Capítulo 28

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Henry Foster:

Bato os indicadores no volante sem parar, xingando mentalmente a droga desse sinal vermelho.

"Henry? Já está vindo?" - A mensagem aparece no visor do carro, mas eu não respondo.

Bufo quando o outro sinal fecha de novo, na minha cara. Depois de uma reunião de quatro horas, ir em três bairros diferentes atrás de picles, porque aquela mulher não queria os daqui, queria os americanos.

"Foster, responda a droga da mensagem!" - Um mau humor desses por um vegetal em conservas?

Encontrar um mercado que venda esse tipo de comida dos Estados Unidos aqui é quase impossível, mas eu achei numa loja de produtos estrangeiros num bairro distante, distante demais.

"Max... cadê você?" - Aiai as mudanças de humor...

Gregory me espera na pequena varanda da sua casa, a porta está aberta e ele anda de um lado para o outro com os braços cruzados.

- Ela está na cozinha – diz me seguindo logo depois.

Assim que saio do corredor vejo a Ravena num dos bancos do balcão com os braços ao lado do corpo, balançando as pernas, assim que ela me vê, seus olhos descem para o saco de papel na minha mão.

- Por que demorou tanto? - Fala já pulando do banquinho e indo para a geladeira.

- De nada, pequena – ironizo colocando o pote sobre o balcão. - Sempre que você tiver um desejo absurdo eu vou sair da empresa correndo atrás dele sabendo que vou receber o mais lindo obrigada de todos.

Ela coloca sobre a mesa de madeira uma lata de chantilly me olhando entediada e eu franzo as sobrancelhas.

Ravena tira o vidro do saco e tenta abrir duas vezes, não consegue, então me estende com o orgulho ferido. Assim que abro a vejo dar pulinhos de alegria. Ela passa a língua nos lábios praticamente babando e pega um picles com dois dedos, consigo ver o líquido escorrer por sua mão e com a outra pega a lata de chantilly, coloca uma camada beeem generosa sobre o vegetal e morde com gosto, gemendo de satisfação.

- Isso está perfeito – Fala colocando mais chantilly antes de colocar o restante do vegetal na boca e mastiga com os olhos fechados.

- Está só começando... - Gregory sussurra antes de passar por mim indo até a cozinha.

- Por que demorou tanto? - Fala pegando outro do pote.

- Passei a manhã numa reunião infernal... – Digo dando dois passos até ela, coloco minha mão no seu queixo elevado um pouco seu rosto e beijo sua testa. – Que parecia não ter fim.

Olho para Gregory que procura algo na geladeira e eu aproveito pra beijar a ponta do seu nariz, recebendo um sorriso com chantilly como agradecimento

- Cerveja, Henry? - Gregory oferece e eu dou dois passos pra trás assustado.

- Nã...não, Gregory. – Ravena rir. – Ainda vou pra empresa.

- Refrigerante?

- Ele não vai parar de te oferecer algo até você aceitar – Ravena diz baixinho comendo seu terceiro picles em conserva.

- É verdade. Refrigerante?

- Refrigerante, Gregory.

- Então... - Gregory começa vindo até nós. - Quando vão saber o sexo do meu neto?

- Ou neta – Ravena completa enquanto seu pai me entrega a bebida.

- Daqui há uma semana – digo piscando pra pequena.

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