28. Nova convicção

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Quando Minho saiu de dentro da barraca conseguiu ver a correria que estava acontecendo dentro do lugar, recordando-se do primeiro momento que acordou ali. Tudo parecia tão familiar, mas ao mesmo tempo tão distante.

Olhou ao redor tentando enxergar alguém conhecido no meio da bagunça, olhando minuciosamente para os cantos daquele lugar. Jisung e os outros tinha o plano de resgatar o amigo sem precisar lutar, então seriam cautelosos e com isso com certeza pretendia entrar e sair pelos muros. Graças a ele a entrada foi fácil, mas agora que foram descobertos tudo se tornou um caos.

— Eles estão ali! — A voz de uma garota soou enquanto ela apontava para os fundos do acampamento. 

Automaticamente Minho levou o olhar para a direção apontada, vendo que Baekhyun e algumas outras pessoas estavam puxando Christopher pelo muro, enquanto Jisung o dava apoio como se fosse uma escada, suspendendo-o.

Minho não precisava ser um gênio para saber que o comandante como sempre se colocava em risco ao fazer esse tipo de coisa, ele realmente precisava ser o último a subir? Que ideia estupida!

Sem pensar duas vezes correu na direção em que eles estavam, empurrando algumas pessoas que também corriam, porém com o intuito de ataca-los. Infelizmente estava um pouco longe do comandante, vendo que cinco pessoas chegaram até ele primeiro e o atacaram em conjunto, vendo-o se defender como podia.

De cima do muro um rapaz alto e forte gritou, terminando de puxar Christopher e pulando para baixo, ficando na frente do Han como uma grande muralha. Mais pessoas os alcançaram e tudo parecia tão desesperador aos olhos de Minho, afinal eram dois contra vários.

Em um momento de descuido o Han não conseguiu desviar de um dos ataques com rapidez, sendo chutado pela barriga contra o muro enquanto a garota empunhava a espada suja de sangue na frente do rosto dele. Aparentemente,  ela o desarmou e o encurralou.

Antes que ela se movesse novamente  o homem que havia descido para ajudar o comandante girou o corpo junto a uma foice que carregava,  decapitado a mulher em questão de segundos. Segurando a ânsia de vômito Minho finalmente se aproximou o bastante deles, levantando o marido com certa pressa enquanto tentava checar com os olhos se ele estava bem ou não.

— Minho! — Jisung falou visivelmente aliviado, abraçando o Lee rapidamente.  — Obrigado,  Jack.

— Se apressem, estão chegando mais! — O homem falou um pouco irritado, odiava entrar em confrontos.

Minho sem esforço algum suspendeu o corpo de Jisung,  vendo os outros que estavam no muro o puxar para cima. Logo depois, escalou com um pouco de dificuldade,  recebendo a ajuda dos outros.

No final sobrou apenas Jackson que com uma força absurda empurrou mais de sete pessoas para trás, rodopiando a foice e decapitado em um único golpe todas elas. O Lee estendeu a mão para ele, vendo-o subir sem dificuldade alguma.

Quando já estavam do outro lado não tiveram tempo para conversarem, correram o mais rápido que conseguiam para fora do território dos meio sangue enquanto alguns dos vigias disparavam flechas contra eles. Christopher estava sendo carregado por um outro homem forte, um pouco maior que Jackson.

No final de tudo, apesar do caos, conseguiram salvar Christopher e felizmente não tiveram perdas.

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Devido a situação delicada que o loiro foi encontrado, precisou ir as pressas a casa de Hoseok para ser tratado com urgência. Ele estava muito machucado, visivelmente debilitado e bem... não tinha uma das mãos. Foi assustador para Minho ver o amigo daquele jeito, e a situação só piorou quando Seungmin apareceu em prantos.

Mais uma vez naquela semana o Lee se prontificou em consolar o Kim, tentando acalma-lo indicando que tudo ficaria bem e que felizmente Christopher havia voltado para eles. Não sabia se estava falando aquilo para Seungmin ou para si mesmo.

— Como você está? — Jisung perguntou em um cochicho. Agora já estavam no quarto que dividiam,  completamente sozinhos.

— Eu não sei... — Murmurou. — Não foi bem como imaginei que seria.

Visto a confusão visível do Lee, o comandante decidiu deixa-lo em paz para que pensasse com calma e de maneira lúcida. Naquele momento Minho não precisava ouvir nada, principalmente se fossem coisas desagradáveis. 

Jisung apenas ficou o encarando com certa preocupação,  seu corpo estava encolhido devido o vento gelado da noite que entrava pela varanda aberta, fora a dor que sentia em todos os seus membros,  porém em especial na barriga.  Aquela minhoca precisava mesmo chuta-lo no estômago?

Sem que o comandante percebesse, Minho se aproximou de si e o abraçou com cuidado, beijando com leveza seu ombro enquanto uma das mãos se movia até a cintura fina do menor.

— Você estava certo... — Falou claramente. — Não posso viver em um mundo desses sem estar preparado para o tipo de situação como a de hoje.

— O que? — Jisung respondeu no mesmo tom, confuso. Os dedos se moveram inconscientemente aos fios da nuca do Lee, puxando levemente o cabelo crescido.

— Se Jackson não voltasse para o ajudar, acredito que não estaria aqui agora. — Minho falou e suspendeu a cabeça,  olhando nos olhos do Han. — Eu iria perder você, talvez vocês... — Resmungou,  tocando a barriga do menor que arregalou levemente os olhos completamente surpreso.

— Minho...

— O que quero dizer é que não posso continuar sendo um fraco, agora mais do que nunca é necessário que eu consiga proteger você. — Falou breve.  — Eu sei que isso que aconteceu hoje não vai ficar assim, pelo que Felix disse eles não são o tipo de pessoa que preferem resolver conflitos com diálogos.

— Você está pensando demais. — Jisung resmungou receoso.

— Um sábio uma vez me falou que sanguinários incitam guerras mesmo sem motivos. É errado querer me tornar forte para ficar preparado para uma?

Jisung riu ao ser chamado de sábio, negando com a cabeça e mordendo levemente o lábio inferior enquanto encarava o outro.

— Por que mudou de ideia agora? Você realmente não precisa se submeter a isso. — Jisung falou, dedilhando carinhosamente o rosto do Lee. Minho sorriu pequeno com o toque, afinal as vezes ele era carinhoso consigo sem sequer perceber. Era raro, mas acontecia.

— Eu preciso ser forte para proteger a minha família. — Minho murmurou. — Proteger o meu povo... — Pigarreou.

— É tocante o que diz, mas você realmente está preparado para isso? Digo, erguer uma espada contra os meio sangue significa erguer uma espada contra o seu irmão. — Jisung respondeu analítico.

— Ele já machucou você uma vez,  não irei permitir que se repita. — Minho respondeu com uma convicção que por certo momento desestabilizou o comandante,  enquanto alisava o braço de Jisung que havia sido atingido por Felix dias atrás.  — Afinal, ele está morto para mim assim como estou para ele.

Por via das dúvidas o Han preferiu se manter em silêncio, concordando meio atordoado com a convicção do marido. Se Minho que estava decidido a aquilo, não seria ele que ousaria impedir. 

Tears [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora