigarro, mas não a incomodava.

Hoje, por algum motivo, as janelas estavam todas abertas e o braço do rapaz estava apoiado para o lado de fora do carro. A garota entrou no veículo, estranhando aquilo.

-  E aí, Lica? -  Sorriu, tragando o cigarro e soltando a fumaça para fora. Ele estava nitidamente num bom humor fora de comum, Lilian franziu o cenho enquanto desamarrava seu rabo de cavalo, deixando as madeixas loiras respirarem.

- Lica?  - Puxou um cigarro da mochila, o acendendo e tragando, ele se virou para ela com um semblante iluminado – O que aconteceu?

- Nada, poxa! Só estou feliz. - Deu de ombros, começando a dirigir para casa – Foi um bom dia hoje, como foi o seu?

- Mesma coisa de sempre, você sabe que eu não suporto esse pessoal. - Seu gloss manchava o filtro do cigarro, que queimava mais rápido que o normal.

-  É foda mesmo... - Fez um “tsk” meio triste – Sabe, quando você está fazendo o que gosta com boa companhia, você fica mais feliz. – Parecia um conselho, o primeiro conselho que ele dava para sua prima, melhor e única amiga – Acho que dá para perceber.

- É, mas e quando você não gosta de nada e nem de ninguém? - Reclamou, tragando o cigarro com certa pressa.

- Todo mundo gosta de algo e de alguém. - Lilian ficou em silêncio, pensativa. Muitas perguntas rondavam sua cabeça.

Primeiro, de quem Ângelo gostava além dele mesmo? Segundo, o que gostava de fazer além de fumar e dormir? Terceiro, de quem gostava além dela mesma?

Não sabia responder a primeira e queria descobrir em breve.

Lembrou-se que gostava de tocar guitarra, um dos poucos instrumentos que sua mãe a obrigou a aprender que realmente gostava, gostava de compor um pouco também, aprendeu com Ângelo. Agora, sobre quem gostava...

Difícil, para ter o carinho de Lilian precisava ser e agir de maneiras muito específicas, por isso poucas amizades e romances a prendem por muito tempo, era algo só do momento.

Assume, com quinze anos já beijou mais pessoas do que mulheres adultas, mas isso nem importava para ela.

Riu um pouco, lembrando de uma entrevista sua, onde foi postado um “tutorial” de como ser amigo da grande Lilian Duarte. O nome era algo tipo “Como é a melhor amiga ideal para a Lilian Duarte?”, era engraçadinho.

Seja engraçado, mas não forçado. Seja inteligente, mas não sério. Goste do que ela gosta, mas tenha os próprios gostos também e vários outros tópicos, mas o principal e o que as pessoas pareciam menos se importar, gostar de Lilian por ser quem é, não por ser famosa.

Quando se lembrou disso, sua mente voou para Priscila do bar, seu coração deu um pequeno pulinho empolgado, pensando em como foi bonitinho ela se assustando, e sua risada ecoava baixo em sua cabeça. Uma pena que nunca mais a veria, mesmo se quisesse, já que mal sabia como tinha parado naquela região da cidade, muito menos saído.

- Por que tá rindo? - Ângelo quebrou o silêncio, provocando.

- Só te conto se você me contar por que está todo contente. - Rebateu rapidamente.