Crueldade e Maldade!

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Na manhã seguinte, Erik ainda estava se recuperando da noite dolorosamente desconfortável que foi forçado a suportar. Ele ficou acordado por horas, sua mente e corpo agitados com pensamentos do anjo que dormia a apenas algumas portas de distância.

Erik encontrou muito pouca paz naquela noite e não ficou surpreso quando acordou se sentindo como um morto-vivo, como sua persona fantasmagórica frequentemente afirmava que era.

Durante o café da manhã, mais uma vez feito com a ajuda de sua irritantemente independente assistente, ele abordou o assunto de sua próxima ausência. Ele sabia que levaria muito pouco tempo para subir e conseguir as velas, garantindo que não haveria repetição do fiasco da noite anterior, mas agora ele se deparava com um dilema.

A melhor coisa a fazer seria viajar para cima enquanto ela cochilava, garantindo sua segurança enquanto ele estava fora, assim como ele havia feito antes. Mas, agora que ela estava ciente de sua necessidade de reabastecer o estoque de velas e acreditava que ele não poderia sair durante o dia, ele foi forçado a ajustar o horário de sua partida por medo de que ela pudesse suspeitar.

Erik ainda se sentia péssimo por ter mentido para ela dessa maneira, e ele sabia que se não tomasse cuidado isso voltaria para assombrá-lo.

—Eu só vou ficar fora por um curto período de tempo— ele assegurou enquanto comiam —Não é uma longa jornada até a superfície e há muitos armazéns muito próximos onde posso conseguir as velas necessárias—

—Entendo— foi tudo o que ela disse, soprando distraidamente a xícara fumegante de chá em suas mãos, mas nenhuma vez erguendo a cabeça para olhar na direção dele.

—Eu poderia facilmente conseguir qualquer outra coisa que você possa precisar— ele continuou, confuso por sua aparente falta de interesse em seus planos —Mais lã, talvez? Você mencionou que gostaria de tentar criar um cachecol—

—Isso seria bom, lã vermelha, talvez?— ela murmurou, ainda parecendo estar muito mais absorta em sua bebida do que em suas palavras.

—Vermelho será então— ele assentiu, deixando o assunto morrer. Sua atitude era bastante desconcertante.

~~~

Foi naquela tarde que Erik teve uma ideia do motivo pelo qual ela havia agido de maneira tão estranha. Ele estava na sala de música procurando algum papel em branco, algo que estava sempre acabando ou esquecendo onde havia guardado algumas folhas de emergência, quando ouviu Christine se aproximar por trás. Ela ficou lá por algum tempo antes de limpar a garganta na tentativa de chamar a atenção dele.

Erik foi forçado a sorrir com seus esforços educados, pensando que era uma tolice, já que ele estava ciente de sua localização a cada momento do dia. Tudo exceto na noite anterior, isto é... quando ele estava distraído na banheira.

—Sim, Christine?— ele perguntou, sorrindo quando encontrou o que estava procurando, cinco folhas inteiras de papel em branco!

—Eu... estava me perguntando— ela começou, com a cabeça abaixada e as mãos inquietas à sua frente enquanto falava —Eu poderia... por favor ir também... quando você sai esta noite?—

Erik não estava preparado para este pedido e rapidamente se virou, suas mãos se fechando enquanto ele amassava as preciosas páginas em seus dedos.

—Você deseja... ir embora?— ele engasgou, mal conseguindo expressar a pergunta.

—Ir embora? Não!— Christine respondeu, olhando para cima rapidamente com uma expressão confusa —Eu só desejo acompanhá-lo, ir junto com você. Eu... eu gostaria de... tomar um pouco de ar fresco—

DESTINO - O Fantasma da ÓperaOnde histórias criam vida. Descubra agora