Lembra que eu comentei que este livro é uma mistura de whychoose + triângulo amoroso entre idosos + quem matou?
Hoje teremos duas dessas coisas...
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A primeira consulta com a terapeuta foi bem positiva para Sarah.
Antes de encontrar a melhor profissional para a jovem, ela precisou de um clínico geral para dar o encaminhamento — eram as recomendações do plano de saúde.
No dia, Sarah deixou o almoço pronto e informou a Alice o que deveria ser feito, o ponto de algumas refeições, e os horários que cada patrão desceria para comer.
⁃ Não se preocupe com isso, Sarinha, vá logo pra médica! - a mulher, alguns anos mais velha que Sarah, empurrou a moça animadamente até o hall de entrada da casa.
A cozinheira verificou se o prontuário estava dentro da bolsa, assim como a carteira com os documentos, e buscou o celular para entrar em contato com o taxista, Sr. Amadeu; porém, ela empertigou a postura ao sentir uma presença diferente perto dela, às costas.
⁃ Para onde vai, Sarah?
A voz entediada de um homem bem mais alto pertencia a Stéfano Martinez, que desde a situação no jantar da M.Bahia, tratava-a de maneira formal e amistosa; o que, de acordo com Sarah, era bem melhor do que a situação no começo: a rispidez e quase grosseria do executivo.
⁃ Eu... Eu vou para uma consulta...
⁃ Olhe para mim. - ela não havia notado que estava com a fronte baixa, olhando um ponto aleatório que não fossem os sapatos italianos de Stéfano. - Olhe agora.
As palavras dele não pediam oposição: ela elevou o rosto e o encarou, engolindo em seco. Por que Sr. Stéfano a olhava daquela forma, como se quisesse descobrir o que estava por trás de seus óculos, de sua retina, em sua mente?
Sarah tremeu ante a expressão neutra de Stéfano, como se um vento forte e frio tivesse passado por ali. Trajando um cardigã, pouco usual para o calor de Salvador, mas que cobria o vestido de alças que sua avó a incentivava a usar, ela deu um abraço em si mesma, sem saber o que responder, e como agir. Ainda mais estranho era que o olhar dele era mais vibrante do que qualquer toque hipoteticamente, nunca dado.
⁃ Eu vou levá-la.
⁃ Não... Não precisa, vou falar com Sr. Amadeu e...
⁃ Vamos. - seguiu na frente, e Sarah não conseguiu dizer não.
Ao ouvir os passos rápidos e curtos da sandália de couro, Stéfano disfarçou o quanto pôde um sorriso. Adorava a ideia de Sarah seguir ordens, aceitá-las, e podia jurar que no momento em que os dois se encararam, o corpo dela reagiu.
Precisava daquela reação feito um homem sedento por água no deserto, e mal imaginava o quanto necessitava até conhecê-la.
Stéfano abriu a porta do carro, na cor preta, que só tinha espaço para duas pessoas. Sarah não conhecia marcas de carros, então não reparou em nada, exceto pelo banco de couro confortável e o ar condicionado forte, ideal para a temperatura alta da capital baiana.
⁃ É um Ferrari. Um absurdo usar nesta cidade esburacada, mas gosto de andar em alta velocidade e no melhor. - explicou, enquanto trocava a marcha apertando um e outro botão. - Onde fica a clínica?
⁃ Fica... Em Cajazeiras XI.
⁃ Por que você vai se consultar onde Judas perdeu as meias quando temos várias clínicas e centros médicos de altíssimo nível na Graça, Barra e Ondina?
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Três Desejos
RomanceValentim, Ralf e Stéfano. Três homens de personalidades distintas, e que muitas vezes rivalizam entre si, mas com duas coisas em comum: o mentor dos dois primeiros e pai do terceiro, Estêvão Martinez; e um pedido estranho do patriarca quando este é...