32. Vulnerável

252 61 17
                                    

Semanas tranquilas e quietas se passaram, Christopher havia se recuperado totalmente e voltava a exercer seu trabalho ao lado do Lee e do comandante aos poucos,  mesmo tendo a supervisão extra do próprio marido.

Minho não parava mais quieto, esqueceu por um momento a sua ideia de fazer o ovo chocar e fazia algo o qual o comandante não podia saber, pelo menos era o que ele respondia sempre que o Han o questionava sobre suas saídas. E bem, aquilo estava irritando Jisung ao extremo já que o flagrou saindo no meio da madrugada na ponta dos pés. 

O comandante se mordia querendo saber o que ele tanto fazia, mas não tinha ideia do que podia ser. Infelizmente a sua mente só pensava no pior, não sabia se era por causa da maldita desconfiança que ele tinha sobre tudo e todos ou dos hormônios malditos da gravidez. 

— Está tudo bem com vocês. — Hoseok comentou sorrindo depois de examinar o comandante.  — Eu falei que seria tranquilo se repousasse bastante. 

— Mas é extremamente chato, não consigo fazer nada útil para o recanto.

— Não precisa se preocupar com nosso povo nesse momento, comandante. — O curandeiro comentou, sorrindo terno. — Temos muitos guerreiros a postos, está tudo sob controle como sempre esteve.

Jisung apenas o olhou e sorriu fechado, o agradecendo antes de se levantar com um pouco de dificuldade.  Sua barriga não estava exageradamente grande, mas já era um pouco visível.  Entretanto não era isso que dificultava as coisas,  mas sim os pés que teimavam em inchar do nada.

— Onde está seu marido? — Hoseok perguntou o ajudando a levantar.

— É uma boa pergunta. — O acastanhado respondeu em um cochicho, bufando.

Depois de conversar por mais alguns minutos com o curandeiro já que ele não tinha nenhum outro paciente para examinar, Jisung finalmente deixou sua casa beirando o início da tarde. Caminhou a passos lentos pelas ruas do mercado, observando as pessoas conhecidas viverem alheios a ele.

As vezes ele se pegava observando o próprio povo vivendo em seus cotidianos, gostava de fazer isso enquanto imaginava cenários diferentes para matar o tédio.

Um pouco mais para o final do mercado, próximo aos estábulos,  Jisung conseguiu enxergar a figura do Lee alheio as coisas ao seu redor enquanto parecia entretido em uma conversa.  O Han iria o ignorar e seguir para a torre visto que seus pés doíam e seu estômago parecia embrulhar,  mas rapidamente lembrou das ações suspeitas do mais velho e uma curiosidade surreal o atingiu.

Talvez se o espiasse agora saberia o que ele estava aprontando, certo?

Caminhou na direção que o Lee estava, percebendo que não tinha ninguém por perto e as pessoas que passavam pareciam sequer o ver ali ou de fato se importar com sua presença. Quando se aproximou um pouco mais Jisung conseguiu ver uma garota, ela conversava de maneira empolgada com o moreno e ele não estava menos empolgado em seu ponto de vista.

Não sabia se foi por causa da surpresa, mas Jisung não conseguiu reagir. Ele ficou minutos parado um pouco distante deles enquanto observava a conversa casual que estavam tendo sem consegir ouvir o assunto, semicerrando levemente os olhos com a cena. Então o tal segredo de Minho era os encontros com aquela garota?

Jisung a observou um pouco mais sem conseguir reconhece-la, ela não morava no recanto. Sem se aproximar mais ou intervir no que ele viu, resolveu se afastar e ir para bem longe, não queria perder a cabeça. 

🚀

Havia acabado de tomar banho quando alguém bateu na porta de seu quarto antes de entrar, encarando rapidamente Christopher que se aproximou.

— O que foi? — Jisung perguntou preocupado, percebendo que ele parecia sem graça.

— Nada... Queria apenas saber se posso ir 'pra casa mais cedo, prometi fazer um piquenique com Seungmin e Taehyun.  — O loiro perguntou receoso, vendo o amigo sorrir levemente. 

— Claro, não se preocupe.  — Jisung o tranquilizou. — Pode ir.

— Minho já voltou? Irei ficar com você até ele voltar, é a troca dos guardas então não é bom ficar sozinho na torre. 

— Já sim, não se preocupe.  — O comandante mentiu. — Pode ir.

Christopher excitou um pouco,  mas no final apenas foi embora um tanto que apressado. O comandante suspirou cansado e então encarou a sacada do quarto,  encolhendo o corpo na cama. Ele não estava se sentindo bem, não entendia o que o incomodava, mas seu coração estava apertado e ele sentia uma vontade ridícula de chorar.

Talvez por causa do momento de vulnerabilidade sua mente vagou em lembranças do passado, lembrando daquela mesma sensação que estava sentindo aquele momento quando encontrou Hendery na cama com algum garoto aleatório de seu acampamento. 

Era estranho lembrar daquilo,  seu passado tinha um peso emocional muito grande para si. Basicamente ele viveu um romance proibido com Hendery quando era mais novo, havia se apaixonado pela primeira vez e estava completamente cego que não percebeu o garoto o usando para favorecer um ataque dos meio sangue.  Ele havia sido traído das duas formas por quem mais amava e aquilo doeu tanto,  sentia que seu mundo havia acabado e que seus pés não alcançavam mais o chão.

Demorou para se recuperar de tudo o que aconteceu e das pessoas que morreram por causa de seu erro, ainda carregava a marca daquela culpa consigo.  Por isso para si amar era uma fraqueza, nada melhor do que o amor para desarmar e deixar o inimigo vulnerável. 

Ele não amava Minho, mas tinha noção que estava gostando muito dele e por isso se sentia tão fraco e vulnerável ultimamente. 
Aquele misto de emoções mexeu tanto com ele que começou a chorar sem perceber, se dando conta apenas quando o Lee adentrou o quarto de repente e o encarou completamente paralisado, aparentemente assustado.

Os pés do Lee se moveram automaticamente em sua direção,  ele se sentou ao seu lado e quando foi o puxar para um abraço o comandante se esquivou, o olhando antes de se levantar e sair do cômodo em completo silêncio.

Tears [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora