05. O Comandante

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Minho abriu os olhos com dificuldade, sentindo sua cabeça e seu corpo doerem. Olhou ao redor percebendo estar em um quarto grande e escuro, visto que as cortinas vermelhas impediam a claridade adentrar o cômodo pela janela.

Moveu o corpo com dificuldade, percebendo que suas mãos e seus pés estavam acorrentados. Riu sem ânimo.

Acabou se assustando quando a enorme porta se abriu e algumas pessoas adentraram o quarto, vendo um dos garotos que atacou o acampamento adentrar o quarto por último.

— Qual o seu nome, rapaz? — Um deles perguntou, atraindo a atenção de Minho. Ele era um pouco alto e forte, cabelos loiros com cachos bem feitos e olhos pequenos que pareciam brilhar.

—  E isso importa? Aparentemente eu sou um prisioneiro. — O Lee suspendeu os braços presos, ouvindo o estranho que lhe sequestrou rir fraco.

— Perdão por nossa recepção, tivemos medo de você acordar e nos atacar... — O mesmo rapaz que falou consigo antes explicou. — Sou Christopher, bem vindo ao recanto da terra, conhecido popularmente como a tribo Tears.

— Recanto da terra? — Minho murmurou confuso.

— É o nosso território principal, onde o nosso comandante tem seu refúgio. — O rapaz explicou, indicando o garoto que continuava em silêncio apenas os observando. Aquele nanico era um comandante? — Qual o seu nome? — Christopher novamente perguntou, tentando ignorar a troca de olhares que estava acontecendo entre seu comandante e o estranho.

— É comum o seu comandante atacar pessoas inocentes, Christopher? — Minho questionou com um tom de voz levemente irritado. — O seu povo quase mata o meu irmão!

— Mas não matamos, ele é um rapaz de sorte. — Pela primeira vez o suposto comandante se pronunciou, aproximando-se do Lee. — Ele está com os inimigos, logo é um deles.

— Eu também estava, então sou um deles. Me trouxe aqui para me torturar ou tentar arrancar algum tipo de informação? — Minho questionou. — Está perdendo tempo, estava inconsciente desde que cheguei aqui.

— Eu sei que veio do céu. — O comandante murmurou. — E é por isso que está aqui.

— Você é louco...

Minho murmurou e percebeu que foi um erro grave visto o comportamento selvagem que os seguidores daquele louco se comportaram, ameaçando avançar sobre ele.

— Qual o seu nome, garoto do céu? — O comandante quem questionou dessa vez, apontando a faca para o Lee que recuou. — É a sua última chance de contar por livre e espontânea vontade.

— Lee Minho.

— Lee Minho... — Repetiu, girando a faca entre os dedos e se afastando. — É um nome interessante, você carrega uma linhagem importante.

— E o seu nome? — Minho questionou, vendo ele caminhar tranquilamente na direção da porta.

— Han Jisung, comandante das terras que cobrem todo o recanto. — Christopher o apresentou orgulhoso. — E a partir de hoje o seu comandante também.

— Eu não irei ficar. — Minho respondeu. — Preciso voltar pra lá, voltar para meu irmão.

— Você não tem muita escolha, Minho. — O comandante respondeu e abriu a porta. — Tente fugir e eu mato você. — Sorriu, deixando o quarto logo depois.

Todos os outros o seguiram em silêncio, sobrando apenas o Lee e Christopher no quarto que se aproximou dele e desamarrou seus braços.

— Ele vai me matar mesmo se eu não tentar fugir, certo?

— O comandante não é assim, não se preocupe. — O loiro respondeu. — Não posso entrar em detalhes visto que ele quem precisa lhe contar tudo, mas você é um sacrifício vivo.

— Um sacrifício vivo? — Questionou confuso.

— Ele irá explicar melhor, não é meu trabalho lhe dizer os motivos de você estar aqui. — Christopher resmungou. — Porém estarei sempre por perto e o que precisar é só me chamar, fiquei encarregado de cuidar de você.

— Cuidar de mim?

— Sim, impedir que tentem lhe matar e cuidar das suas necessidades. — Christopher sorriu simpático. — Talvez esteja assustado com a situação, mas não se preocupe. Não somos impiedosos como falam por aí.

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Minho engoliu a seco enquanto piscava rápido, não eram impiedosos como dizem por aí? Então eram o que? Trogloditas?

Ao nascer do sol ele foi convocado para ir assistir a um tipo estranho de julgamento que os nativos faziam, agradecia por ter recusado o café que lhe foi oferecido, com certeza vomitaria ao assistir aquilo. Uma garota estava torturando uma outra mulher que estava presa enquanto todos assistiam e vibravam ao vê-la agonizar.

Christopher havia o dito que não eram impiedosos e ele passou a noite em claro se culpando de ter um primeiro julgamento sobre eles errado, mas percebeu que de fato todos eram verdadeiros monstros.

— Não desvie o olhar. — Jisung segurou seu rosto o forçando a continuar assistindo aquilo, ele havia murmurando próximo do seu ouvido, sem olha-lo. — É desonroso não olhar.

Por algum motivo que ele não conhecia, o comandante o obrigou a sentar ao seu lado no exagerado trono. Minho tentou afastar a mão tatuada de si, mas foi em vão.

— Isso é monstruoso... — Minho cochichou. — Ela vai acabar morrendo!

— Mas é claro que sim, ela não merece continuar viva depois do crime que cometeu. — Jisung respondeu no mesmo tom, sem desviar o olhar das duas mulheres. — Ela matou o filho, sabia? 

Minho ficou chocado com aquilo, acabou desviando o olhar somente para encarar o comandante.

— O que você faria ao chegar em casa e ver a cabeça do seu bebê esmagada? Pobre Eric. — Suspirou. — Devido o crime brutal ela foi sentenciada a tortura e morte.

— Vocês são... monstros. Ela errou e concordo que deveria pagar pelo crime, mas com a própria vida? E desse jeito?

A mulher que a torturava  finalmente deu o último golpe, arrancando com a mão o coração da que estava sendo torturada e o suspendendo, ouvindo a plateia vibrar ainda mais. Jisung desviou o olhar pela primeira vez, encarando o Lee.

— É o jeito mais eficaz de fazer alguém pagar por seus pecados. — O comandante respondeu. — O que você faria para evitar isso?— Apontou para a cena do corpo morto sendo desamarrado pelos homens.

— Eu iria prende-la. — Minho respondeu. — Ela teria todo o tempo do mundo para pensar nos erros cometidos e se arrepender antes da morte.

Jisung riu e negou, aproximando seus rostos repentinamente.

— Você é bem inocente, gosto disso em você. — Murmurou, arrastando um dedo na bochecha do Lee. — Mas lembre, Minho. Tudo e todos sempre vão tentar te matar, não vivemos mais em um mundo pró vida como um dia você viveu.

— Fala isso como uma das pessoas que quer me matar?

— Falo isso como a pessoa que não quer matar você. — Jisung sorriu e se afastou. — Não o trouxe aqui para dar um fim na sua vida miserável, muito pelo contrário.

— O que?!

— Eu o trouxe para ser meu, Lee Minho. — O Han encarou o outro com intensidade, virando-se logo depois. — Vá para o quarto, não precisa ver a cremação.

Tears [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora