Anne
Sair daquela sala foi um alívio.
Jineiry estava me esperando no canto da porta com um risinho.
- Como a dona Carolina foi com você? - Ela estava rindo.
- Senti que eu poderia morrer a qualquer momento, você não detalhou isso, só falou que ela era séria! - Cruzei os braços.
- Ela é divertida, só é meio rabugenta aqui dentro, quando pisa na rua, parece até uma nova pessoa.
Eu fiquei tensa lá dentro, mas tentei demonstrar tranquilidade, me saio bem nisto.
Carolina é muito bonita e me chamou atenção, seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo, e seus cachos não estavam tão bem definidos, mas estavam lindos. Seu olhar não desviou do meu em nenhum momento, acho que isso foi o mais difícil de lidar.
Parecia que eu estava conversando com o chefe da empresa.
Me arrepio em pensar.
É melhor iniciar os trabalhos ao invés de pensar nisso.
Fui para minha mesa e organizei o pouco de material que eu tinha ali.
Peguei meu notebook e comecei a organizar ele, fazia um bom tempo que eu não mexia nele e simplesmente estava tudo bagunçado. Pastas com escritas horrorosas, que eu mal tive coragem de começar a ler.
Fiz questão de deixar tudo impecável em poucas horas.
Já recebi alguns e-mails sobre assuntos no qual eu deveria escrever, era como um teste ainda, mas vou me dedicar e mostrar que eu sei oque estou fazendo!
Eu queria me tornar alguém independente ali dentro, escrever sobre oque eu quiser e não oque eles querem.
Mas vai ser uma longa caminhada ainda...
Não sei se foi proposital, mas uma das matérias, era sobre a seleção Holandesa de vôlei. Já joguei vôlei quando eu era pequena, mas não continuei nesse rumo!
Decidi começar por ali.
Não é uma matéria difícil para mim, até porque eu venho de lá e acompanho os jogos.
Falar das novas jogadoras não é um problema.
Fiz uma pesquisa bem aprofundada sobre cada menina nova na seleção e até me comuniquei com algumas.
Isso você não consegue Ana Carolina!
Separei os tópicos e comecei a escrever a matéria. No horário de almoço eu comi apenas uma salada enquanto permaneci escrevendo.
Não estou com muita fome nesse horário.
- Você deveria comer algo a mais, vai ficar com fome Anne. - A voz de Carolina ecoou atrás de minha cadeira.
Não pode citar o nome do diabo que ele aparece?
Ta, estou exagerando, mal conheço ela. So não fui muito com a cara.
- Ainda não me acostumei com o horário, então não estou com muita fome, senhora. - Dei um sorriso de lado e voltei a escrever.
Ela bufou.
- Por favor Anne, senhora não! Me sinto acabada. - Ela puxou uma cadeira e se sentou ao meu lado.
Eu apenas ri.
- Perdão.
Ela começou a encarar o notebook e parecia ler tudo.
Simplismente não consegui escrever mais nada.
- Posso ler desde o início? - Ela já falou puxando o notebook para perto de si e indo até o início do arquivo.
Se for assim, nem precisa pedir né.
- Acho que sim. - Comecei a balançar meus pés na cadeira. Me sinto ansiosa quando vão ler algo meu.
Ela passou uns 5 minutos lendo, em completo silêncio, com uma expressão neutra.
Me deixou nervosa, confesso.
Ela limpou a garganta e voltou o computador para o lugar.
- Não sei muito sobre vôlei, confesso que não entendi alguns termos e muito menos vou saber falar alguns nomes. O pouco que sei é por causa de algumas amigas... - Ela ia falando com uma expressão neutra ainda, como uma crítica a si mesma.
- Mas está ótimo! Não sei se você já terminou, mas alguns dos nossos fotógrafos ali, devem ter bons contatos pela Holanda! - Ela continuou, apontou para uma porta e depois deu um belo sorriso.
Um belíssimo sorriso.
Mas não me senti bem.
- Mas você não é fotógrafa também? Por que não as suas fotos? - Eu a olhei.
Ela deve ter alguma foto, não é possível.
Ela simplismente soltou uma gargalhada altíssima.
- Eu trabalho apenas com oque me interessa. Você só vai ver fotos que eu tirei, em matérias que não sejam testes! Mas se quiser, tenho alguns amigos também, acho que não conseguiria ir pra Holanda agora né? - Sua expressão era irônica.
Eu falei que ela era chata!
- Realmente, minha matéria não deve agradar pessoas como você. - Dei um leve sorriso, mas me senti envergonhada.
Ela se calou e ficou vermelha.
Pensei que fosse tomar uma bronca, mas ela suspirou e deu um grande sorriso.
- Boa sorte senhorita Buijs. - E retornou para sua sala.
Carolana
A loirinha pra frente ja me deixou estranha hoje, no primeiro dia dela.
Estou chata sim, mas tento ser legal e ela não ajuda!
Voltei para minha sala e tomei umas duas xícaras de café. Eu amo café.
Respondi algumas mensagens, entrei no instagram, republiquei algumas coisas e voltei a editar as 1.200 fotos de um evento.
Preciso delas prontas até as 16.
Disso não sai mais nenhuma vez do escritório.
As 17 eu me arrumei para ir comer um lanche com as irmãs, que ja não estavam mais na empresa.
Peguei meu carro e fui até o local que marcamos.
Ao chegar, também tinha uma loira na mesa, era Anne. Ela parecia super desapontada em me ver.
- Oi meninas, Anne também está aqui, que bom! - Dei um grande sorriso.
Me sentei no lugar disponível, que no caso era ao lado dela, e pedi um sanduíche para comer.
- Por que ficou calada Anne? - Jineiry pegou na mão da loira e mexeu em seus anéis.
- É a chata da Carolina? - Brayelin me encarou.
Anne as deu um olhar de confirmação.
Me senti sem graça.
- Relaxa, ela é chata no começo mesmo né Carol? Daqui a pouco ela fica gente boa. - Jineiry riu.
- Eu sou gente boa! - Protestei de braços cruzados.
Anne agora me encarava descaradamente.
A olhei e dei um sorrisinho. Passei meu braço por seu ombro e fui com meu cativante papo.
- Você sabe muito sobre vôlei né? Ja jogou alguma vez?
Ela parecia tensa, deu uma mordida no seu pão de queijo e olhou as meninas.
- Já joguei quando eu era pequena, eu dizia que iria fazer parte da seleção, mas não durei muito tempo no esporte, porém ainda acompanho todos os jogos da seleção. - Ela falou tudo muito rápido.
Eu soltei uma risadinha.
Ela me olhou séria.
- Perdão, mas seu sotaque é fofo. - Sorri e voltamos a conversar.
Ela foi relaxando e se soltando com um tempo, era gente boa.
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Photo Dump | Buijrol (PARALISADA)
Romance📸 Anne Buijs veio morar no Brasil por incentivo dos pais. Tinha duas amigas muito próximas lá, pois não era a primeira vez que a Holandesa ia morar aqui. Continuou com seu ramo na escrita é acabou conhecendo Carol, uma incrível fotógrafa, apesar de...