25. A Fuga

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No dia seguinte logo cedo, Minho fez questão de se levantar primeiro para se arrumar. Ele sabia que Jisung não concordaria e sequer iria o esperar, então decidiu que levantando antes do comandante ele não conseguiria o impedir.

Ele mal conseguiu dormir durante a noite, se sentia nervoso e extremamente ansioso.

— Deu formiga no seu lado da cama? — Jisung questionou, bocejando logo depois.

Minho apenas riu fraco e terminou de arrumar o cinto, encarando o seu reflexo no espelho e se virando para o outro logo depois.

— Não. Eu irei com vocês.

— Ficou doido? — Jisung falou exasperado, olhando o outro de cima a baixo em um misto de confusão e preocupação.  — É uma missão de resgate, você indo conosco vai apenas atrapalhar. 

— Não serei um peso morto para vocês.  — O Lee falou convicto.  — Sei me defender muito bem, fora que preciso encontrar Felix e traze-lo conosco. 

— O plano é invadir sem precisar lutar, não teremos vantagens lá dentro.  — Jisung falou e se levantou. — Minho, você sequer participou das reuniões,  indo com a gente você pode atrapalhar.

Ele estava ciente de que não fazia ideia do que iria acontecer quando chegassem ao acampamento onde o irmão estava para resgatar Christopher, realmente não sabia do plano que o comandante e os outros líderes traçaram, mas era algo que ele precisava fazer.

— Desculpe, mas eu já me decidi e ninguém vai me impedir de ir também, nem mesmo você.

🚀

Pela milésima vez naquela manhã o Lee bufou irritado, encarando as próprias mãos acorrentadas. Observava com uma carranca enorme o comandante ir de um lado para o outro no quarto, enquanto se vestia adequadamente para o combate. O plano era evitar conflitos, mas nunca se sabe o que pode ocorrer em um campo de batalha e por isso é essencial estar sempre preparado. 

Jisung terminou de esconder todas as lâminas possíveis em suas roupas, parando finalmente na frente do espelho para pentear as madeixas longas e bem cuidadas apesar de não utilizar muitos cremes durante o banho ou após eles. Seu cabelo era incrivelmente e naturalmente sedoso. Os olhos do comandante se fixaram através do reflexo na carinha de cachorro sem dono que o marido fazia, segurando o riso ao vê-lo tão contrariado assim. Realmente fazia um bom tempo desde a última vez que o viu tão preso.

— Pensei que se sentia confortável com as correntes. — Comentou descontraído, prendendo o longo cabelo em um coque alto.

— Hahahaha como você soa engraçado, panaca. 

— Você realmente perdeu o respeito por mim, não é mesmo? — O outro se virou, puxando com um pouco de força a longa corrente, obrigando que o Lee involuntariamente desse passos desajeitados para a frente fazendo-o cair, ficando mais próximo de si. — Acha que já somos próximos o bastante e que terei pena de matar você?

— Eu acho que você seria o único que sairia perdendo se me matasse. — Minho retrucou, levantando o nariz com um ar superior. 

Quase que descrente Jisung riu, cerrando os olhos na direção do mais velho e o segurando pelo rosto, afundando os dedos curtos nas bochechas de Minho o obrigando a lhe encarar. 

— Ah? E o que eu perderia?

Minho não ousou responder, apenas deu um sorrisinho insinuativo o bastante para que fizesse o outro ficar constrangido ao ponto de quebrar o contato visual que estavam tendo. É, pela primeira vez desde que conheceu o comandante o viu reagir daquela maneira, para o Lee era um feito enorme. 

— Você fica bonito corado. — O outro ousou comentar, segurando o riso. Ouviu Jisung rosnar baixinho, demonstrando desaprovar aquele comportamento inusitado que Minho estava demonstrando, ele realmente estava começando a mostrar as garrinhas

— E você fica bonito calado. 

— Oh, você me acha bonito? — Minho não se conteve e gargalhou ao ver os olhos do menor lhe fitarem rapidamente, a leve expressão espantada do Han o fez rir mais um pouco. — Obrigado. Eu realmente te daria um beijo se não estivesse tão emaranhado nesses grilhões pesados. 

Jisung soltou um muxoxo enquanto revirava os olhos, pigarreando levemente ao se aproximar um pouco mais do outro. Não era todo dia que o Lee demonstrava um bom humor e estar tão aberto assim para lhe oferecer beijos, ele não era bobo de não aceitar apesar das circunstancias. 

Por sua vez, Minho sorriu minimamente ao ver o menor se aproximar pronto para lhe beijar, colando brevemente seus lábios enquanto enfiava sorrateiramente a mão no bolso do outro, capturando a chave e a escondendo embaixo da própria perna. Virou o rosto quando Jisung insinuou invadir sua boca com a língua, rompendo o beijo com a cara mais lavada do mundo. Sequer precisou dar um desculpa, visto que a porta do quarto se abriu abruptamente. 

 — O-oh! - O garoto se envergonhou, desviando o olhar. — De-desculpe s-s-senhor...  

— Jeongin... — Jisung murmurou, suspirando. — Veio me chamar? — Viu o mais novo concordar, sem conseguir olha-los. — Os outros estão prontos?

— S-s-sim! 

— Ótimo. — O comandante olhou uma última vez para o Lee, sorrindo minimamente e dando um leve tapinha na bochecha dele antes de se levantar e se afastar. - Cuide dele, sim? 

O Yang finalmente se virou para encarar o casal, concordando quase que desesperado com o pedido que lhe foi feito pelo comandante, se curvando de uma maneira exagerada quando Jisung pegou sua espada e deixou o quarto sem olhar para trás. 

Minho suspirou quando se viu sozinho no cômodo com o garoto, ele parecia um adolescente. Encarou curioso o rosto desconhecido, vendo-o fazer menção de sair do quarto silencioso, mas antes do menor conseguir dar um passo para fora ele o chamou.

— O s-senhor pre-precisa de a-algo? — Perguntou entre gaguejos. Ou ele tinha algum problema ou realmente era extremamente tímido. 

— Você é gago? 

- E-eu não sei b-bem... Ta-Talvez? 

— Você é gago! — Minho resmungou. — Jeongin, correto? — O viu assentir. — Venha, me ajude aqui. 

Meio perdido o garoto se aproximou, ajudando o outro a se levantar com cuidado. Olhou surpreso para o Lee quando ele pegou a chave que estava escondida, livrando-se por contra própria das correntes que lhe prendiam. 

Não pôde evitar rir ao ver a expressão contrariada no rosto do garoto, apertando levemente o ombro dele e atraindo completamente sua atenção para si. Minho sorriu gentilmente, olhando nos olhos claros e brilhantes. 

— Olhe só eu preciso ir com eles, mas o seu comandante tentou me impedir. — Minho comentou, jogando a chave por cima dos ombros. — Você vai me levar ate onde eles irão.

— E-Eu?

— Você! - Falou convicto. — Eu não sei o caminho ate o acampamento do Hendery.

— Se o co-comandante o prendeu d-deve ter sido por a-alguma ra-razão.— Jeongin falou incerto, se afastando do Lee que sorria gentilmente para si, entretanto ele sabia muito bem quais tipos de intenção aquele sorriso tinha. Era um sorriso diabólico, porém disfarçado, como os que o comandante Han sempre dava antes de matar alguém. 

— Ele não pode me privar de ir, eu preciso reencontrar o meu irmão, você entende? — Minho resmungou em uma quase súplica, vendo o outro lhe encarar incerto. — Por favor, Jeongin...

Sem sequer falar nada o menor agarrou o pulso do Lee, puxando-o na direção da porta e bisbilhotando o movimento do lado de fora do quarto antes de sair correndo com Minho em seu enlace. O mais velho acabou sorrindo feliz com a ajuda, admirado com a coragem que o garoto transmitia a cada passo dado. 

Não o conhecia direito, mas sabia que ele era um amor, assim como Christopher e Seungmin. 




Tears [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora