Jisung estava sentado no parapeito de pedregulho da sacada de seu quarto, coberto pelo manto grosso da coberta enquanto assistia em silêncio o recanto dormir. Se aproximava da madrugada, mas ele não tinha sono algum.
Na verdade estava sentindo o seu corpo completamente exausto e um enjoo incômodo, mas ao tentar dormir apenas revirou na cama e não conseguiu. Diferente de Minho que havia apagado com um livro em cima do peito, estava lendo uma escritura antiga que continha informações sobre algumas profecias de antigos xamãs, além de conter informações sobre a árvore mãe e acabou dormindo.
O cabelo solto esvoaçou levemente quando uma rajada um pouco forte de vento soprou, suspirando um tanto que preocupado. Aquele silêncio o matava por mais que não gostasse de admitir. Estava se sentindo exposto e vulnerável, poderiam ser atacados a qualquer momento e isso o incomodava.
Aquilo o assustava porque não estava preparado para uma batalha, seu povo muito menos. Eles cresceram em cima de treinamentos pesados dia e noite, lutam desde crianças, mas não sabiam o que estava por vir e aquilo o assustava. Era assustador o fato de conhecer o seu inimigo ao ponto de saber que ele não era previsível, Jisung nunca conseguiu ler as ações de Hendery e nunca soube o que ele pensava e isso sempre o incomodou.
— Ei... — A voz baixa e quase arrastada de Minho soou próxima de seu ouviu, sentiu os braços dele o abraçar enquanto o queixo se apoiava em seu ombro. — Está se sentindo bem?
— Um pouco enjoado e cansado, nada demais.
— Não consegue dormir? — Minho murmurou, beijando a bochecha do menor.
— Não...
O Lee se afastou e rompeu o abraço somente para sentar ao seu lado, olhando o rostinho cansado e visivelmente preocupado.
— Quer compartilhar o que está lhe preocupando?
— Realmente queria esquecer isso no momento. — Jisung suspirou. — São apenas pensamentos sobre essa suposta guerra...
Minho ouviu de modo atento e então suspirou, concordando em silêncio com o menor. Ele também se sentia inquieto e preocupado sobre o suposto ataque que poderiam sofrer a qualquer momento, mas não queria transparecer para o outro. Quanto menos Jisung pensasse naquilo melhor seria para ele e o bebê.
— Eu sei uma maneira legal de te fazer esquecer. — O Lee comentou, colocando alguns fios do cabelo longo do Han atrás da orelha furada dele enquanto aproximava seus rostos.
Minho colou suas bocas de maneira delicada, entreabrindo lentamente os lábios os encaixando aos do menor. Segurou a mão de Jisung e a apertou um pouco, tentando transmitir através do contato das mãos unidas e daquele beijo confiança e acolhimento para o outro.
Se ele mesmo se sentia nervoso e ansioso com aquela situação, não queria nem imaginar como Jisung poderia estar se sentindo já que suas emoções pareciam duplicadas por causa dos hormônios.
O menor o puxou um pouco mais para perto, acolhendo o corpo de Minho debaixo do cobertor, sem distanciar os lábios unidos no beijo casto. Jisung sentiu seu corpo relaxar quando sentiu os dedos do mais velho pressionarem suas costas, deslizando a mão por seu dorso em um carinho reconfortante.
— Você... — Minho sussurrou, encostando suas testas.
— O que tem eu? — O comandante sussurrou de volta, vendo o Lee se afastar um pouco somente para o olhar nos olhos.
— Você não está sozinho, Sungie. — Falou, olhando as orbes brilhantes do menor. — Não precisa carregar sozinho o peso de suas responsabilidades e questionamentos, estou aqui para te ouvir e lhe ajudar com o que precisar. Afinal família é isso, concorda?
Jisung riu fraco, desviando o olhar meio constrangido. Ele não tinha o costume de compartilhar responsabilidades, pensamentos ou até mesmo sentimentos, mas sentia que de certa forma não via dificuldades em fazer nada daquilo com Minho.
— Falando em família... — Começou, suspirando. — O que você acha que vai acontecer quando nascer?
— Como assim? Nós iremos cuidar do bebê e estaremos completos. — O Lee falou confuso.
— Eu sei... — O Han resmungou. — Me refiro a profecia, não ficou claro exatamente as coisas que irão acontecer e eu sinceramente estou com medo do futuro.
— Não precisa ter medo do futuro nem pensar nele agora, apenas viva o presente e dê tempo ao tempo. — Mnho respondeu, roubando um selinho do Han. — Eu particularmente nunca imaginei que iria encontrar a felicidade dos meus dias no fim do mundo.
— Fim do mundo?
— É que para mim eu tenho a sensação de que o mundo acabou e eu estou vivendo em um novo mundo, minha realidade antes era outra e eu nunca imaginei que um dia estaria aqui assim. — Riu fraco. — A terra está totalmente diferente do que eu conhecia.
— Como era a terra antes? — Jisung questionou curioso, bocejando.
Minho o pegou no colo e caminhou com ele de volta para a cama deitando ao lado dele, sentiu os braços tatuados lhe abraçarem enquanto o menor encostava a cabeça em seu peito.
— O mundo antes... — Suspirou, pensativo. — Existiam muitas pessoas, prédios, carros e animais.
— Carros?
— É, tipo... Era um meio de transporte automotivo, pessoas compravam para se locomover pela cidade com mais facilidade e conforto. — Minho comentou. — Era uma lata com motor, basicamente. Vários tamanhos, cores e formatos.
— Hum... Parecia legal. — Jisung resmungou, bocejando novamente. — Quando era criança existia poucos prédios, porém conforme meu povo e outros povos também foram crescendo, fomos derrubando e hoje em dia não existem mais.
— Por que derrubaram? Não cogitaram tomar para ser suas casas? — Minho questionou curioso. — Vocês particularmente tem casas fortes e parecidas com a do mundo onde vim, mas os meio sangue vivem em barracas e isso é algo que eu não consigo entender.
— Bom... Não tínhamos casas assim, anos atrás quando meu avô era o líder ele tomou um antigo terreno dos meio sangue e consequentemente suas casas. — Murmurou a história quase sonolento. — Eles tinham uma pessoa que sabia construir esse estilo de espaço então esse homem foi mantido como prisioneiro, ele quem ajudou meu povo a dominar essa técnica...
— Ah... Entendi. — Minho murmurou, comparando por um momento sua situação ao do outro homem. Tudo bem que ele acabou escolhendo ficar, mas ainda assim o povo de Jisung parecia o tipo que tomava as coisas pela força e aquilo ainda o assustava um pouco.
— Foi assim que essa torre foi construída, ela é o maior símbolo do nosso poder. — Jisung parecia orgulhoso ao falar aquilo, era o que seu tom de voz indicava.
Minho alisou o braço do menor em um carinho distraído enquanto ouvia a história, percebendo que assim que o cômodo ficou silencioso por cerca de dois minutos o outro adormeceu.
O cobriu direito e então se permitiu fechar seus olhos também, imerso ao calorzinho que emanava do corpo pequeno.
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Tears [MINSUNG]
FantasyLee Minho e seu irmão Felix são dois astronautas que estavam em uma missão no espaço quando o mundo em que viviam foi bombardeado por uma radiação que matou milhares de pessoas. Depois de anos presos dentro de uma nave no espaço, os rapazes acabam s...