What Could Have Been (Lady Dimitrescu)

Pistas e Suspeitas

Pistas e Suspeitas

Seu corpo descansava em um ambiente relaxante e quente. Helena pressentiu onde poderia estar por reconhecer a maciez da enorme cama em que se encontra. Seus olhos se abriram lentamente, fitando o teto do quarto Dimitrescu. A lareira estava ligada outra vez, e Helena se viu na mesma camisola vitoriana de seu último pesadelo. Estou sonhando de novo? Helena não estava se lembrando do horário em que fora dormir, sua mente estava muito confusa. Mas logo sua atenção foi tomada por uma melodia vinda de um piano, e o som chegava até o quarto de uma maneira um pouco abafada, mas o suficiente para Helena poder ouvir com clareza e ter curiosidade de descobrir de onde estava vindo a música. Ela reconhecia aquele som, as vezes cantarolava a melodia para si mesma, e achou estranho ouvi-la pelo castelo.

Levantou-se da cama preparada para deixar o quarto, e começou a andar pelos corredores seguindo o som do piano. Chegando ao Saguão dos Quatro ficou parada no centro para tentar descobrir de qual lado a música estava vindo, e não encontrou nenhum sinal das irmãs Dimitrescu. O castelo estava muito silencioso, tendo somente a melodia do piano sendo o único barulho que percorria por todos os cantos. Concentrou-se mais apurando seus instintos até que descobriu que a melodia estava vindo na direção do salão principal.

Continuou seu caminho, cruzando a porta do salão que era conectado com a sala de jantar, encontrando as portas duplas que levava para o pátio central totalmente abertas, permitindo da música atingir locais mais afastados do castelo. O piano estava mais alto, indicando de que Helena estava próxima. Ao chegar no pátio conseguiu ver a entrada da Casa de Ópera também aberta, então seguiu em silêncio. Era a sua primeira vez naquela ala do castelo, e o lugar era de um rústico luxuoso. Havia uma escada para o segundo andar, e Helena só não a subiu porque percebeu que a música estava vindo do andar de baixo, e por isso caminhou para a entrada larga que dava acesso a sala de música, encontrando-se com a responsável que tocava o instrumento que chamou sua atenção.

Lady Dimitrescu mostrava postura e bastante prática com o instrumento musical, e por estar de costas para Helena não notou sua presença. Ficou observando a condessa em silêncio enquanto a ouvia tocar sua música, e ambas pareciam ser as únicas naquele salão. Por fim a Lady parou de tocar o instrumento por ter chegado ao final das paginas, e sua postura decaiu assim como seus ombros. Ela está aflita com algo. Mesmo não a conhecendo, Helena sabia que algo estava deixando a condessa inquieta, uma certa perturbação.

— Foi frio, não foi, Daniela? — Suspira a Lady de coração partido.

Helena recordou-se da primeira vez que sonhou com Daniela, de como a filha mais nova lamentava sobre algo incompreensível e comentou do quanto havia sido torturante o frio que ela havia sentido. O frio as machuca. A morena deu o seu primeiro passo, determinada a alcançar a condessa que parecia ainda não ter percebido sua presença.

— Maldito Winters. — Helena paralisou ao ouvir o sobrenome do pai de Rose ser pronunciado pela Lady. — Aquele homem feriu as minhas filhas, e mesmo assim... Você protege a filha dele?!

Helena soube naquele momento que a condessa estava falando com ela, e que agora ela tinha noção da sua presença no salão, e recuou alguns passos para trás.

— Como você sabe da Rose? O que o pai dela tem haver com você?

— Você realmente não se lembra de nada, Helena? — A Lady a questiona, fazendo a morena ficar muda e totalmente perdida. Seu silêncio foi a afirmação que a condessa estava aguardando. — Eu vou te dar um conselho, minha cara. Todas as respostas de que você precisa estão no castelo, nas alas proibidas. Vá em cada uma delas, se quiser tê-las.

— Você não pode ser real. Como eu posso confiar em você?

A Lady vira o seu rosto de lado, permitindo de Helena poder ter acesso somente ao seu queixo e lábios avermelhados, pois a aba de seu chapéu não a permitia de ver seu rosto por inteiro.