18. Duelo

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Logo cedo Minho passou na casa de Christopher para visitar seu marido e o bebê, tomou o desjejum com eles e então no final da manhã os deixou. O Lee caminhava pelo recanto distraidamente enquanto pensava em algumas coisas,  lembrando do comandante ao passar na arena.

Sequer viu o horário que Jisung deixou o seu quarto de tão cedo que estava, ele parecia preocupado com algo e o Lee não conseguia entender. Observou uma movimentação diferente na arena, algumas pessoas saiam de lá com expressões cansadas e corpos suados.

O Lee subiu na arquibancada de madeira curioso, encarando o lugar vazio, visto que agora apenas o comandante estava lá. Jisung recolhia as lanças que usaram nos treinos distraído,  mal notou que Minho o observava e tão pouco quando ele se aproximou. 

Minho levantou as mãos em rendição quando o outro se virou para si de modo abrupto, apontando a lança em sua direção.  Constatando que era o Lee ele a abaixou, suspirando.

— Você está tenso. — Minho comentou distraído,  pegando uma das lanças do chão para ajudar o outro a recolher as armas. — Quer desabafar?

— O que eu ganho desabafando com você? — Jisung respondeu desinteressado.  — Não é como se fosse resolver meus problemas. 

— Posso não resolver,  mas acredito que ao menos saberei lhe consolar. — O Lee falou breve, vendo o outro rir fraco e se aproximar um pouco mais.

— O tipo de consolo que eu quero você não está disposto a me dar. — Foi tudo o que o comandante respondeu antes de se virar e se afastar, deixando as lanças em um canto isolado da arena. — Coloque aqui e saia.

Minho se manteve no mesmo lugar com a lança nas mãos,  encarando o rapaz em sua frente que parecia estar contrariado com algo desde madrugada passada.

— Por que não me chamou para o treino? — O Lee perguntou curioso. — Soube que procurou pessoas jovens com boa saúde.

— Você apenas atrapalharia o treino dos outros.  — Jisung respondeu.  — Vai me dizer que quer apreender a lutar?

— Eu gostaria de tentar.

Jisung riu da resposta do outro, se calando quando o Lee o puxou levemente em sua direção e o olhou sério como se o repreendesse.

— Para aprender a lutar você tem que aprender mais do que defesa pessoal, Minho. — Jisung falou breve. — Você precisa aprender a matar. Continue apenas observando de longe, sim? Eu protejo você. 

— Eu sei me proteger,  Jisung.  — Minho resmungou. — Fui o melhor aluno das aulas de muay thai que participei quando adolescente.

Jisung ponderou um sorriso cínico,  dando de ombros. Percebendo que o comandante não acreditou em si, o Lee ergueu os punhos e os bateu levemente,  convidando o outro para lutar consigo.

O comandante o observou imóvel, sorrindo minimamente para o Lee que parecia querer se exibir um pouco.

— O que está inventando agora? — Questionou, cruzando os braços enquanto analisava o Lee.

— Lute comigo dessa vez,  sim? Você vai ver que eu sei me defender e posso ser bom na luta igual você.

Jisung o analisou e então suspirou fracamente, negando com a cabeça logo depois. 

— E quais são as consequências?

— Como assim? — O Lee questionou confuso, baixando a guarda.

— O que o vencedor ganha e qual a consequência para o perdedor? — Jisung falou calmamente.  — No campo de batalha quem perde morre, mas obviamente não pretendo matar você. Escolha uma consequência.

— Precisamos mesmo disso? É apenas um treino.  — Minho respondeu simplista.

— Não é apenas um treino, seria um duelo já que você me desafiou e eu particularmente adoro desafios. — Jisung respondeu convicto. — Você escolhe a consequência ou eu escolho?

— O vencedor pode pedir qualquer coisa ao outro. — Minho falou convicto, confiava em seus talentos de artes marciais e sabia que ganharia. Iria obrigar o comandante a falar tudo que o incomodava. — E consequentemente o perdedor tem que atender ao pedido sem protestar.

— Qualquer coisa? — Jisung falou, cruzando os braços enquanto sorria divertido com aquilo. — Tem certeza disso?

— Tenho. — Minho respondeu e novamente suspendeu a guarda.  — Vamos lá.

Jisung concordou e se manteve imóvel,  encarando atentamente os movimentos que o Lee fazia dando passos leves de um lado para o outro enquanto mantinha os punhos fechados erguidos. Vendo que o comandante não iria atacar, Minho avançou,  se surpreendendo quando o Han se esquivou do ataque e o acertou na barriga.

Novamente o Lee o atacou, deixando que ele o acertasse novamente somente para que tivesse alcance o bastante de acertar o rosto do comandante e o nocautear, vendo-o cair no chão. Minho sorriu convencido e estendeu a mão para o ajudar a levantar, mas Jisung o deu uma rasteira o derrubando, subindo em cima do Lee e prendendo seus pulsos o imobilizando.

— Você perdeu. — O Han falou com a adaga próxima do pescoço do Lee enquanto o mantinha imobilizado com a outra mão.

— Isso foi jogo sujo. — Minho reclamou ouvindo o outro rir enquanto o olhava, sem soltar seus pulsos enquanto guardava a arma com a mão livre.

— E você acha que em um campo de batalha seu inimigo vai jogar limpo com você? Coitadinho.  — O Han falou, inclinando um pouco mais o corpo para a frente. — O segredo é não baixar a guarda. 

– Ah, entendi. — Minho resmungou e moveu as mãos,  sentindo o Han afrouxar o aperto e lhe soltar vagarosamente. 

Jisung ergueu o corpo, mas não saiu de cima do Lee. O rapaz apenas se afastou um pouco para prender o cabelo longo que havia bagunçado com sua queda. Estava terminando de ajeitar sua madeixa quando sentiu as mãos de Minho tocarem sua cintura,  atraindo sua atenção para o moreno.

Completamente surpreso Jisung arregalou os olhos ao sentir o aperto em sua cintura o puxando para mais perto, quase lhe forçando a se inclinar. Minho olhou nos olhos do outro observando o comandante aproximar seus rostos e quando iria finalmente colar seus lábios o Lee em um movimento rápido os virou, imobilizando o terráqueo que ficou sem reação,  sorrindo forçado ao ver a lamina de sua própria adaga apontada para seu rosto.

— Você baixou a guarda.  — Minho cochichou.

— Isso foi impressionante, eu diria que excitante. — Jisung respondeu,  erguendo um pouco o corpo com o auxílio dos cotovelos que se apoiaram no chão, aproximando seus rostos. — Mas você continua sendo o perdedor dessa vez.

— Eu aceito a derrota. — Minho deu de ombros. — O que você quer?

Jisung o olhou e então esticou um sorriso satisfeito,  tocando o rosto do Lee com a mão tatuada.

— Eu quero você,  Lee Minho. — Murmurou.

— Não pode pedir o que você já tem, Jisung.

— Então eu já tenho seus sentimentos também? Porque eu o quero de corpo e alma. — O comandante admitiu baixo, virando o rosto vagarosamente quando o Lee beijou o canto de seus lábios.

— Talvez tenha, eu me sinto estranhamente atraído por você. — Minho admitiu envergonhado. — O que é algo novo pra mim...

— Acredito que você já saiba o que irei pedir, certo? — Jisung o olhou nos olhos.

— Certo... — Minho respondeu em um resmungo,  concordando.  — Vou me deitar com você.

Tears [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora