Faça seu desejo (2)

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Sarinha finalmente se soltando.

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O plano era simples: ir até a cozinha, confirmar que Sarah estava trabalhando no buffet do evento.

Por fim, retomar a aproximação.

Ele perdera muito quando foi insistente no Rio Vermelho. Era óbvio que a jovem ficaria incomodada e Carlos não pesou, tampouco mediu as palavras. Agora, o executivo precisava ser mais criterioso.

Dois motivos que o levavam a voltar com seus planos de ficar perto de Sarah eram: um, porque tanto ele quanto Pietro consideravam a jovem – e por extensão a avó, Marieta – figuras importantes para desestabilizar a estrutura da casa Martinez, e os pontos fracos, de onde poderiam descobrir informações sobre o que acontecia dentro da casa, incluindo a investigação sobre a morte de Estevão.

O segundo motivo era mais simples, e mais de acordo com a vontade de Carlos Falcão: ele via Sarah como a sua mais nova obsessão: a mulher que deveria ceder a todos os desejos deles, por mais depravados que eles fossem. Sarah representava exatamente essa busca: era tímida, gentil, falava baixo, servil. Imaginava-a em um de seus entretenimentos, completamente nua e à mercê dos observadores, cedendo a todas as suas vontades.

Sarah era uma mulher que só conhecia a palavra "sim" e a submissão. Caso ela se negasse a algo, Carlos faria questão de "adequar" a jovem aos desejos dele – as pílulas e injeções sempre funcionavam.

Caminhou a passos largos até se aproximar da porta que ele via ser a cozinha, e ninguém o impediu, já que ele era do sindicato dos empresários, um convidado, uma figura de prestígio.

Estava prestes a bater à porta, que se encontrava fechada, quando um corpo chegou mais rápido que ele e se colocou em frente à porta, corpo esse que usava um terno de bom corte, preto, assim como a camisa social, e sem gravata.

- Você agora é cozinheiro, Carlos?

Havia um tom ligeiramente mais agudo na voz de Stefano Martinez, mas não era humor. O meio sorriso no rosto indicava que ele estava debochando do concorrente.

- Não, eu estou aqui para trocar ideias com os chefes que fizeram o buffet, que está fabuloso.

- Não seja imbecil. Todos nós sabemos que na verdade você está atrás da cozinheira, Sarah, que aliás, trabalha em minha casa. Você não tem cozinheira em sua residência?

- Sua capacidade de mentir é ridícula. Típica de filho único.

- Até onde me recordo, Carlos, você também é como eu. No meu caso, pelo menos tenho a capacidade de dividir, compartilhar com pessoas a quem respeito moderadamente... e você? Tem essa capacidade? Não acredito nisso. Na verdade, você é um homem extremamente possessivo, a tal ponto que chega a ser perigoso. E você não quer que esse seu lado seja exposto para os nossos colegas de sindicato, não é? – Carlos fez um bico, mas sorriu logo depois. Porém, Stéfano notou o nervosismo do concorrente. – Não tenho provas, mas assim que eu conseguir, você vai mofar em uma prisão, e nem todo o seu dinheiro vai te livrar disso. Melhor pensar duas vezes, Carlos.

Stéfano deixou o interlocutor para trás, e foi embora até o salão de festas, enquanto Carlos olhava a porta; mas não bateu. As palavras de Stéfano martelaram em sua cabeça, indicando que, mais do que nunca, ele deveria ser cauteloso. Stéfano procurava alguma brecha para ter uma prova concreta de seus "entretenimentos", e se ele tivesse algo assim em mãos, não apenas sua carreira desapareceria – a Falcão Alimentos iria falir e ele pararia na prisão.

Estava muito perto de conseguir o que queria. Dar dois passos para trás era a melhor estratégia.


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