Capítulo 23

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Ravena Anderson:

Inclino a cabeça para o lado direito observando todo o meu corpo no espelho, cada curva, da cabeça aos pés. Dos seios já maiores e menos doloridos para a pequena saliência que estou imaginando ver, inclino a cabeça para o lado esquerdo, está muito cedo ainda. Me viro de lado puxando um pouco o vestido verde claro que vai até meus joelhos, estou imaginando coisas, até que levo a mão ao pé da barriga recebendo a minha confirmação.

- Ravena, já está pronta? - Tiro a mão da barriga de repente vendo a Benê na porta. - Não precisa se envergonhar... - Fala entrando no quarto e parando atrás de mim. - Não se deve se envergonhar de acariciar o seu bebê - fala abrindo o sorriso, suas mãos vão até a minha cintura. – Olha quem decidiu aparecer. – Me vira de lado delicadamente.

- Não estou imaginando coisas? - Pergunto envergonha voltando a olhar pra minha barriga.

- Não, querida... já é possível ver que tem um bebêzinho crescendo aqui. – Abro um sorriso passando a mão novamente sobre a barriga. – O Henry vai notar na hora – diz antes de se afastar e eu sinto minhas bochechas esquentarem só em imaginar a cena.

Meses se passaram e eu ainda não entendo por que as vezes fico sem graça com o Henry.

- Ele está te chamando pra tomar café. - Bufo.

- Traduzindo... - ela já abre um pequeno sorriso. - Benê, você pode ir ver por que a Ravena demora tanto pra descer – imito sua voz. – Da última vez ela arremessou um livro em mim. - A vejo soltar uma gargalhada. - Diga a ele que ainda estou no banho.

Ela concorda indo até a porta, mas logo para

- Você está ficando cada vez mais linda, meu bem – Diz antes de sair.

Benê foi uma grande surpresa pra mim, agora sei por que os meninos a adoram. Ela é incrível, engraçada e adora conversar comigo sobre os livros que leio, eu até assisto suas novelas latinas com ela todas as tardes.

Depois de duas semanas voltamos para a médica e o hematoma não tinha desaparecido, mas estava menor, então ela marcou o retorno para um mês depois. Pelo menos com a melhora ela tirou algumas restrições, o repouso agora é moderado, mas nada de esforço nem estresse. Henry voltou ao trabalho apesar de ser um cabeça dura e achar que vou quebrar a qualquer momento, mas quando voltou para a Foster, tentei convencer o Will a me deixar trabalhar de casa, um pouco que fosse.

Não estava aguentando mais de tédio, passar horas lendo é perfeito, mas todos os dias em cima de uma cama estava me fazendo surtar. Henry ficou puto por eu ter conversado com o Will e não com ele, mas no fim acabou concordando. Então eu trabalho apenas pela manhã no seu escritório recebendo ligações suas de dez em dez minutos.

Às tardes eu fico com a Benê e nos fins de semana os Fosters vêm aqui com a Liv e Will. Ethan está viajando mais uma vez e ainda não conversei com o papai nem com a Kate. Ela demorou um pouco pra entender que eu precisava de um tempo, mas agora se acalmou mais. No momento, com a cabeça mais fria eu acho que está na hora de entender tudo isso e dar uma chance ao papai de se explicar.

Conversei com o Henry depois da consulta, que quando tudo estivesse bem e eu fosse liberada a voltar a ter uma vida normal eu conversaria com os dois. Nossa relação está bem diferente, pode se dizer que encontramos uma harmonia, exceto quando ele quer saber cada passo meu ou quando eu quero continuar lendo e ele quer dormir. Nenhum de nós ultrapassou limite algum, apesar de dormirmos juntos todas as noites, o meu repouso absoluto não pode ser mais usado como desculpa pra minha mudança de quarto, mas como ninguém toca no assunto a gente finge que ele nem existe.

Não posso dizer que ele fica tão charmoso de óculos de leitura que eu tenho que ficar me monitorando pra não babar ou que eu não adore dormir com ele fazendo carinho no meu cabelo, mas não sei se quero ultrapassar essa linha. Demorou muito pra ela surgir, admito gostar de onde estamos e não sei como voltaríamos pra ela.

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