Um momento para dizer adeus

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Duas semanas se passaram desde que Marie e Erik conversaram sobre a orquestra e qualquer menção ao órgão de tubos havia sido esquecida por ela, mas não por Erik.

Ele vinha estudando secretamente tudo o que podia sobre o fascinante instrumento, pesquisando dicionários e enciclopédias, bem como um ou dois livros sobre música que Marie havia comprado e entrado em suas mãozinhas gananciosas.

Passaram-se sete meses desde que Marie começou a trabalhar na mansão, quando tudo desabou.

Era um domingo, o que significava que Valerius não saiu e estava descansando na sala, tomando uma taça de vinho. Marie subiu para ver Erik, levando-lhe o café da manhã, mas por alguma razão inexplicável ele parecia distraído e quase com medo, recusando-se a comer qualquer coisa.

Supondo que fosse pelo fato de sua mãe estar em casa, algo que sempre o deixava um pouco nervoso, ou pelo fato de ele não poder tocar piano nos próximos dois dias, ela não pensou muito nisso e continuou com suas tarefas diárias.

Marie estava prestes a começar a preparar o almoço quando ouviu o barulho... uma batida na porta. Quem estaria batendo aqui? Olhando para Valerius interrogativamente, fez um gesto em direção à porta, para que ela atendesse.

Até Valerius pareceu intrigada com o suposto visitante, mas instruiu a governanta a ver quem era. Quando ela abriu a porta, deixando o vento frio entrar, viu que era um padre muito corpulento e de peito largo, que ela viu algumas vezes na cidade enquanto fazia compras. Teria vindo oferecer missa a Valerius em sua casa, já que ela nunca ia à igreja?

—Posso te ajudar?— Marie perguntou ao padre embrulhado.

—Preciso conversar com Madame Leroux imediatamente!— ele instruiu, passando por ela enquanto fazia seu caminho para dentro.

Marie não sabia mais o que fazer a não ser fechar a porta atrás dele, isolando-se do frio. Ela então apontou para a sala, indicando onde ele poderia encontrar a mulher que procurava. Bufando como uma mula sem fôlego, o homem correu ainda mais para dentro até ficar cara a cara com uma Valerius perplexa.

—Você me prometeu que manteria aquele garoto escondido!— ele acusou, desenrolando o lenço em volta do pescoço e rosto enquanto falava com ela severamente. —Eu avisei o que poderia acontecer se as pessoas na vila o vissem. Claro, houve rumores, mas nada foi confirmado, até ontem à noite!—

—Do que o senhor está falando?— Valerius questionou, a irritação crescendo em sua voz enquanto o homem mais velho continuava furioso diante dela. —Nunca deixo ele sair do quarto, muito menos de casa! Você deve está ficando louco—

—Louco? Você continua abrigando um verdadeiro demônio sob seu teto e ainda me chama de louco?— ele berrou. —Eu jurei que manteria seu segredo, considerando-o nos limites de uma confissão, quando você decidiu revelar sua existência para mim. Mas eu avisei que ele era uma criatura peculiar, muito inteligente e astuta para seus tenros anos, não é natural—

Valerius assentou com um suspiro de exasperação. —Mas o que tudo isso tem a ver com o motivo de você estar aqui?—

—O menino foi localizado!— o padre gritou. —Ele entrou furtivamente na reitoria na semana passada para tocar órgão e cantar! Muitos de meus paroquianos o ouviram e vieram até mim ontem à noite, alegando que a igreja estava sendo visitada por um anjo. No entanto, eu digo que não é um anjo de Deus, mas um demônio do inferno!

Marie estava pairando na porta com menção de Erik, ela engasgou em choque e cobriu a boca.

Oh, Erik, o que você fez?

—Não tem como ter sido ele— Valerius continuou a negar. —Eu tenho o menino trancado a sete chaves, ele não tem permissão para sair do quarto e a única outra pessoa com acesso ao seu quarto é... Marie— Ao dizer o nome da governanta, Valerius virou-se lentamente até ficar olhando diretamente para ela, olhando-a com os olhos semicerrados. —Ele não poderia estar na igreja... a menos que...

DESTINO - O Fantasma da ÓperaOnde histórias criam vida. Descubra agora