Cassandra

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Este é o famoso capítulo "cobra comendo cobra" e tem uma coisinha específica que vocês vão descobrir aqui sobre Estêvão.

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Carlos Falcão analisava os documentos recebidos da secretária com toda a atenção possível. Eram os novos fornecedores que fariam negócios com a Falcão Alimentos, em especial para a distribuição dos novos biscoitos não apenas para a região Nordeste, como também para Portugal.

Uma boa notícia no mar de confusões e de problemas que ele estava tentando se livrar. O primeiro deles era o sumiço de Matias Nogueira, e a conclusão de que ele estava sendo observado pela polícia. Não poderia ser pela morte de Estêvão... ou seria por suas incursões nas boates? Impossível, ele sempre fazia com muita discrição, e os donos dos estabelecimentos eram bem pagos para que ele fizesse o que quisesse.

Então só podia significar uma coisa: Stéfano estava aprontando algo e queria colocá-lo em problemas. Carlos impediria, daria um jeito, e precisava urgentemente se reaproximar de Sarah, porque ele a queria. Submetida à sua mercê, à sua vontade, mas ela estava cercada por qualquer um dos herdeiros de Estêvão Martinez. Quanto mais ele tentava se livrar, mais parecia que eles estavam todos unidos e colados nela, feito carrapatos!

Será que teria que fazer o que fez com Estêvão agora com os outros três?

Em meio aos documentos, havia envelopes com cartas e contratos para serem assinados. Decidiu focar toda a sua atenção nos negócios que estavam de vento em popa. Assim que abriu um dos envelopes, em papel alaranjado, já preparado para assinar, viu algo estranho.

Caiu do envelope uma série de fotos coloridas e um papel que chamou a atenção.

No A4, poucas palavras, o suficiente para fazer Carlos ignorar todo o resto dos papéis:

"Por que você odeia tanto os Martinez? Duvido que seja apenas uma rivalidade empresarial.

Ou na verdade você introjetou algum tipo de ódio graças a seu pai?

Avalie se realmente este ódio tem fundamento, em especial após ver essas fotos."

Mas foram as fotos enviadas que finalmente tiraram Carlos Falcão do torpor. Ele se levantou, olhando as imagens e oscilando entre jogar para cima ou mantê-las juntas. Em uma delas, era perceptível que a mulher estava abraçada a seu pai, Pietro. Na outra imagem, ela era envolvida nos braços de Pietro e de Ramón, que ele reconhecera rapidamente.

Numa terceira imagem, para a surpresa de Carlos, que piscava os olhos repetidamente, a mulher em questão estava agarrada, os braços unidos ao pescoço do homem que mais odiava no mundo: Estêvão.

- Não, não pode ser... Essa não é... Não é a minha mãe... não, não se parecem... não, elas são muito parecidas... Não... não pode ser...

Carlos sabia que a mulher em questão não era sua mãe, e sim alguém muito parecida com ela, a tal ponto que os olhos o enganaram por um instante. Margô Falcão era muito querida por Carlos, a mulher mimou e o amou de tal forma que talvez tivesse sido a única influência positiva na vida do garoto. Ela mal sabia que jamais fora amada por Pietro; mas era como se, inconscientemente, ela devotasse todo o amor ao filho para "esquecer" uma verdade que poderia repousar em um lado profundo de sua mente que Margô não sabia: ela não era amada pelo marido.

Se a mulher tivesse vivido mais tempo, Carlos imaginava que ele seria um homem diferente. Ou não: seus desejos e vontades eram inatos dele, e a mãe jamais impediria "o rio de correr para o mar".

Mas aquilo... Não podia ser! Seu pai sempre colocou na cabeça dele que Estêvão Martinez era um problema porque o havia enganado. Estêvão o roubou quando os dois eram sócios, e ele expulsou Pietro do que um dia se tornaria a M.Bahia. Seu pai nunca informou ou indicou que eles tiveram um relacionamento com a mesma mulher, ou aquela classe de... "Eles todos viviam um... O que é isso... Mas, quem é essa mulher, porque eu sei que não é minha mãe."

Três DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora