Tears [MINSUNG]

56. Marana

Quando os três voltaram não precisou de longos discursos para que todos soubessem que a proposta do acordo havia sido um fiasco, era perceptível até mesmo por causa da expressão irritada do comandante. 

Jisung foi o primeiro a se preparar antes de sair para reunir os oficiais, revisando todo o plano do ataque que fariam e dando as coordenadas dos pontos frágeis do muro que Jooheon notou. Todo o seu povo estava reunido aguardando o seu comando para ir na direção do acampamento do Linpo. 

O comandante voltou para sua caverna apenas para verificar se o Lee já estava pronto, encarando o marido que tentava passar a tinta no rosto. Ele se aproximou com cuidado e pegou o pequeno recipiente,  sujando os dedos e os deslizando ao redor dos olhos felinos do mais velho.

Quando terminou a pintura o olhou,  beijando com leveza os lábios carnudos do Lee antes de se afastar e sorrir para ele.

— Depois de hoje iremos tomar o nosso lar de novo e tudo vai melhorar. — Murmurou.

Minho apenas concordou minimamente,  pegando uma espada e saindo da caverna.  O comandante suspirou e então caminhou para o fundo do lugar, afastando a cortina da folhas com a mão enquanto encarava Jeongin e a bebê que dormiam. Aparentemente o adolescente acabou cochilando enquanto tentava faze-la dormir.

Os cobriu com cuidado para evitar que sentissem mais frio, dando leves tapinhas no braço do adolescente enquanto os encarava. Suspirou e então se afastou, caminhando para fora e encontrando o seu povo.

— O momento mais esperado por todos vocês finalmente chegou. — Falou alto, ouvindo os brados alegres. — Deveríamos ter feito isso há muito tempo, vamos acabar com essa guerra e aniquilar aqueles que nos perseguem a séculos!

E com isso todos saíram, alguns corriam montanha abaixo enquanto outros iam em suas montarias com suas lanças voltadas para cima. Minho permaneceu parado ao lado do marido, ele se virou e encarou Jisung com certa preocupação.

— Por favor se cuide. — Pediu, tocando o braço tatuado do menor.

O comandante concordou e sorriu para si, vendo-o se afastar e montar em sua égua antes de seguir a multidão que já estava um pouco longe. Jisung correu montanha abaixo, desviando o caminho até o penhasco e se abaixando próximo da borda enquanto olhava para baixo. Tomou impulso e se jogou, sentindo seu corpo cair e o vento bagunçar o cabelo longo que estava preso.

Assobiou e então viu o enorme dragão de escamas escuras surgir abaixo de si, caindo nas costas do animal enquanto segurava no pescoço comprido e grosso.

O dragão subiu, voando a cima das montarias que cavalgavam no meio da floresta. Outros dragões também surgiram, seguindo o comandante pelo céu. Quando chegaram próximo do acampamento inimigo Marana parou, mas se manteve no ar.  Jisung assistiu de cima o seu povo se dividir em dois grupos,  vendo uma quantidade atacar os vigias que estavam em cima dos muros e logo depois derrubar os portões enquanto os outros iam para a parte de trás do cercado.

Ouviu os gritos e logo depois o barulho de lâminas se chocando, vendo os meio sangue retaliar e a batalha se iniciar. 

— Vamos lá. — Sussurrou, voando em uma velocidade tão rápida que parecia um raio cortando os céus.

Quando chegou próximo da terra desceu do dragão, virando para o animal que o olhou antes de voar novamente,  sumindo dentre as nuvens. Adentrou o acampamento desviando do portão quebrado, passando por cima de alguns corpos enquanto olhava ao redor procurando por Hendery.

Estava parado no centro do acampamento quando um rapaz tentou lhe atacar, desviando com agilidade e enfiando sua adaga na garganta dele o vendo cair e o sangue colorir o branco da neve.

Por outro lado, Minho estava acompanhando Christopher e o cobrindo da forma que podia, já haviam derrubado juntos cerca de oito inimigos. O Lee estava totalmente focado no que fazia, atento a qualquer ataque que poderiam sofrer por estarem bem expostos.

O Lee se virou rapidamente ao ver a imagem de Hendery correndo como se fugisse, encarando ele e percebendo que Jisung o seguia. Na verdade ele tentava, muitas pessoas o atacavam como se tentassem impedir que ele chegasse até o líder dos meio sangue.

— Você dá conta? — Questionou olhando ao redor, estava com as costas coladas ao do loiro.

— Sim, não se preocupe.  — Christopher o respondeu, erguendo a espada e a atravessando no corpo magro de uma garota. — Você vai ficar bem?

Minho apenas resmungou um "sim" e correu na direção do comandante, defendendo o Han de um ataque por trás que com certeza agarraria nele. Jisung o olhou um pouco surpreso, focando os olhos nas orbes escuras do Lee com certa admiração. 

— Pode ir atrás dele. — O Lee falou, chutando uma garota para longe, vendo o Han finalizar o contra-ataque ao arremessar uma lança na direção dela.

Jisung apenas concordou e voltou a correr atrás de Hendery, deixando o Lee para trás. Mais pessoas se aproximaram tentando o impedir de continuar seguindo o outro líder, vendo que Minho se esforçava tentando limpar seu caminho como podia junto aos dragões que cuspiam fogo enquanto voava em cima do acampamento. 

Várias barracas estavam em chamas, era perceptível a destruição do lugar, mas ainda haviam muitos inimigos de pé e principalmente o líder. Eles só iriam embora quando tudo se reduzisse a pó.

Percebendo que agora o caminho havia ficado mais limpo Jisung sorriu, enxergando o outro líder tentar pula o muro para fugir pelos fundos. Arremessou sua adaga a vendo cravar a mão dele ouvindo seu grito de desespero, estava quase o alcançando quando parou para olhar pra trás percebendo o motivo do seu caminho ter ficado livre.

Automaticamente parou de correr ao ver o Lee cercado pelos inimigos, ele parecia ter se machucado e mesmo assim ainda tentava se defender. Olhou ao redor percebendo que todos estavam alheios ao que acontecia, focados em suas próprias batalhas.

Sem conseguir pensar duas vezes ele ignorou a fuga de Hendery e voltou a correr enquanto tentava refazer seu caminho ate o Lee, dando uma cambalhota para alcançar uma lança caída no chão e a arremessando na direção de um dos inimigos o vendo cair no chão gritando de dor.

— Minho!

O grito desesperado chamou a atenção do Lee e dos outros, tentou arremessar outra lança para impedir que a lâmina da espada decapitasse o marido, mas a arma caiu no chão antes mesmo de alcançá-los.  Os olhos de Minho se focaram no rosto temeroso do comandante e ele sorriu minimamente para si como se aceitasse aquele fim.

Jisung ofegou ao tropeçar em seus próprios pés e cair, levantando rápido e voltando a correr sentindo os olhos arderem por causa das lágrimas que se formavam. O tempo parecia ter parado por um curto momento, quando a lâmina estava próxima de cortar o pescoço do Lee um calor tomou conta do lugar e labaredas de fogo se espalharam.

Os olhos do comandante se focaram em seu dragão que soltava fogo incendiando várias pessoas, inimigos e aliados, defendendo o Lee do ataque. Minho caiu para trás um pouco assustado, enchendo a mão de neve e a jogando em seu braço já que a pele parecia queimar enquanto olhava o dragão que voava em cima de si.
E para finalizar com chave de ouro o animal abocanhou o homem que segurava a espada na tentativa de decapitar o Lee, mordendo com força o corpo rechonchudo fazendo com que o sangue caísse em cima de Minho que se encolheu levemente, cuspindo o cadáver na frente dos pés dele.

Jisung suspirou aliviado e então fez sinal para o dragão que voou em sua direção,  pulando para alcançar o pescoço do animal e se agarrando a ele. Agora que Minho estava salvo ele iria atrás de Hendery,  precisava alcança-lo.