45. Confie em mim

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O casal se aproximou do adolescente com cuidado, Minho tocou o rosto do garoto verificando se ele ainda tinha pulso, suspirando aliviado ao perceber que Jeongin estava vivo.

Verificou o machucado do menor percebendo que havia sido acertado na lateral de sua cabeça,  mas fora o lugar ensanguentado ele não tinha nenhuma outra ferida.

Desviou o olhar para o comandante ao ouvir um barulho de rasgo, percebendo que ele havia rasgado a blusa que usava e tentava enfaixar o braço ferido. Jisung o olhou em silêncio após dar o nó no pedaço do pano, suspirando outra vez. 

— Como você está? — Questionou em voz baixa, não sabia ao certo o que falar depois de tudo o que aconteceu. 

— Péssimo.  — Minho murmurou de volta, segurando com cuidado o corpo do adolescente em seus braços. — Eu... Eu não queria ter feito isso, mas eu vi que ele realmente iria machucar você e não pensei duas vezes em impedi-lo.

O comandante o olhou em silêncio, abaixando o olhar logo depois.  Se ele não tivesse sido tão fraco aquilo poderia ter sido evitado, Minho não precisaria sujar as mãos e muito menos carregar pelo resto da vida o peso de matar o próprio irmão. 

Uma angústia misturado a culpa parecia rasgar seu peito, mas não podia permanecer ali parado ou parar para consolar o Lee mesmo sendo o que mais queria, afinal seu povo ainda lutava do lado de fora e precisava dele.

Sabia que não tinha energia ou força no momento, mas precisava se manter inabalável ou ao menos passar essa imagem, afinal as pessoas precisariam de um incentivo e de um líder aquele momento. 

Jisung levantou enquanto se apoiava na parede, olhando para o Lee que lhe encarava com um olhar perdido. Deu um passo na direção dele, mas então sentiu suas pernas bambearem e seu corpo desligar, desmaiando logo depois.

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Resmungou ao sentir alguém cutucar levemente sua bochecha,  remexendo o corpo pesado antes de abrir os olhos e se sentar um tanto que apressado. Olhou ao redor encarando o marido ao seu lado, percebendo que estava na casa de Hoseok com algumas plantas medicinais em seus braços e em outros arranhões que tinha pelo corpo aparentemente nu.

Sequer teve tempo de questionar algo, Minho o puxou para um abraço forte assim que o viu acordar, suspirando aliviado de uma maneira audível que partiu o coração do menor, fazendo-o retribuir o contato.

— Eu fiquei com tanto, tanto medo! — O Lee falou apressado. — Como está se sentindo?

— Confuso e um pouco pesado, não sei... — Respondeu, encarando os próprios braços ao se afastar. — Sinto que meu corpo pesa toneladas.

— Você ficou desacordado por dias, Hoseok falou que foi a exaustão que o fez desmaiar. — Minho explicou, cuidadoso. — E que por pouco o bebê está fora de risco.

Jisung ouviu as palavras em silêncio e tentou processar a informação,  olhando para o marido de maneira alarmada logo depois.

— Dias? E o que aconteceu?

— O recanto ficou bem destruído, mas tivemos poucas perdas e eles foram obrigados a recuarem no final do dia não apenas pelo cair da noite, mas também porque seu amigo grandão chegou.

— Odlin? — Questionou,  suspirando quase que aliviado.

— Isso. Depois que eles partiram não houve outro ataque. — O Lee murmurou, tocando a mão do menor. — A torre caiu...

Jisung abaixou o olhar para a própria barriga, sentindo uma raiva crescer em seu interior. Além da sua casa eles haviam destruído sua tribo, não iria ficar assim.

Com certeza perdeu as coisas do seu bebê já que a torre havia caído, fora que agora estava sem casa. O comandante se virou colocando as pernas para fora da cama enquanto tentava cobrir o corpo com o lençol limpo, atraindo o olhar confuso e apreensivo do Lee que segurou suas coxas o impedindo de se levantar. 

— O que pensa que está fazendo? — Minho o questionou.

— Irei revidar com força. Vou reunir o meu povo e traçar um plano de ataque, eles estão frágeis e destruiu o nosso lar. — O comandante retrucou, olhando o outro nos olhos. — Então saía de minha frente.

— Eu entendo Jisung,  mas você tem que pensar que-

— Saía de minha frente! — O menor elevou a voz visivelmente irritado.

— Eu não vou sair! Você tem que aprender a ouvir as pessoas e aceitar conselhos, entendo que é um líder, mas se continuar liderando dessa maneira e de cabeça quente você só vai perder seu povo aos poucos.  — Minho respondeu no mesmo tom, nervoso.

— Quando eu parei para ouvir alguém fiquei vulnerável ao ponto de sofrer um ataque e ver destruição dentro de minha tribo pela primeira vez na história!

— Você não está vulnerável Jisung,  tire isso de sua cabeça! — O outro retrucou um pouco mais calmo, suspirando. — Conseguiu se proteger sozinho e ainda proteger Jeongin e nosso bebê, alguém vulnerável não faria metade do que você fez aquele dia.

O Han desviou o olhar para a porta do cômodo, enquanto ouvia em silêncio as palavras do outro. Ele não se sentia assim e muito menos estava satisfeito com o ocorrido. Jisung sentia que havia abandonado seu povo já que não lutou ao lado de sua tribo, pensar aquilo o incomodava mais do que tudo.

Pela primeira vez estava se sentindo um perdedor inapto. Estava com vergonha de suas ações.

— Eu estive pensando muito em tudo o que aconteceu,  conversei com algumas pessoas também e a melhor opção que temos agora é sair daqui.

— O que? — Jisung riu em escárnio. — Está mesmo me falando para abandonar minhas terras e fugir como um animal assustado?

— Não vamos fugir como um animal assustado, iremos nos preparar em um local que proporcione segurança para todos. — O Lee retrucou. — Entendo sua raiva pelo que fizeram, mas você tem que pensar na saúde do bebê também. Sabe que quase perdeu ele de novo, não sabe? Desde o início Hoseok advertiu que é uma gravidez de risco e que você precisa de repouso.

— Mas é inadmissível fechar os olhos e esquecer o que eles fizeram!

— Não vamos esquecer, eu nunca falei isso. — Minho segurou as mãos do menor, apertando-a levemente. — Iremos deixar a poeira abaixar em um lugar que proporcione a todos segurança e quando você ter nosso beber iremos retaliar, não acha que assim é melhor? Jisung você ainda não viu como está lá fora e nem viu o seu povo, eles estão cansados e precisam de um tempo também. 

O comandante o olhou ainda incerto,  suspirando enquanto abaixava o olhar. Encarou a barriga coberta pelo lençol, soltando outro suspiro. Sua cabeça estava tão cheia e suas emoções afloradas que ele não conseguia pensar em nada sensato.

Sentiu as mãos do mais velho tocarem seu rosto enquanto o suspendia com cuidado, fazendo com que ele o olhasse. Minho olhou no fundo dos olhos castanhos,  beijando a testa do comandante.

— Eu não quero perder você, nosso bebê, Jeongin ou qualquer outra pessoa por uma ação precipitada. — Murmurou. — Por favor confia em mim.

— E para onde pretende ir? Você nem conhece a terra como nós.  — Jisung perguntou, segurando a mão quente do Lee. — Não existe lugar seguro aqui.

Minho sorriu minimamente e novamente murmurou um "confie em mim", recebendo um aceno cansado do outro enquanto o abraçava com cuidado. Após ter finalmente convencido o comandante e esperar que Hoseok o examinasse, o ajudou com o banho antes de receberem a visita do adolescente que já estava bem e havia acordado no mesmo dia do ataque, horas depois. 

Eles três ficaram conversando sobre o bebê e também a fúria do pequeno dragão, elogiando o animal que balançava o rabo longo e se abrigava no colo do comandante ao lado de sua barriga.

O Lee desviou o olhar se perdendo em pensamentos sem nem mesmo perceber. Ele não permitiria que nada de ruim acontecesse com Jisung ou seu povo.

Tears [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora