Tormenta

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Tormenta

A devastação em seus olhares não era o suficiente para descrever o quão atormentados estavam pelo vilarejo que um dia fora considerado seu lar. Rose não carregava lembranças otimistas do lugar, era fato, e apesar de ter frequentado a região quando bebê — e um curto período de sua fase adolescente meses atrás — permaneceu amedrontada com o vilarejo. Em consideração aos Lordes, seus sentimentos não se igualavam. Para Donna e Karl, o vilarejo era muito mais do que um ambiente de pura maleficência. Cresceram naquela região, presenciaram eventos que facilmente seriam considerados "sobrenatural" aos olhos humanos e foram envolvidos nos experimentos de Miranda que prejudicou suas vidas pacatas, os tornando o que são hoje; infectados.

Imaginar em como Alcina poderia estar revivendo dentro do castelo favoreceu um profundo remorso da parte de Rose por ter permitido que a mulher que considerou sua "mãe" retornasse para o vilarejo amaldiçoado, carregando até então a culpa consigo. Chris encara a garota de relance, sendo capaz de enxergar seus sentimentos através dos seus olhos, da mesma maneira que os Lordes apresentavam. Não estava sendo fácil para eles.

— Então, esse é o famoso vilarejo de que tanto ouvir falar. — Jill quebra a quietude que formou-se assim que chegaram ao topo do morro.

— Parece bastante com o vilarejo da Espanha onde o Leon se envolveu anos atrás. — Confere Claire criando a comparação entre os vilarejos.

— Vai por mim, esse lugar consegue ser pior. — Chris assegura.

— Por onde começamos agora? — Pergunta Rose.

— Primeiro precisamos encontrar um abrigo, um lugar onde a Miranda jamais procure por invasores.

— Bom, eu poderia indicar a minha fábrica mas ela foi detonada, né, Chris? — Heisenberg o alfineta, recebendo um olhar de desaprovação do Redfield.

— Agora não é uma boa hora para ressentimentos. — Diz Jill para trazê-los de volta ao foco. — Vocês conhecem esse vilarejo melhor do que a gente... — Ela se dirige aos Lordes. — Sabem de um local onde possamos nos abrigar?

— Tem a minha casa. — Donna oferece com a voz mais baixa do que o normal. — Ela é mais afastada do vilarejo.

— Nos teus sonhos que eu vou aceitar dormir naquele cemitério de bonecas medonhas! — Heisenberg protesta. — Já não basta conviver com essa aí. — Se refere a Angie.

— O sujo falando do mal lavado! — Retruca Angie por se sentir ofendida.

— Com ou sem bonecas parece ser a melhor opção! — Chris aprova a indicação de Donna. — Vamos esperar anoitecer para atravessar o vilarejo, ir durante o dia pode chamar a atenção dos aldeões ou até mesmo da Miranda.

— Enquanto isso a gente fica aqui escondido no mato? — Karl se queixa.

Os olhos de Rose se deixam guiar pela trilha de pedras brancas até a cabana abandonada não tão longe de onde o grupo estava. Vagas lembranças lhe ocorreram ao ter contato com a antiga residência de Alcina, e por estar mais próxima poderia ser uma boa opção.

— Poderíamos ficar na cabana. — Rose sugere.

— Não sabemos se há alguém morando lá. — Jill considera desconfiada.

— Não há. — É tudo o que Rose diz já prosseguindo pelo caminho de pedras brancas.

Angie se desfaz do seu tremor e acompanha Rose voando a sua volta até a cabana, e Chris sinaliza para o resto do grupo a segui-la. Ninguém havia entendido o comportamento infeliz da garota, com excesso dos irmãos Redfield em terem acesso ao que aconteceu dois meses atrás, e futuramente Chris teria que explicar para os Lordes a razão da cabana mexer tanto com Rose.

What Could Have Been (Lady Dimitrescu)Onde histórias criam vida. Descubra agora