Capítulo 29

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Carolana

Já se passou 5 dias desde o sumiço da Anne.

5 dias de puro sofrimento.

E sim, eu mandei mais mensagens, do tipo:

"Onde vc está? Vou ir te encontrar"

Mas sua resposta era:

"Longe demais para você conseguir."

E eu confesso ter me irritado tanto, mas ao mesmo tempo tentei de tantas formas entender sua mensagem.

Faltei dois dias do trabalho, mas já retornei porquê isso não podia me afetar.

Fotografar era a única coisa na qual eu me sentia bem fazendo.

Meu peito subia e descia numa respiração pesada, o celular em mãos e a conversa com Priscila aberta.

~

"Quando você vem pro Rio?"
"Preciso de você."

~

Priscila saberia quase que de imediato que eu estava precisando de um ombro pra desabafar.

Eu tinha amigos aqui, claro. Mas nenhum chegava aos pés de Priscila.

Eu chamaria Rosa também, mas eu sabia que estava ocupada e em uma semana intensa em BH.

Minha mensagem foi respondida quase que de imediato.

~

"Oi Ca, tudo bem?"
"Não pretendia ir tão cedo, mas vou comprar a passagem pra esse final de semana."

~

Me tranquilizei sabendo que ela viria, mas não sabia como responder a sua pergunta.

Obviamente eu não estava bem, mas queria conversar pessoalmente.

Já desisti de mandar mensagem para Anne, ela demorava horas pra responder e suas respostas eram sempre incompletas e nunca respondiam oque eu queria.

Daqui a 3 dias Pri estaria aqui, isso deixa meu coração um pouquinho aquecido.

Caminhei pelo apartamento escuro e abri um pouco as cortinas, revelando o resquício de luz da tarde. Fui até a cozinha e olhei para todos os vinhos expostos na parede, meus olhos brilharam ao ver uma grande garrafa, ainda lacrada, do meu vinho predileto.

Peguei uma taça e a enchi até a metade, caminhei até a varanda, me deparando com a vista do mar e uma rua movimentada pelo horário de pico.

Levei a taça até o nariz e deixei o cheiro entrar em minhas narinas.

Dei uma bebericada e um sorriso de prazer se instalou em meu rosto, era oque eu precisava nesse momento.

Me sentei na pequena cadeira que tinha na varanda e fiquei olhando a rua e o mar, desejando afastar qualquer tipo de pensamento que trazia a loira até minha mente.

No que fechei os olhos, respirei fundo e bebi mais pouco, não demorou pros olhos verdes aparecerem em minha cabeça.

Abri os olhos e sacudi a cabeça com raiva.

Eu não deveria pensar em quem simplismente some e nem ao menos explica o motivo.

Foda-se ela.

Um sorriso divertido apareceu em meus lábios e continuei bebendo até a garrafa se esvaziar.

Encarei a garrafa e fiz bico.

- Mas já acabou? - Meu rosto tinha uma feição dramática.

Me laventei e fui até a cozinha, mas a campainha tocou assim que minhas mãos chegaram em outra garrafa.

Minha sombrancelha se levantou em surpresa, eu não estaca esperando visitas.

Caminhei até a porta e abri.

- Você tá um lixo Carolina. - A expressão de assustada no rosto da mulher apareceu assim que me viu.

- Que porra você tá fazendo aqui Camila? - Eu a olhei estranho, mas deixei ela entrar.

- Minha irmã mandou eu vir ver você, ela está preocupada. - A voz de Camila saía como um sussurro enquanto olhava o apartamento.

Não estava tão desarrumado, mas as pessoas são acostumadas com tudo em seu perfeito lugar quando se trata da minha casa.

Dei de ombros e voltei a cozinha pegando mais uma garrafa de vinho.

- Nenhuma mensagem ou explicação dela? - Ela retornou a falar, enquanto caminhava para uma estante.

Dois porta-retratos estavam abaixamos, ela pegou os dois e olhou as fotos. Eram duas fotos com Anne. Fiz um som desprezível e a olhei.

- Deixa essa merda virada. E não, nada. - Peguei mais uma taça e deixei em cima do balcão, enchi a minha e fui me sentar no sofá.

Camila me olhava como se não reconhecesse a pessoa em sua frente.

- Esse é o melhor jeito de superar? - Ela veio caminhando até a sala e se sentou na poltrona de frente para mim.

- Sim. - Eu falei com tranquilidade, bebericando o vinho.

Ela parecia não saber muito oque falar, e também aparentava estar abalada.

E eu também me sinto estranha, é minha ex tentando me confortar da minha namorada, que eu já não considero mais, depois de um abandono sem explicação.

Só de pensar nisso eu fico com raiva.

Peguei meu celular e abri o contato de Anne.

~

"Porra Anne, oque custa explicar?"

"Eu de saco cheio já, eu te amo tanto e vc faz essa merda?"

"Não era pra sempre?"

~

A realidade é que um único abraço dela resolveria tudo, mas me recuso a aceitar isso.

Suspirei pesado e virei o resto de vinho que tinha em minha taça.

A mensagem foi visualizada e ela estava digitando.

Photo Dump  |  Buijrol  (PARALISADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora