Uma Verdade Dolorosa

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Uma Verdade Dolorosa

Amélia e Sophie chegam a cozinha, tendo uma grande privacidade e silêncio. A albina sentou-se em uma das cadeiras em frente a mesa, enquanto Amélia já preparava uma pequena panela para a água do chá.

— Vai ficar pronto em um minuto. — Promete a loira já escolhendo as ervas dentro do armário de potes acima do fogão.

— E se ninguém conseguir encontrar a Sarah? — Pergunta Sophie em meio a delírios. — E se algo de pior tiver acontecido com ela?!

— A Sarah está bem! — Garante Amélia se ajoelhando de frente para Sophie, e segura em suas mãos acima das coxas com firmeza. — Ela é uma garota muito forte, e tenho certeza que vamos encontrá-la em breve.

— Ninguém está seguro nesse castelo. — Sussurra Sophie com seus olhos redondos lacrimejando. — Se Mãe Miranda não tivesse feito questão de me dar o serviço, jamais teria aceitado por os pés neste lugar.

Amélia pensou por alguns instantes, e ao perceber que estava a sós com Sophie poderia ter a chance de tirar algumas dúvidas que a incomodam desde o dia em que Helena começou a trabalhar no castelo.

— Sophie, se isso não lhe incomodar, eu gostaria que você me respondesse porque tem tanto medo da Helena? Se você puder se abrir comigo eu ficaria muito grata.

Sophie pareceu recuar de início, era nítido o quanto ela estava assustada com o ocorrido recente e de como era insegura sobre qualquer coisa relacionada a Helena. Mas como era Amélia quem a estava lhe perguntando, e a mesma por sinal era sempre gentil e parecia se preocupar com todos, Sophie sentiu-se confiante para lhe responder.

— Você e as meninas tem sorte de não terem vivido no vilarejo naquela época. — A albina começa a falar, mantendo sua voz extremamente baixa como a de um ratinho, mas que Amélia conseguia ouvir perfeitamente pela proximidade de ambas. — De não terem pesadelos com as bestas todas as noites. Eu me lembro perfeitamente do rosto dela, e do que ela fazia com as empregadas. Aqueles olhos amarelos me encarando durante a colheita, como se me dissessem que eu seria a próxima quando completasse dezesseis anos...

— Sophie... — Amélia acaricia os dedos da albina para trazê-la de volta a realidade. — Eu entendo o quanto você tem medo da Lady Dimitrescu, mas eu estava me referindo a Helena.

Sophie encarou Amélia com um olhar confuso, demonstrando que não havia compreendido o que a loira acabara de dizer, até porque ela havia lhe feito uma pergunta, e Sophie lhe deu a resposta.

— Mas eu estava falando sobre a Helena.

A confusão passou a atormentar Amélia, que havia ficado sem palavras no momento e um silêncio expandiu-se pela cozinha, sendo quebrado segundos depois com a chaleira apitando. Amélia se apressa em desligar o fogão e tenta manter sua mente focada na preparação do chá.

— Mel! — Helena chega na cozinha um tanto ofegante, e Amélia vira a cabeça para fita-la. — Preciso que você venha comigo.

— Um momento.

Helena aguarda pacientemente, e um tanto ansiosa, a loira terminar de preparar o chá para Sophie, e a observa levando a xícara pronta para a albina que até então não havia olhado diretamente para Helena desde que ela chegara. Ambas seguem juntas em seguida de volta para a escadaria, passando pelo grupo de Veronica que as olhavam com expressões fechadas, e Margaret não estava presente, provavelmente porque deve ter ido atrás de Miranda notifica-la do desaparecimento de Sarah. Quando chegam a metade da escadaria Helena cola em Amélia para sussurrar em seu ouvido.

— Tem uma passagem secreta no Provador.

— Que?! Como sabe disso?

— Eu descobri. — Helena puxa a mão de Amélia ao chegarem no segundo andar e andam a passos largos na direção do provador. — A entrada ficava atrás do guarda-roupa, é uma especie de câmara e tem uma abertura que leva para o calabouço. É lá onde a Sarah deve ter sido levada.

What Could Have Been (Lady Dimitrescu)Onde histórias criam vida. Descubra agora