20. Possível guerra

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Os dois estavam deitados na cama com os corpos semi-nus próximos, praticamente abraçados. Minho dedilhava os fios longos do comandante distraidamente, os separando em um carinho calmo.

— Quer ouvir outra curiosidade sobre você que notei? — Jisung resmungou baixinho, bocejando.

— Qual?

— Você é estupidamente carinhoso. — O Han falou, apoiando o queixo no peito do mais velho e o encarando. — Isso é bem... Novo pra mim.

— Seu povo é bruto até nos relacionamentos?

— A grande maioria sim, eu acho. — Jisung deu de ombros.

Minho murmurou e então apertou levemente o nariz do menor, vendo-o fazer uma carinha irritada antes de rir fracamente.

Permaneceram em silêncio por um longo tempo, Jisung praticamente cochilava devido o cansaço que estava sentindo e as carícias que recebia.

— Está dormindo? — Minho perguntou em um resmungo, observando o menor negar e se aninhar melhor ao seu lado o abraçando. — Quer contar o que está lhe incomodando?

— Uma possível guerra... Pelo que soube o povo de Hendery planeja um ataque, infelizmente perdi muitas pessoas importantes no último ataque. — O comandante respondeu e logo depois suspirou. — Eu sabia que eles iria retaliar por causa do nosso ataque quando fomos buscar você, mas não imaginava que seria tão rápido... Digo, pensei que iriam demorar um pouco mais para tomar uma ação.

O Lee murmurou enquanto ficava pensativo, observando meio atordoado o teto do quarto.  Depois do silêncio persistir por mais alguns minutos no quarto enquanto os dois pareciam pensar, Minho novamente voltou a se pronunciar.

— E se eu voltar? — Perguntou pensativo se assustando levemente ao ver o Han se virar de abrupto para si.

—O que?

— Se eles vão atacar seu povo por causa de mim e iniciar uma guerra, não acha mais prudente que eu volte e explique a situação? — Minho respondeu calmamente, vendo o comandante erguer o corpo e se sentar enquanto o fitava. — Não se irrite Jisung, mas pense comigo, eu volto e explico a situação e quando tudo se esclarecer volto 'pra ficar com você.

— Você acha mesmo que convenceria eles de não atacar? — Jisung riu sem ânimo. — Minho, normalmente quando uma pessoa é sádica e sanguinária como Hendery, por menor que seja o motivo, essa pessoa nunca vai desistir de incitar uma guerra. Pensar assim só prova que você é ingênuo.

— Não existe outro motivo para guerrear, eu estou aqui há pouco tempo e entendo que seu povo e o povo dele tem diferenças, mas a terra é tão vasta... Todos podemos viver nela sem precisarmos matar uns aos outros! — Minho também se sentou na cama, capturando a destra tatuada do menor. — Você pode confiar em mim dessa vez? Eu irei apenas conversar e esclarecer as coisas e logo volto para cá com Felix.

— Eu confio em você, mas não confio neles. — Jisung retrucou. — E se não deixarem você voltar?

— Eu tenho livre arbítrio para ir e vir quando eu quiser, Jisung. — O maior o consolou puxando o outro para si e beijando sua bochecha. — Me dê apenas alguns dias, tudo bem?

Jisung suspirou e não respondeu nada, apenas desviou o olhar e com certo pesar novamente se deitou. Percebendo o quão atordoado o comandante parecia estar, o Lee decidiu se manter em silêncio e não o incomodar.

Novamente o Lee se deitou ao lado do outro, abraçando timidamente o corpo pequeno que parecia cochilar. Jisung estava com os olhos fechados, mas ainda não havia dormido. Pelo contrário, sua mente estava vagando em inúmeras possibilidades.

Sabia que a possibilidade da ideia de Minho dar certo era quase nula, mas ficava receoso em impedir o rapaz de ir e ele simplesmente resolver sumir. Tinha em mente que o Lee queria ir não apenas para impedir essa possível guerra, mas também para "resgatar" o irmão.

Felix não iria acreditar em si, claro. Porém, se talvez ele visse Minho e o próprio irmão o convidasse para ir morar no recanto, possivelmente ele aceitaria.

Incrível que o comandante nunca se sentiu tão perdido e dividido quanto naquele momento, pela primeira vez ele realmente não sabia o que fazer.

🚀

No dia seguinte o acordar foi tão estranho quanto das outras vezes. Minho que normalmente se via sozinho no quarto ao abrir os olhos, tinha a presença do menor ainda deitado ao seu lado.

Essa falta de costume deixou o Lee levemente intrigado, mas ele nada falou sobre isso. Quando decidiram se levantar tomaram banho e o desjejum juntos, após isso o comandante passou o resto da manhã sumido. Aparentemente Jisung estava resolvendo alguma coisa importante, Minho não sabia o que era e também não queria atrapalhar.

Antes do almoço o Lee passou na casa de Christopher para visitar seu marido e seu bebê, ficou um pouco com eles e novamente voltou para a torre.

Com toda sinceridade, seus dias pareciam tão monótonos. Ele basicamente acordava, visitava o Kim ou o mercado e logo após passava o resto do dia na torre, especificamente dentro do quarto. Jisung era um comandante e tinha deveres a fazer, não podia ficar o tempo todo consigo.

Minho estava distraído apreciando alguns cristais que o menor parecia colecionar quando de repente o viu ao seu lado.

— Tudo bem? — Jisung questionou.

— Sim...

O menor o fitou em silêncio por certo tempo, tocando de forma receosa o braço do Lee para chamar sua atenção. Minho suspendeu o olhar novamente, dando atenção ao comandante.

— Vem, vamos passear. — Convidou ao segurar a mão do Lee e o puxar levemente na direção da porta.

Minho se deixou levar pelo outro, deixando a torre do recanto logo depois. Os dois caminhavam pelo mercado lado a lado, entretanto as mãos não estavam mais entrelaçadas.

Acompanhou em silêncio o comandante para fora do recanto, saindo pelos enormes portões da frente. Era a primeira vez que saía naquela direção.

— Para onde quer ir? — Perguntou em um resmungo, desconfiado.

Ouviu o riso fraco do menor e ficou ainda mais desconfiado, arqueando inconscientemente uma sobrancelha enquanto encarava o rapaz ao seu lado.

— Você vai ver. — Jisung respondeu ao dar de ombros. — Preparei uma surpresa para você.

Tears [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora