Não demorou muito para que Erik abrisse a porta de sua casa subterrânea e levasse Christine em segurança para dentro. Ele a levou diretamente para seu quarto e gentilmente a deitou na cama, removendo sua capa antes de colocar o edredom sobre ela enquanto fazia o possível para parecer calmo e controlado.
Certamente não faria nenhum bem a Christine se ele também desmoronasse.
—Você está segura agora, minha querida— Erik sussurrou, suas mãos mais uma vez doendo para oferecer a ela alguma forma de toque reconfortante —Você está em casa, como você pediu— Se ele não estivesse tão perturbado com a condição dela, a ideia de que Christine se referisse a seu covil como lar o teria emocionado infinitamente. Mas,nada iria deixá-lo mais feliz do que fazer seu anjinho parar de chorar —Gostaria de algo da cozinha? Uma bebida? Algo para comer?— Erik estava desesperado para oferecer qualquer coisa que pudesse conter a maré de lágrimas.
—Não! Não me deixe!— Christine gritou, sentando-se enquanto ela estendeu a mão para agarrar uma das mãos dele, segurando-a como se fosse sua única tábua de salvação.
—Eu não vou a lugar nenhum— Erik jurou, carinhosamente colocando sua outra mão sobre a que ela, e dando um aperto reconfortante em seus dedos trêmulos.
Isso pareceu acalmá-la um pouco e ela deitou a cabeça no travesseiro, virando o rosto enquanto fechava os olhos e continuava a chorar silenciosamente. Erik estava mais uma vez sem saber como confortá-la, convencê-la de que ela estava segura sob seus cuidados. Ele pensou em cantar para ela, como tinha feito muitas vezes quando seus pesadelos a atormentavam.
Mas desta vez foi diferente, por enquanto ela estava acordada! A voz de Erik, erguida em uma canção, não tocava os ouvidos de ninguém há muitos anos e ele começou a suar frio ao pensar em fazê-lo agora. Fazia tanto tempo, e por um bom motivo, mas quando ele olhou para a miséria e a dor no rosto de sua querida Christine, Erik engoliu sua apreensão e fez isso... por ela.
A princípio, sua voz era baixa, quase inaudível por causa dos soluços contínuos dela, mas à medida que ele ficava mais confiante, seu volume também aumentava. Era uma canção suave destinada a apaziguá-la, e enquanto ele observava o rosto dela relaxar e as lágrimas começarem a diminuir, ele sabia que a estava atingindo.
Ela nunca soltou a mão dele, mas seu aperto ficou menos desesperado e ela virou o rosto para ele, olhando para ele com seus lindos olhos azuis. Erik continuou a música até o fim, permitindo que sua voz a envolvesse em cada nota como um cobertor reconfortante.
Quando ele terminou, ele simplesmente ficou sentado ali, completamente atordoado por ter encontrado dentro de si para fazer tal coisa. A mãe dele chamava sua voz do pecado, Marie chamava de milagre, mas para os ciganos era apenas uma maneira de ganhar mais dinheiro. Ele agora esperava com o coração na garganta para ver o que Christine diria.
—Foi você— Christine sussurrou, quase como se ela estivesse com medo de quebrar o feitiço de admiração que ele teceu ao seu redor —Era a sua voz que eu ouvia em meus sonhos, era você o tempo todo, cantando para mim todas as noites... não era? Oh, Erik... isso... isso foi além de lindo!—
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DESTINO - O Fantasma da Ópera
RomansaErik Leroux nunca conheceu o amor e afeto de sua mãe, ela nunca o mostrou nenhum dos dois, ele apenas conhecia o desprezo e a solidão. Até o dia que Marie Bryne foi contratada para trabalhar como governanta na Mansão Leroux, o pequeno Erik aprendeu...