52. O debate sobre as leis

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Jisung estava sentado encarando os rostos presentes que aguardavam em silêncio que ele falasse algo, incerto de como poderia começar aquela reunião. 

Antes que conseguisse falar qualquer coisa a voz de Niki soou, atraindo a atenção de todos.

— Como você está?

— Bem, obrigado por perguntar Niki. — Respondeu, vendo o outro sorrir minimamente para si.  — Temos muitos assuntos para tratar.

— Devemos começar por qual? A morte esquecida de Jackson? — O Byun questionou de modo ríspido.  — Ultimamente você está tomando decisões que acarretam na humilhação de nosso povo, não acho que seja um bom líder.

Jisung riu e arqueou a sobrancelha encarando o Byun, ele nunca se deu bem com o outro e se forçava a atura-lo, sabia também que Baekhyun sempre o odiou, mas não imaginava que o rapaz seria tão cara de pau para assumir sua repudia daquela forma na frente de outras pessoas.

— Eu não me esqueci da morte dele e de todos os outros que morreram no último ataque. — O comandante se pronunciou.  — Esse é um outro motivo para nos reunirmos, iremos criar um novo plano de ataque para os próximos dias.

O silêncio absurdo reinou no lugar por longos minutos antes do suspiro de Jisung soar de maneira baixa.

— Quero discutir com vocês sobre nossas leis e entrar em um acordo para abdicar de algumas. — Começou de maneira calma, vendo a rápida mudança na expressão dos sacerdotes.  — Estive analisando e comparando algumas coisas,  existem regras muito antigas que não se aplicam mais ao que vivemos.

— Poderia dar um exemplo,  senhor? — Eunwoo falou pela primeira vez, estava explícito na cara do sacerdote que ele discordava deliberadamente daquele assunto. 

— A morte de crianças que tenham qualquer tipo de anomalia por exemplo,  dentre todas as leis antigas é de longe a pior que está em vigor nos dias de hoje. — Falou sério, ouvindo o riso baixo do Byun e o encarando um pouco irritado. — Algo engraçado?

— É curioso o fato de que você nunca ligou para as leis que temos e principalmente essa, mas agora toca no assunto querendo tirar ela de nossas regras. — Sorriu de maneira presunçosa.  — Isso tudo depois de ter bebê, devo ressaltar.

Jisung fechou levemente as mãos e se manteve sério, encarando o rosto do líder em sua frente enquanto sentia vontade de mata-lo. Antes que pudesse retrucar a voz jovem de Niki soou novamente. 

— Não seja assim, Baek. — O mais novo dos líderes falou. — Anos atrás o comandante nos reuniu com o mesmo propósito,  mas o antigo líder dos sacerdotes não permitiu e as coisas permaneceram da mesma forma.

— Fora que por causa dessa lei estúpida quase perdemos o comandante e seu bebê. — Chanyeol se pronunciou pela primeira vez. — Acredito que se você estivesse no lugar dele iria querer a mesma coisa. 

Os dois líderes se encararam em silêncio e com uma intensidade surreal,  Jisung pigarreou e então atraiu a atenção deles e dos outros para si novamente. 

— Esse é justamente os motivos. — Falou breve. — Aquela mulher que muitos desejam a morte só fez o que fez porque eu tirei a vida de seu bebê monstruoso, mas também só fiz isso por causa da lei. Pensem comigo, quantas pessoas do nosso povo já passou por essa mesma dor e quantas ainda terão que passar? É por isso que quero acabar com essa regra estúpida.

— Bebês e crianças monstruosas não serão fortes e capazes de se tornarem bons soldados, sem contar que os deuses abominam esses seres imperfeitos. — Eunwoo falou. — Temos que ser semelhantes a eles.

— Ninguém é perfeito,  sacerdote.  — Eric falou de maneira neutra.  — A mulher que imaginei ser perfeita era um monstro disfarçado, então bebês monstruosos podem ser na verdade a perfeição que você procura.

Rapidamente uma pequena discussão se iniciou onde cada um falava abertamente sobre a própria opinião, discordando em algumas coisas e concordando em outras. Jisung apenas observava os líderes e os sacerdotes debatendo em silêncio,  sentindo um cansaço enorme lhe sobrecarregar. 

Quando percebeu que o debate estava ficando mais intenso e explosivo ao ver o rosto vermelho de Baekhyun que agora falava mais alto do que todos os outros ele se levantou, chamando a atenção de todos em um grito pedindo por silêncio. 

— Será que não podemos chegar em um consenso? É tão difícil assim? — Falou irritado, olhando para o pequeno grupo de sacerdotes. — Vocês ouviram a opinião de outras pessoas que também concordam comigo, temos a vossa benção para acabar com essa maldita lei?

— Não podemos lhe dar uma resposta definitiva sobre isso, senhor. — Eunwoo voltou a falar como o líder dos sacerdotes.  — Iremos nos reunir para conversamos sobre esse assunto em particular,  afinal é um assunto delicado e está além do plano físico, envolve também o espiritual. 

— Traremos notícias dentro de alguns dias. — Um outro sacerdote acrescentou.

Com um suspiro pesado Jisung concordou, vendo os sacerdotes se retirarem em silêncio.  Ele se sentou novamente e então encarou os líderes que permaneceram em silêncio. 

— Sobre o caso de Jackson e o ataque que sofremos, nós iremos retaliar. — O comandante voltou a se pronunciar um pouco mais calmo. — Vamos planejar o nosso ataque.

— Qual tipo de ataque o senhor planeja? — Eric questionou. 

— Um definitivo.  Não quero que sobre nada ou meio sangue algum para contar histórias.  — Jisung respondeu sério, olhando os outros. — Vamos começar. 

🚀

Quando a reunião terminou já estava bem tarde, ele voltou para a caverna extremamente cansado, atravessando a cortina de folhas e percebendo que estava tudo silencioso demais. Foi até a parte de Jeongin o vendo dormir tranquilamente segurando o brinquedo que havia esculpido para sua bebê, sorrindo minimamente e arrumando o cobertor que o cobria.

O deixou tranquilo e então foi para a parte que dividia com Minho, segurando o riso ao ver ele dormir com os cabelos grandes bagunçados e a bebê em cima do peito. A garotinha estava acordada, mas se mantinha quietinha sem atrapalhar o pai que dormia. Ele a pegou com cuidado para não acordar o mais velho, cobrindo-o.

Saiu novamente da caverna com a bebê em seus braços e se sentou do lado de fora, observando em silêncio o lugar parado e silencioso enquanto sentia o vento gelado do inverno abraçar seu corpo. Beijou o rosto da garotinha e então esfregou levemente a ponta de seu nariz na bochecha dela, admirando em silêncio a lua cheia.

Estava tranquilo porque tudo daria certo, e se as coisas não saíssem da maneira que ele estava planejando ele faria dar certo.

— Custe o que custar, Jun. — Sussurrou, segurando o braço pequeno da bebê em seu colo.

Tears [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora