16. A divisa

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Jisung estava absorto em pensamentos encarando o caminho que traçava completamente distraído.  Tudo que ouvia era os passos que os cavalos davam junto ao som das corujas.

Quando chegaram na margem do rio o Han parou a égua que estava montado, virando levemente o corpo na direção de Yoongi, Christopher e alguns homens que o seguiam.

— Vejo você em quatro dias, Christopher?

— Sim, senhor. — O Bang respondeu. 

— Quando vai ser a reunião dos líderes? — O Min questionou. 

— Em breve. Avisarei quando a hora chegar. 

Yoongi concordou e então bateu levemente a mão nas costas do cavalo, passando próximo do comandante e piscando para si antes de atravessar a ponte de madeira. Logo após o loiro o seguiu, sendo seguido também por todos os outros que atravessaram a divisa, deixando Jisung para trás sozinho. 

O comandante observou os outros partirem enquanto acariciava levemente o pescoço do cavalo de duas cabeças.  Iria se virar pronto para voltar para o recanto quando percebeu uma movimentação estranha próximo a ponte, vendo o mato alto balançar como se alguém estivesse escondido ali.

Um tanto curioso, Jisung desceu do cavalo e empunhou uma de suas adagas longas, aproximando-se da ponte sem atravessar para o outro lado. Não era bom ultrapassar a divisa sozinho.

Enxergou dois garotos saírem do mato.  Um ele conhecia bem, era Changbin o curandeiro dos malditos meio sangue, já o outro ele nunca havia visto, pelo menos não se lembrava. Os dois rapazes suspenderam as mãos em sinal de rendição,  entretanto o Han não baixou a guarda e muito menos a adaga.

— Viemos em paz. — O desconhecido falou, dando alguns passos e se aproximando da ponte. — Sou Lee Felix. 

— O que vocês querem tão longe de casa um hora dessas? — Jisung questionou, desconfiado.

— Você sequestrou um dos nossos recentemente,  estamos tentando evitar outro conflito então viemos pedir para que devolvam o Minho. — Changbin quem falou desta vez, vendo o Han rir. — Não é engraçado, Hendery está se preparando para atacar e queremos evitar mortes.

— Lee Minho não é um prisioneiro, ele não voltou porque escolheu não voltar. — O comandante respondeu, abaixando a adaga. — Ele faz parte do meu povo agora, e você Felix,  tem permissão para vir comigo e fazer parte também.

O Lee encarou o rapaz que o acompanhada incerto,  dando alguns passos para trás. 

— Você mente. — Falou um tanto que perturbado. — Eu não posso confiar em alguém como você.

— Em alguém como eu? — Jisung repetiu baixo, rindo fraco. Aparentemente Hendery já havia contaminado a mente do garoto com suas mentiras. — Essa vai ser sua última chance em vir comigo e ficar com o seu irmão.

Felix negou e então apertou com força a lança que segurava, olhando para o comandante visivelmente irritado.

— Se você não permitir que Minho volte para casa até o final do dia de amanhã,  eu mesmo irei até você e lhe matarei para toma-lo. — Felix ameaçou,  sendo puxado levemente por Changbin que parecia tentar acalma-lo.

— Minho está em casa.

Jisung respondeu e se virou, estava caminhando até sua égua quando a lâmina da lança passou de raspão em seu braço, cravando o chão alguns centímetros em sua frente. O comandante se virou e o encarou totalmente sério, percebendo os olhos do pequeno Lee carregados de ódio. 

Ódio este que estava totalmente direcionado para si.

Sem dizer mais nenhuma palavra ou contra atacar, Jisung montou novamente em sua égua e se segurou nos cabelos dela, partindo de volta para o recanto sem olhar para trás. Changbin e Felix permaneceram no mesmo lugar observando o comandante sumir dentre as árvores e a escuridão noturna.

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Minho acabou acordando no meio da madrugada ao sentir o colchão afundar, virando o corpo e encarando o comandante deitado com os olhos fechados. O braço dele estava enfaixado e um misto de preocupação o atingiu, ele mal havia saído e nem tinha sido para longe, mas se machucou?

O Lee moveu uma das mãos até o machucado, arrastando levemente a ponta dos dedos no local. Vagarosamente o comandante abriu os olhos escuros e o fitou em silêncio,  suspirando logo depois.

— O que aconteceu? — Minho questionou curioso.

— Nada demais... — Jisung resmungou. — Caí de cima da Bel e me arranhei.

— Bel?

— A minha égua. — Respondeu. — Você ainda não a conhece.  Na verdade,  o único animal que você teve contato foi o dragão.

— Minji. — Minho o corrigiu o ouvindo rir fracamente. — Por sinal precisamos ir visitar para checar se ela e o ovo estão bem.

O Lee acreditava que a até então intitulada Minji havia se recuperado,  visto que o comandante o disse que dragões tem o poder de se regenerar já que são seres divinos. Pelo menos era a crença que seu povo tinha.

— Você parece preocupado.  — Minho acabou comentando, bocejando logo depois. — É referente a viagem dos outros? Acaba sendo perigoso, né?

— Também.  Porém é outro problema que me preocupa. — Jisung resmungou.  — Se fôssemos atacados pelos meio sangue,  você iria ficar de qual lado?

— Que raios de pergunta é esse? — Minho questionou e viu o outro dar de ombros. — Eu não tive tempo de conhecer os outros, Felix é a única pessoa de lá que me preocupo. Entretanto,  não acho certo matar pessoas, independente de quem seja.

— Matar é crucial para a sobrevivência,  Minho.

— Claro que não é.  — O Lee respondeu, fechando os olhos. — Sempre existe uma segunda opção. 

Jisung o observou cochilar e então suspirou mais uma vez.  Ele estava totalmente errado.

Visto a maneira que Felix o ameaçou e ao que Changbin havia comentado eles pareciam se preparar para atacar seu povo, então o comandante precisava estar preparado também.  Logo cedo iria reunir algumas pessoas que tenham boa saúde para lutar e iria os treinar, não tinham mais tempo a perder.

Se Hendery queria mais um derramamento de sangue, não seria ele quem iria negar isso.

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[Edit]: Para aqueles que estavam acompanhando Tears as publicações seguirão nos dias de costume a partir de hoje (17/09/23). Acredito que alguns de vocês viram o comunicado que publiquei em meu quadro ou de outra forma ficaram sabendo do ocorrido sobre as denúncias, foi por isso que precisei arquivar a fanfic assim como fiz com as outras e agora que tenho elas em outra plataforma me sinto mais seguro em torna a publica-las aqui. Peço desculpas pelo ocorrido e agradeço a compreensão.

Tears [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora