Tears [MINSUNG]

34. Reunião

— Isso é uma péssima ideia! — Minho falou nervoso, sequer tentava esconder que estava estressado. 

Ele observava atentamente o comandante se vestir, desistindo de utilizar uma armadura por achar pesada demais. Ultimamente já tinha o peso do próprio corpo e da barriga saliente,  aquilo iria atrapalhar mais.

— Eu não posso esperar aqui de braços cruzados. — Jisung respondeu,  trançando o cabelo. 

— Você não pode ir com a gente.  — Novamente o Lee tentou intervir,  seus nervos pareciam borbulhar. Odiava a teimosia de Jisung. 

— Você que não pode ir. — O Han retrucou. — Não está preparado para isso.

Minho bufou ao ouvir as palavras, segurando o pulso do menor quando ele moveu a mão na tentativa de pegar a tinta preta para pintar o próprio rosto. Os olhos pequenos se fixaram no rosto do outro, suspirando logo depois.

— Como líder eu preciso estar lá, Minho. — Jisung falou com a voz estável,  suspirando logo depois. — Com guerra ou não é minha obrigação participar de reuniões que envolvam a minha tribo.

— Eu sei disso, mas é perigoso! — O Lee falou nervoso. — E se acontecer alguma coisa com você ou o bebê?

Jisung preferiu não responder nada, apenas desviou o olhar e suspirou novamente,  focando em terminar de se preparar. Barulho de batidas soou na porta e os dois desviaram o olhar para ver quem era, enxergando Hyejin adentrar de maneira tímida o cômodo.

— Não queria incomodar os senhores, mas está tudo pronto para a partida. — A mulher falou e então se retirou novamente. 

O comandante se levantou e pegou uma espada, olhando uma última vez o Lee antes de sair do cômodo sem dizer mais nada. Minho também se apressou a segui-lo, ficando um pouco surpreso com as quinze pessoas que os aguardavam do lado de fora da torre.

Hyejin entregou ao comandante sua montaria, alisando o corpo da égua antes de se afastar novamente.  O Lee ajudou o outro a subir no animal, checando se ele estava bem. Odiava aquela ideia, lembrava claramente que o curandeiro o proibiu de cavalgar, treinar e fazer qualquer atividade envolvendo adrenalina e esforço por causa da gravidez de risco.

O moreno então montou em um outro cavalo que lhe foi dado pela mulher, segurando com um pouco de força os cabelos do animal. Não era bom galopando.

Depois que todos montaram em seus respectivos cavalos, todos eles saíram do recanto em fila e completo silêncio. O lugar marcado não era tão longe, chegaram lá em poucos minutos e Minho conseguiu reconhecer os rostos familiares dos outros líderes.

Cada líder estava acompanhado apenas de uma pessoa, eles pareciam estar esperando há horas. Todos eles arrumaram a postura ao verem o comandante,  Minho desceu rapidamente de sua montaria e praticamente correu até o outro,  ajudando-o a descer e o olhando um tanto preocupado.

Jisung o olhou de maneira breve e então desviou a atenção para os outros, cumprimentando a todos e se desculpando pela demora.

— E então? — Jackson foi o primeiro a se pronunciar,  ele parecia estar preocupado. — Aconteceu alguma coisa? A carta marcava uma reunião urgente.

— Eu realmente peço desculpa a todos, mas foi um alarme falso. — Jisung falou, segurando as mãos atrás das costas. — Uma mulher se infiltrou em Tears e marcou o encontro, ela planejava um ataque aos líderes.

Minho olhou pelo canto dos olhos para o outro que estava completamente sério, Jisung iria omitir que o erro foi causado por ele?

— E onde ela está? — Niki,  o líder mais novo que tinham, quem falou. — Deveríamos julga-la e tentar arranjar informações sobre este suposto ataque.

— Eu a matei no calor do momento.  — Jisung resmungou,  suspirando. — Mas aproveitando que estamos aqui seria bom deixar claro que todas as tribos precisam se preparar,  eles com certeza irão esperar algum momento de fragilidade para tentar algo.

— Você não me parece preparado o bastante.  — Baekhyun alfinetou,  rindo fracamente enquanto encarava a barriguinha saliente do Han.

Ainda estava nas primeiras semanas da gestação,  mas a barriga já mostrava uma pequena saliência dependendo da roupa que usava.

— Pode ter certeza Baekhyun que isso não me impediria de quebrar a cara de ninguém,  quer pagar 'pra ver? — Os olhos do Han estavam fixos no outro e pareciam sair faíscas, era perspectivel que ele o odiava.

O Byun suspendeu as mãos em sinal de rendição ao dar de ombros e rir de maneira cínica, desviando o olhar na direção do Lee e piscando para ele. Jackson que estava ao lado do menor suspirou, completamente cansado do comportamento impertinente de Baekhyun.

Minho olhou ao redor paralelo as conversas que os líderes e Jisung estavam tendo sobre o suposto ataque, montando pontos de estratégias e separando uma lista de pessoas que iriam ir para o recanto de Tears cuidar da proteção da casa principal  deles.

Enxergou um pouco distante deles um movimento estranho, olhando para os outros e se afastando em silêncio completamente curioso. Afastou com as mãos as folhagens de várias árvores baixas que tinha no caminho, parando na frente de um veado.

Encarou os olhos amendoados do animal, completamente curioso por causa da boca deformada dele. Estava tão distraído que mal viu quando um gigante se aproximou, pisando no bicho e o esmagando. Minho sentiu o chão tremer e quase caiu para trás, encarando apavorado a figura sobre-humana em sua frente.

— Desculpe.  — A voz grave soou e ele afastou o pé enorme de cima do animal, balançando ao perceber que estava encharcado de sangue.

Ignorando completamente o Lee ele passou reto, indo até onde os outros estavam andando lentamente.  Minho se virou e então foi correndo até Jisung,  conseguindo o ouvir suspirar quando o grandalhão se sentou próximo deles,  abalando o chão.

— Estou muito atrasado? — Ele perguntou encarando os outros.

— Sim. Niki vai explicar a você tudo que foi conversado nesta reunião.  — Jisung respondeu e então se afastou minimamente dos outros. — Acho melhor voltarmos antes do cair do sol.

— Jisung.  — Chanyeol o parou antes que ele se afastasse muito. — Julgando que seu palpite esteja certo, acredita que vão demorar tanto assim para um ataque?

— Com certeza,  eles vão pensar em se preparar antes do ataque e talvez se aliar com os minīmaru.  — Jisung respondeu. — É um momento que vamos usar para nos prepararmos também,  talvez seja a guerra definitiva entre nosso povo.

— Você acha mesmo? — Niki resmungou, incerto. — Essa luta já vem acontecendo há séculos.

— E há séculos esperamos ele. — Jisung olhou para Minho. — A profecia está se cumprindo aos poucos,  não sabemos o que está por vir e é bom se preparar.

— Você está certo, Han-ah. — O rapaz musculoso falou, dando alguns passos. — Irei visita-lo qualquer dia desses, gostaria de conversar com você em particular. 

— As portas da torre estarão sempre abertas para você, Jack. — O menor respondeu e sorriu minimamente,  se despedindo dos outros.

Minho o olhou e o ajudou a subir em sua montaria novamente,  tinha tantas perguntas que gostaria de fazer ao comandante, mas iria esperar o momento certo. Sabia que ele estava cansado e se disparasse agora iria o sobrecarregar ainda mais.

E então voltaram para o recanto, enquanto o comandante pensava em silêncio qual passo poderia dar agora.