CAPÍTULO XXIII - DUCA

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- Eu não vou, Theo. - Ângelo reclamava ao telefone, após desistir de ir em uma festa que começava em vinte minutos, Theo já estava todo pronto - Desiste cara, a gente se vê outro dia.

- Beleza, Ângelo. - Estava irritado - Eu vou, se quiser me encontrar lá fique à vontade.

- Vai, mano. - Ficou enciumado, mas não admitiria isso - Você é solteiro, aproveita sua vida.

- Eu vou, tchau. - Fechou o celular e desligou bem em sua cara.

Ângelo havia desistido de ir após um pequeno desentendimento entre os dois, que se tornou algo maior agora. Era simples, toda a briga só se iniciou porque Theo queria que seu amado parceiro usasse uma roupa combinando com a sua, era um pedido tão absurdo?

Ele estava tão lindo, vestindo uma camiseta justa marrom com uma estrela clara no meio, colada no corpo e mostrando uma pequena parte da barriga, uma calça jeans de cintura baixa e um cinto. Machucaria muito Ângelo se ele simplesmente usasse uma roupa parecida?

Ângelo estava na fase onde está se curando da heterossexualidade compulsória, onde não se pode fraquejar em se mostrar um "homem de verdade" nem uma única vez. Imagina que pecado, usar qualquer peça que, de forma ou de outra, entregasse que você é uma bichinha.

Theo tinha razão em estar chateado, não tinha? E mais, ele estava certo, era solteiro. Sim, solteiro, jovem e lindo, vivendo numa cidade "livre" como São Paulo, estava perdendo tempo cuidando de um homem maduro como se fosse sua criança.

Se Ângelo não era bem resolvido, o problema era totalmente dele, Theo estava muito bem sendo gay e mais, estava maravilhoso naquela noite.

A verdade é que Theo achava que Ângelo não era bem resolvido com nada. Com sua família, com sua sexualidade, com seu futuro, com sua aparência, nada tinha conforto naquele cara. Ele era um problema.

Enfim, Theo bebeu seu shot de coragem, calçou o par de All-Star que era quase um órgão seu, pegou as chaves e saiu de casa. Nem passou pela sua cabeça levar o celular, deixou em uma gaveta ao lado da cama.

A festa estava acontecendo bem perto de seu apartamento, coisa de uma quadra, então foi andando mesmo. Era uma festa da universidade, sabia que pessoas de sua convivência estariam lá, mas talvez fosse até bom ter rostos conhecidos.

Andou até lá cantarolando, sem pressa. Estava um certo vento gelado em sua direção, mas ele era uma vagabunda, e vagabundas não sentem frio. Lilian o disse isso, adorava essa garota.

Toda loira precisava de um amigo gay, e tudo fica mais interessante quando se está apaixonado pelo primo dessa garota.

Sim, Theo contou tudo para ela, e daí? Ela meio que já sabia, mas a fez prometer não contar para absolutamente mais ninguém. Lili podia ser uma pequena cobra, mas cumpria sua palavra quando se tratava de segredos importantes.

Além disso, são só dois anos de diferença, praticamente as mesmas vivências. Queria que Lilian estivesse naquela festa, porque com certeza os dois beberiam até desmaiar e fariam merdas memoráveis.

Em contrapartida, algo em si queria estar deitado com Ângelo em sua cama, aproveitando uma troca de carinhos e beijos, porque estava apaixonado e sabia disso muito bem.

Bem, ele chegou na festa, que não tinha nada especial. Era uma festa como qualquer outra, com bebida de qualidade duvidosa e hiper lotação na casa, e assim que se sabia que a festa ia ser inesquecível, quando não se cabe mais sequer uma pessoa numa república estudantil.

Foi direto para a cozinha para pegar sua bebida, e lá esbarrou por acidente em um rapaz com sua altura.

- Ah, me desculpa. - Disse, vendo que ainda estava muito próximo do garoto, e ele era muito interessante.

COSMOS E CHAOS - Uma história sobre amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora