26. Recepção calorosa

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Ao pisarem os pés fora do recanto suspiraram em alívio e só então o Yang soltou o pulso alheio, desculpando-se envergonhado o bastante sem conseguir olhar o Lee.

Jisung e os outros não foram utilizando montarias justamente para evitar chamar muito a atenção dos inimigos, precisavam ser discretos. Graças a isso não seria tão difícil segui-los ou até mesmo os alcançar. 

Sem trocar muitas palavras os dois caminhavam lado a lado, concentrados o bastante em serem discretos para que ninguém  - inimigo ou não- visse a fuga deles.

— Você parece bom em fugir das pessoas. — Minho comentou, felizmente era um bom observador.

— É...

— Quantos anos tem, garoto? — Perguntou curioso.

— Dezesseis... — O Yang murmurou a idade, olhando por cima dos ombros o mais velho. — E você? D-dizem que você veio do c-céu.

— É. As notícias voam. — Minho riu fracamente. — Bom, eu tenho vinte e cinco, mas visto que o tempo espaço da galáxia e da terra são diferentes e já se passou aproximadamente duzentos anos aqui, então eu teria duzentos e vinte e cinco?

Minho soou confuso já que era uma pergunta que nem ele mesmo sabia responder, rindo ao ver o quão surpreso o menor parecia estar. Ele realmente era uma criança em um corpo esticado visto o quão alto parecia para a idade que tinha.

— Por que não vi você treinando com os outros na arena? Pelo que percebi tinha pessoas de todas as idades. — O Lee comentou analítico.

— Sim, senhor... É que na verdade sou uma pessoa enferma. — Jeongin falou baixo e casualmente,  fazendo o outro arquear a sobrancelha.  Ele não gaguejou?

— O que tem?

— O curandeiro Hoseok me disse que tenho uma doença rara chamada croque, algo do tipo. — Coçou a cabeça constrangido.  — Além das dores abdominais que sinto com frequência,  estou sempre cansado e por isso não tenho capacidade de lutar com os outros.  Eu sou um peso morto...

Minho o analisou e então suspirou, ouvindo o nome errado da doença que ele falou e alguns dos supostos sintomas, associou a doença de Crohn. Encarou fixamente a estatura do adolescente,  ele era alto, mas estava abaixo do peso necessário para a idade e altura que tinha. Quase um desnutrido.

— Não é um peso morto, pelo contrário. — Minho falou sério. — Você está arriscando a própria vida para me ajudar, isso não é apenas corajoso da sua parte, mas também é um ato heroico.

Os olhos brilhantes se voltaram para o Lee, admirados.

— O-obrigado s-s-senhor...

— Entendi agora, você gagueja quando fica nervoso ou constrangido... — Minho murmurou. — Relaxa, sou seu amigo.

Com o pequeno diálogo que estavam tendo durante o caminho, mal perceberam quando alcançaram o grupo de Jisung.  Eles só perceberam ao se depararem com o enorme muro de madeira do acampamento, enxergando alguns dos homens camuflados nos matos enquanto outros se escondiam em cima das árvores.

Minho conseguia ouvir a agitação que vinha do lado de dentro, risadas e conversas paralelas pareciam transbordar o lugar.

Não sabia se foi devido o tempo que ficou estático encarando o muro, entretanto ao desviar o olhar conseguiu ver os olhos de Jisung lhe fitarem por baixo a tinta preta que cobria metade de seu rosto. Quase que como um vulto ele pulou do galho onde estava, arrastando o Lee para trás do tronco da árvore.

— O que pensa que está fazendo aqui? — Gritou entre cochichos, visivelmente furioso. — Como se soltou?!

Minho nem precisou responder para que ele se desse conta, levando a mão ao bolso e fechando os olhos com força ao notar que a chave não estava ali. Quando abriu os olhos e encarou o outro lhe fitou com uma raiva indescritível. 

— E você ainda o trouxe, Jeongin?! — A voz baixa e acusadora do comandante assustou ao adolescente que inconscientemente deu passos para trás morrendo de medo, tentando se esconder atrás do Lee.

— Opa. Algum problema,  Han-ah?— A voz jovem e doce preencheu os ouvidos dos outros três.

Minho olhou para trás vendo um rapaz menor ao lado do Yang, seus olhos eram pequenos e escuros lembrando a de um felino e diferente dos outros que tinham os cabelos um pouco grandes, o dele era curtinho e tão escuros quanto suas orbes. 

— Baekhyun já falei que não deve ser tão informal comigo.  — Jisung rebateu rude.

— Por que não? Jackson sempre é.  — O rapaz respondeu com um sorriso sem graça,  sem desviar a atenção do Lee.

— Eu gosto do Jackson,  mas detesto você. — Por fim o Han falou. — Enquanto a vocês dois, voltem!

— Mas Jisung, eu não posso! — Minho ralhou.  — Eu quero ajudar e sei que sou capaz disso, confia em mim.

Antes que o comandante respondesse qualquer coisa a voz de Baekhyun soou, atraindo a atenção deles novamente. O rapaz sorriu gentilmente para o Lee, se aproximando o bastante para tocar em seu ombro.

— Ora Han-ah,  deixe-o ajudar. Afinal, estávamos mesmo precisando de uma distração para conseguir invadir pelos muros sem sermos notados. — Falou calmamente,  apertando os ombros do Lee levemente. — Ele não é de se jogar fora...

Minho prendeu a respiração ao ver o rosto alheio tão próximo de si, encarando os olhos escuros que brilhavam, mas era um brilho diferente dos de Jeongin. A voz dele era doce ao ponto de inebriar as pessoas ao seu redor, pelo menos o Lee se sentiu assim.

Sem sequer se dar conta, Baekhyun havia lhe empurrado levemente na direção do portão antes mesmo que o comandante conseguisse impedir, atraindo a atenção dos vigias.

— Minho? — A voz por cima dos muros soou. — É o Minho, não é? Irmão do Felix?

Meio perdido o Lee concordou, ouvindo o grito do vigia que ordenava que abrissem o portão. Em uma celebração calorosa uma grande parte das pessoas foram recepcionar Minho ainda na entrada, enquanto os terráqueos,  principalmente Jisung,  observavam tudo das sombras das árvores.

De cima da árvore Jackson fez um sinal ao perceber que o caminho ficou livre, adentrando com Jisung e outras quatro pessoas o acampamento.  Tinha outros deles do lado de fora que iriam aguardar e só tinham autorização para entrar caso algum combate começasse.

A última pessoa que veio ao seu encontro foi Felix, o menor correu em sua direção com uma velocidade que surpreendeu o Lee mais velho, fazendo-o retribuir o abraço forte que recebia enquanto espiava pelo canto dos olhos o Han terminar de pular o muro.

— Eu não acredito que voltou! — Felix falava alegre, checando o rosto do mais velho com um enorme sorriso e o abraçando novamente.  — Finalmente aquele idiota se deu conta e o libertou? Minha visita realmente serviu de algo.

— Visita? Qual visita? — Minho perguntou atordoado.

— Ele não lhe contou? — Felix questionou, mas logo depois deu de ombros. — Não tem problema,  temos bastante tempo para conversarmos sobre tudo.

— Sim. Nós precisamos conversar.  — O Lee mais velho falou seriamente. 

——

A Doença de Crohn é uma doença inflamatória séria do trato gastrointestinal. 

Tears [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora