O Lee ficou maravilhado quando a paisagem de uma cachoeira grande, suas pedras rochosas e árvores belas que enfeitavam seu entorno tomaram sua visão. Era extremamente belo e ele nunca havia visto algo tão lindo assim antes, nem mesmo antes do mundo "acabar".
— E então? — Jisung questionou ao seu lado visivelmente esperançoso.
— É lindo!
O comandante riu convencido, concordando. Jisung agarrou a mão do outro e o puxou consigo, descendo com cuidado as pedras molhadas a fim de chegar ao final da cachoeira onde havia um vasto lago cristalizado.
Quando chegaram ao final o Han soltou a mão alheia, abaixando próximo a água e a tocando com a ponta dos dedos completamente concentrado na correnteza. Minho se abaixou ao seu lado e tocou a água também, percebendo que não era tão gelada como ele imaginou.
— Será que existe animais aí dentro? — Comentou curioso, queria banhar os pés.
— Pequenos peixes. — Jisung resmungou. — Quer se banhar?
Minho negou e se sentou na borda, colocando os pés para dentro do lago e os batendo levemente, sacudindo a água. O comandante o observava atentamente, sorrindo minimamente antes de desviar o olhar.
O mais velho estava tão concentrado em observar o mover da água que sequer percebeu que o Han lhe observava.
— Eu tenho um pedido. — Minho resmungou incerto. — Para ser sincero eu planejava fugir durante o passeio.
— Eu sei. — Jisung falou, rindo fracamente. — Foi uma desculpa bem esfarrapada que você arrumou. — Comentou. — Mas o que lhe fez mudar de ideia?
— Sei lá. — O Lee deu de ombros. — Acho que percebi que não tenho medo de você e consegui ver um outro lado seu que é... Digamos que encantador. — Falou incerto. — Eu vou ficar e casar, mas peço que deixe meu irmão morar em suas terras.
Jisung o observou e percebeu que ele estava sendo sincero, suspirando e se sentando ao seu lado logo depois.
— Certo. Irei traçar um plano com os outros para o resgatarmos. — Jisung falou. — Porém se ele não quiser, não irei obriga-lo e o considerarei inimigo também.
— Jisung-
— Entenda que tudo o que eu faço primeiramente é pensando em meu povo. — Jisung o cortou e prosseguiu. — Se ele não quiser ficar conosco não podemos obriga-lo.
— Eu sei que ele vai ficar, sempre ficamos juntos desde crianças e não vai ser no fim do mundo que ele vai preferir se manter longe. — Minho falou convicto, vendo o outro concordar em silêncio.
Jisung se levantou de repente e o outro o olhou um pouco assustado, levantando também. O comandante fez um sinal de silêncio e se afastou do outro, puxando as duas facas que ficavam presas ao cinto as empunhando. Ele havia ouvido uma respiração pesada, precisaria ficar atento com o ataque de algum animal ou ate mesmo de um inimigo.
Caminhou a passos silenciosos pela borda do lago, dando a volta com total cautela e encarando a caverna que ficava escondida por causa da água que caia da cachoeira. Minho também o seguiu, utilizando o outro como escudo.
O comandante espiou o que tinha lá dentro e ao ter certeza do que seus olhos viram, olhou o Lee e fez um sinal para ele voltar, empurrando quase que desesperado o outro pelos ombros. Minho se assustou e refez o caminho rapidamente, tentando ser silencioso, porém pisou em um galho.
— Droga! — Ouviu Jisung sussurrar.
Imediatamente por cima do sussurro a respiração um pouco mais forte foi ouvida pelos dois rapazes, seguido de um rugido alto. Minho sentiu seu corpo petrificar ao ver a imagem de um dragão enorme sair de dentro da caverna rochosa e os encarar com os olhos amarelos enormes, por todo o corpo escamoso do animal havia machucados e uma lança presa em um dos braços do bicho.
O animal os encarava sem mover um músculo sequer, parecia analisa-los. Jisung moveu a cabeça lentamente somente para olhar o maior.
— Não se mova. — O Han ordenou em um sussurro.
Minho o olhava visivelmente desesperado, enquanto sentia seu corpo tremer. O comandante olhou nos olhos do animal guardando suas facas e então se aproximou um passo com as mãos erguidas, visto que o dragão não o atacou se aproximou um pouco mais, parando de andar ao ouvir o animal bater a pata grande no chão e puxar a areia para trás com as garras.
O Lee que assistia a tudo em silêncio chiou, fechando os olhos com força com medo de ver o animal comer Jisung. Depois de alguns segundos resolveu abrir os olhos vagamente, suspirando aliviado ao ver que o comandante ainda estava intacto.
— O que está fazendo?! — O Lee cochichou ao ver que o rapaz não havia desistido de se aproximar do dragão.
— Eu quero ajudá-lo e ele sabe disso. — Jisung respondeu, erguendo uma das mãos na direção do dragão e o olhando no fundo dos olhos. — Não vou te machucar. — Murmurou baixinho somente para o animal ouvir.
O dragão o olhava completamente curioso, iria aproximar o rosto enorme da mão pequena erguida em sua direção para cheira-la, mas parou e moveu as orelhas irritando-se rapidamente quando outra lança foi jogada em sua direção. Institivamente partiu a arma com o rabo, rugindo irritado.
Não apenas Minho, mas Jisung também se assustou e rapidamente se afastou do animal ao vê-lo tão feroz. O comandante então viu alguns dos homens de Hendery, correndo até o Lee e o arrastando consigo. Iria tentar fugir, entretanto sentiu a rajada de vento forte e a poeira levantar quando o animal bateu as asas, voando na direção que eles dois estavam.
Sem ter muitas opções Jisung empurrou o Lee na água e se jogou logo depois, encolhendo o corpo quando o animal passou voando em cima dos dois os ignorando completamente, indo até os outros que o atacaram. Sequer teve tempo de ver o que estava acontecendo entre o animal e os homens de Hendery, visto que se desesperou ao ver o maior bater os braços enquanto pedia por socorro.
O comandante nadou até onde o maior estava e o segurou, puxando o corpo de Minho para o outro lado da margem o tirando de dentro d'água. O Lee cuspiu água e agarrou a terra com a ponta dos dedos desesperado, respirando com dificuldade por ter se afogado. Jisung o observou em silêncio e então suspirou, olhando para o outro lado e percebendo que o animal parecia ter fugido enquanto os homens que o atacavam lhe seguiram.
— Você quer nos matar?! — Minho falou irritado ao se virar para o menor. — Por que se aproximou tanto?
— Tsc. — Jisung tirou a blusa molhada e a torceu, expondo o corpo tatuado.
— V-Você poderia ter morrido. — Minho continuou, gaguejando nervoso ao perceber que se pegou observando demais o tronco nu do outro.
— Ele não ia nos atacar. — Jisung retrucou, encarando o Lee. — Me cumprimentou, não viu? Aqueles canalhas estão os caçando, por isso eles sumiram.
— Caçando os dragões? Por quê? — Minho cochichou a pergunta. — Se bem que já é muito incomum dragões existirem...
Jisung jogou a blusa em cima do ombro e encarou o outro seriamente, virando o rosto e começando a retomar o caminho que haviam feito para chegarem ali.
— De todos os animais da terra os que ainda são comestíveis são os dragões e alguns cervos que não foram afetados pela radiação. — Explicou brevemente. — Os caçam para se alimentar. Nessa era carne de dragão vale ouro.
— Pensei que a radiação havia acontecido há duzentos anos atrás. — O Lee comentou ao se lembrar daquela hipótese levantada pelo irmão, seguindo o comandante que o olhou por cima dos ombros.
— E aconteceu, mas a terra ainda está contaminada e todos que nela vivem. — O comandante respondeu. — Muitos adquiriram imunidade e a radiação não os afeta, outros não tem essa mesma sorte... Por isso é comum matar pessoas que nascem com algum tipo de anomalia ou ate mesmo monstruosidade, é lei.
Minho concordou em silêncio e preferiu não prolongar o assunto. Ele percebeu que Jisung parecia não gostar de falar sobre. Na verdade, nem ele se sentia bem em conversar sobre aquilo. Ainda não estava totalmente acostumado com o novo mundo em que vivia mais uma coisa ele sabia: não era nada justo.
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Tears [MINSUNG]
FantasyLee Minho e seu irmão Felix são dois astronautas que estavam em uma missão no espaço quando o mundo em que viviam foi bombardeado por uma radiação que matou milhares de pessoas. Depois de anos presos dentro de uma nave no espaço, os rapazes acabam s...