O herdeiro

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Mais um retorno neste fim de noite e este capítulo tem uma informação importante sobre o passado de Sarinha.

O foco agora é nele mesmo...

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⁃ Bom dia, Sr. Stéfano... O café está na jarra e o bolo que o senhor pediu está terminando de assar no forno.

⁃ Obrigado, Sarah.

⁃ O senhor deseja alguma coisa a mais?

⁃ Onde está dona Marieta?

⁃ Minha vó foi no médico, uma consulta. Ela sentiu o coração meio disparado... Tomara que não tenha nada de mal com ela.

Stéfano Martinez colocou um pouco de café na xícara e sorveu lentamente, apreciando o quão forte era. Ele solicitou que o café tivesse mais pó adicionado; porém, os outros membros da casa preferiam a bebida mais fraca; então, Sarah sempre deixava na mesa duas jarras - uma apenas para Stéfano, e outra para os moradores restantes da casa.

⁃ Se for necessário, o cardiologista da família está à disposição dela.

⁃ Obrigada, Sr. Stéfano... Com licença, vou buscar o bolo.

O executivo viu Sarah caminhando apressadamente e desaparecer pelos corredores, sempre de cabeça baixa, e entendia que ela se amedrontava com a presença dele, mais do que qualquer outra pessoa na casa. Ele não era a pessoa mais simpática de todas, e não simpatizava muito com Sarah - ela era alguém que provavelmente vivia da caridade de seu pai, que "amava um pobre"; tanto que o próprio Estêvão quis que ele, o "imbecil arrogante do Valentim" e "aquele playboy desocupado do Ralf", cuidassem e protegessem uma pessoa adulta, que aparentemente trabalhava e no mínimo era produtiva naquela residência.

Nem mesmo o fato de ela ser neta da única pessoa de quem Stéfano gostava naquela casa, dona Marieta, colocava Sarah numa boa posição com ele.

Talvez Valentim estivesse certo: Sarah representava alguém que estava no coração de Marieta, que não pertencia apenas ao executivo.

Em alguns minutos, ela reapareceu com uma bandeja de prata contendo o bolo de laranja com gotas de chocolate, solicitado por Stéfano.

Colocou na mesa, ainda quente. A jovem cruzou os dedos, e Stéfano parecia ouvir o tremor que se refletia da voz ao corpo.

⁃ E-espero... Que seja do agrado d-d-do s-senhor...

⁃ Corte. - ele ordenou, ainda tomando o gole do café.

Sarah colocou um pedaço no prato e deixou à frente de Stéfano. Ele parecia aguardar um pouco, como se soubesse que o bolo estava quente, e a cada instante a tensão aumentava em Sarah, que estava com a mente em vários lugares - o estado de saúde de sua avó, a única parente que lhe restara; as mudanças súbitas na mansão Martinez; seus próprios sentimentos conflituosos, que não deveriam existir, por dois homens - o pecado da luxúria, pensou a jovem.

Porém, o que mais a deixava temerosa era ter a aprovação de um homem pouco sutil e muito exigente como Stéfano Martinez. Ela só queria que o outro patrão gostasse realmente de sua comida, valorizasse seu trabalho, para que Sarah tivesse a certeza de que permaneceria na casa. Ela gostava de cozinhar por ali; era na mansão que se permitia criar, ser inventiva, colocar em prática as ideias estudadas em seus cursos. Só que ela tinha a impressão de que a última palavra naquela residência não era de Valentim Borba ou Ralf Amaral; e sim do homem que comia aos poucos, em pedaços pequenos, o bolo feito por Sarah.

As mastigadas eram lentas, como se ele saboreasse cada pedaço. Stéfano não tinha reação alguma; e aquilo incomodava sobremaneira a jovem que tentava entender o que se passava na cabeça do executivo.

Três DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora