Na manhã seguinte, Valerius instruiu Marie a arrumar os macarons em uma travessa, e preparar o chá, e limpar a sala uma última vez. Erik parecia excessivamente subjugado quando ela lhe trouxe o café da manhã, recusando-se a comer, apesar da persuasão gentil dela. Ele não a olhava e seus punhos estavam fechados.
Marie tentou conversar com ele. Porém, ele não queria conversar. Ela podia entender sua apreensão; não saber que horrores esse convidado poderia trazer, e nada do que ela dissesse parecia aliviar sua mente ansiosa.
Marie imaginou vários trabalhos que precisavam ser atendidos na cozinha, tentando ter certeza de que estaria disponível quando o homem misterioso chegasse e, assim, permitindo que ela determinasse o objetivo de sua visita. No entanto, quando se aproximava o meio-dia, Valerius aparentemente tinha outras ideias e entregou-lhe uma lista de itens a serem comprados no mercado. Eram coisas que poderiam facilmente esperar por outro dia, então era óbvio para Marie que ela estava sendo mandada embora por um motivo.
Quem era esse homem que ela não queria que ninguém soubesse? Por que ele vinha duas vezes por ano, apenas para tomar chá e dar uma olhada em Erik? Marie tinha que saber!
Então, depois que ela foi praticamente forçada a sair de casa, Marie voltou, esgueirando-se para a cozinha e escondendo-se na despensa até ouvir a batida na porta da frente. Palavras foram trocadas enquanto os dois se dirigiam para a sala, permitindo que Marie seguisse silenciosamente pelo corredor e se posicionasse atrás de uma das grandes cadeiras do foyer, bem em frente ao arco aberto que levava à sala, poderia facilmente observar o que estava acontecendo, sem ser vista. E então ela ouviu.
—Você parece muito bem— disse o homem a Valerius, sentando-se em uma das cadeiras estofadas. Ele tinha cabelos grisalhos e um rosto muito esculpido e severo, exatamente como Erik havia descrito. Ele também estava impecavelmente vestido, desde o terno até a gravata de seda e o relógio de bolso dourado.
—Verdade, tenho me sentido melhor ultimamente— ela assentiu, sentando-se no sofá em frente a ele.
—A casa parece mais organizada— continuou ele, sua voz educada, mas ainda um pouco áspera.
—Desde que minha saúde melhorou, tenho feito muito mais limpezas— ela mentiu, fazendo com que o rosto de Marie se contorcer de indignação devido a sua alegação fraudulenta.
—E como... ele, está ultimamente?— ele perguntou, tropeçando um pouco sobre como se referir à criança.
—Ele está bem— foi tudo o que ela disse, mudando rapidamente de assunto. —Gostaria de um pouco de chá, eu preparei do jeito que você gosta?—
—Sim— ele assentiu, segurando a xícara enquanto ela servia.
—Como estão as coisas em casa e com seus negócios?— ela continuou, obviamente tentando bater um papo, mas parecia que a paciência do homem para tal frivolidade tinha acabado.
—Por que desperdiçar meu tempo com essas bobagens inúteis?— ele retrucou, colocando a xícara sobre a mesa com bastante força, fazendo a porcelana chacoalhar. —Se você deseja receber sua mesada pelos próximos seis meses, vá buscar o menino. Sou um homem ocupado e não tenho o dia todo—
Valerius abaixou a cabeça, levantando-se e saindo da sala.
Então , Marie pensou consigo mesma enquanto continuava a estudar o homem, este poderia ser o pai de Madame Leroux? Ele certamente tinha idade suficiente e ela perguntou como estavam seus negócios. No entanto, se este era o pai dela, por que ele a visitava tão raramente e o que era essa menção a uma mesada?
Valerius voltou antes que ela pudesse formular qualquer conclusão, e sua mente foi instantaneamente distraída por Erik e o aperto quase violento que sua mãe tinha em volta de seu pescoço, conduzindo-o na direção que ela queria que ele fosse.
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DESTINO - O Fantasma da Ópera
RomansaErik Leroux nunca conheceu o amor e afeto de sua mãe, ela nunca o mostrou nenhum dos dois, ele apenas conhecia o desprezo e a solidão. Até o dia que Marie Bryne foi contratada para trabalhar como governanta na Mansão Leroux, o pequeno Erik aprendeu...