Após o diálogo ficaram em silêncio se encarando, mas logo Jisung tratou de quebrar o contato visual ao se virar e cruzar os braços. Ele entendia um pouco como Minho se sentia, reconhecia que para ele não deveria estar sendo fácil, porém aquela situação era complicada.
Desde aquele dia ele decidiu evitar qualquer tipo de relação com outras pessoas, tanto que os deleitos carnais que tinha eram apenas o de uma noite, e nem conseguia sentir nada. Talvez havia se fechado tanto ao ponto de não conseguir sentir qualquer outro sentimento por alguém que não fosse raiva, genuinamente falando.
Ouviu Minho suspirar e então o olhou por cima dos ombros, o vendo chutar levemente o tronco de uma árvore completamente cabisbaixo.
- E como pretende fazer isso, Lee Minho? - Por fim questionou. - Sentimentos, confiança, essas coisas não são adquiridas da noite para o dia.
- Por isso precisamos nos conhecer melhor... - Minho falou incerto, coçando a cabeça. - Por exemplo, você pode me mostrar coisas que gosta de fazer, vice verso.
- Mas você já me conhece e eu também o conheço, isso não basta?
- Nos conhecemos superficialmente. - O Lee retrucou. - Fora que eu conheço apenas o Comandante Han, preciso conhecer o Jisung.
O mais novo suspirou, deixando mais do que óbvio que não concordava com a ideia, porém acabou dando de ombros vendo Minho sorrir satisfeito.
- Se você procurar alguma gracinha eu mato você, lembre-se disso. - Jisung o alertou e então começou a andar, seguindo o caminho que haviam feito para chegarem na cachoeira no dia anterior.
- Não é como se você pudesse. - Minho falou ao rir, seguindo o menor. - Ficaria viúvo e consequentemente perderia a linhagem, essa chantagem não funciona mais, comandante.
O Han o olhou pelo canto dos olhos e então riu fracamente, negando com a cabeça e se virando de abrupto na direção do Lee com a lâmina apontada para seu pescoço. Minho por puro reflexo se afastou, encarando assustado o outro.
- Quer pagar pra ver? - Jisung murmurou a pergunta, esticando um sorrisinho e guardando sua faca. - Você tem um bom reflexo.
Minho suspirou e então revirou os olhos, se distraindo ao observar o céu aberto completamente azul com suas nuvens espalhadas. Acabou murmurando um "uau" deslumbrado, percebendo que as folhagens das árvores altas e de algumas bananeiras enfeitavam ainda mais a bela paisagem.
Ele estava tão distraído com o que via que não percebeu que Jisung havia parado de andar, esbarrando levemente seus corpos e segurando rapidamente o menor pela mão impedindo que ele caísse.
- Estúpido. - Jisung reclamou o encarando irritado.
- Você parou do nada!
- Eu não parei do nada! - O comandante resmungou e se abaixou, analisando as pegadas. - Voltaram aqui depois que a gente saiu.
- Eu ainda não entendi porque voltamos aqui depois de ontem. - Minho falou baixo, olhando ao redor. - Só de lembrar daquele bicho já fico arrepiado.
Jisung riu sem ânimo e então se levantou, virando-se para o outro e colocando uma das mãos no ombro do Lee como se o confortasse. Logo voltou a caminhar, sendo seguido por Minho.
Desceram com cuidado as pedras e então olharam ao redor, assim como ontem estava tudo bem silencioso e parecia não tem ninguém ou nada ali. Jisung se aproximou da caverna determinado, iria adentrar o lugar quando o outro o puxou rapidamente impedindo que ele entrasse.
- O que? - Cochichou.
- Depois de ver aquele bicho ontem aqui quer mesmo entrar aí? - Minho questionou praticamente desesperado.
- Como um ser tão medroso chegou ao céu? - Jisung se desvencilhou de suas mãos, afastando com sua destra os ramos de folhas emaranhados que serviam como enormes cortinas para a caverna. - Não precisa entrar se não quiser.
E dito isso o Han adentrou o lugar, sumindo completamente. Minho olhou ao redor dando leves pulinhos enquanto pensava no que fazer, resmungando irritado e seguindo o outro logo depois. Estava muito novo para ficar viúvo.
Olhou o interior da caverna com curiosidade, diferente do que achava lá não era escuro visto que a claridade do sol que batia na água do lago refletia lá dentro. Dedilhou curioso as rochas enquanto andava, murmurando ao cortar o dedo e o encarando. Levou o dedo aos lábios e então chupou levemente o sangue, movendo as mãos em um ritmo constante para cima e para baixo na tentativa de parar de fazer o corte arder.
Acabou rodapeando pela caverna ao chocar o cotovelo em uma rocha enquanto movia a mão, resmungando de dor. Parou de se mover somente quando enxergou o brilho dos olhos amarelos se abrirem, paralisando completamente ao ver a fera de ontem deitado no final da caverna.
- Droga Jisung... - Cochichou, dando uma corridinha até onde o comandante estava.
Jisung apenas o ignorou e o afastou levemente com uma das mãos, ele acabaria assustando o dragão com o jeito desajeitado que estava se portando. Os olhos do comandante analisaram todo o corpo do animal percebendo que ele estava ainda mais machucado do que ontem e parecia estar sofrendo bastante com as feridas. O lugar estava completamente cheio de sangue e a respiração da fera estava bem fraca e falhada.
O comandante agarrou uma das mãos do Lee com força, puxando o braço de Minho para a frente que o olhava desesperado. Ergueu suas mãos em direção ao dragão bem próximo de seu rosto enquanto encarava o animal nos olhos.
Minho fechou os olhos com força ao ver o animal aproximar seu rosto, estava tremendo de medo imaginando que iria perder a mão, porém abriu os olhos novamente de forma vagarosa ao sentir o animal cheirar suas mãos.
- E assim se faz amizade com um dragão. - Jisung cochichou. - Ele precisa confiar em você para que deixe você se aproximar, eles conseguem distinguir sua intenção e seus sentimentos através do seu cheiro.
- Eu não sabia... - Minho respondeu encantado, sorrindo ao encostar a mão no rosto escamoso do dragão e o alisar levemente.
Jisung o observou orgulhoso, sorrindo fracamente. Aproximou um pouco mais da fera e então suspirou, olhando para o animal.
- Irei tirar as lanças e vai doer bastante. - Avisou ao animal. - Eu posso?
Como se permitisse o dragão rosnou baixinho, virando o rosto para o lado. Jisung encarou o Lee e então puxou uma das lanças, ouvindo o rugido alto de dor do animal. Os dois começaram a tirar todas as armas presas na pele da fera com cuidado para não machuca-lo ainda mais, jogando em um canto da caverna.
Quando terminaram tudo Minho o olhou preocupado, fazendo carinho no animal que parecia ainda mais cansado do que antes. Desviou o olhar da fera para o comandante, vendo Jisung juntar as lanças.
- Eu não entendo porque ele voltou. - Comentou distraído. - Sabe que aqui é perigoso, mas ainda assim veio se esconder aqui novamente.
- Não veio se esconder... - Jisung murmurou indicando com a cabeça um ovo enorme que havia próximo do rabo do dragão, vendo o Lee abrir os olhos surpreso. - Está protegendo o ovo.
- Então você é fêmea? - O Lee falou distraído, continuando o carinho. - Irei lhe chamar de Minji.
- Minji... - Jisung riu e negou. - Que nome feio, fora que ela não é seu bichinho de estimação.
- Não ouça ele, Minji. Seu nome é bonito. - O Lee o ignorou completamente, continuou falando com o animal. - E começa com M igual o meu, sou Minho.
Jisung revirou os olhos e então negou, rindo fracamente. Observou o Lee acariciar o animal até que este dormisse, chamando-o de forma muda para fora da caverna logo depois. Minho era estranhamente patético, mas aquilo era engraçado.
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O capítulo não foi revisado, meu computador deu um probleminha e eu dei uma lida por cima, mas com certeza tem algum erro. Peço que ignorem os erros, irei ajustar quando puder. Xoxoxo.
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Tears [MINSUNG]
FantasyLee Minho e seu irmão Felix são dois astronautas que estavam em uma missão no espaço quando o mundo em que viviam foi bombardeado por uma radiação que matou milhares de pessoas. Depois de anos presos dentro de uma nave no espaço, os rapazes acabam s...