Capítulo 30

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* As falas estão em itálico porque estão falando Holandês.

*Esse capítulo se passa um dia depois que Anne foi embora.

Anne

O corpo suando frio e os olhos inchados de ter passado uma viagem toda chorando. Mesmo com alguém ao meu lado, não consegui me segurar.

Minhas mãos tremeram um pouco e eu toquei a campainha. A merda desse empregado nem pra isso serve. Não demorei a ser atendida por alguma empregada qualquer.

- Goedemorgen mevrouw Anne. (Bom dia senhorita Anne)  - Ela ofereceu um sorriso gentil, mas assim que viu meu rosto, virou preocupação, porém tentou esconder quando viu o homem atrás de mim.

Ela deu um espaço para eu entrar e foi buscar um copo de água.

Ela voltou e me entregou. Bebi com calma e paciência tentando me acalmar.

- A senhora Bujis está no escritório dela e quer conversar com você. - Ela falou se sentando ao meu lado e me olhando meio preocupada.

Me arrepiei ao ouvir a menção de minha mãe. Fazia tanto tempo que eu não via ela e tinha uma conversa descente.

- Qual seu nome? - Minha voz saiu arrastada e cansada.

- Heidi senhorita. - Ela deu um sorriso acolhedor e pegou minhas malas levando para provavelmente o meu quarto.

Dei um sorriso forçado e fui até o banheiro e lavei meu rosto.

Apesar de tanto tempo sem vir aqui, eu me lembro de cada lugarzinho que há nessa casa.

Tirei meu sobretudo e subi até o escritório de minha mãe. Bati na porta duas vezes, e a voz severa veio de trás da porta.

- Quem é?

Respirei fundo e abri uma fresta da porta e apareci.

- Anne, mamãe.

Um grande sorriso apareceu em seu rosto e ela se levantou e veio até mim, que nem mesmo havia saído de trás da porta.

- Que saudades Anne! Como foi no Brasil? Você gostou de ? Você não se comunica tanto... - Ela fazia perguntas uma atrás da outra.

Dei o meu melhor sorriso e entrei na sala dela, a abracei e segurei as lágrimas.

- Foi incrível, conheci pessoas incríveis. - Fui sincera.

- Que bom querida. Mas eu e seu pai realmente não achamos que você deveria ficar lá, aqui você tem de tudo. - Sua expressão se tornou séria e ela deu a volta por sua mesa e se sentou novamente.

Ela fez um sinal para que eu me sentasse, apenas fiz isso e a olhei.

- Nos arrependemos no mesmo dia de ter te mandado pra lá, e aqui você tem seu emprego garantido né? - Ela tentava se explicar.

- Pai que mandou você falar isso? - Eu a olhei séria.

Ela coçou a garganta e olhou pro lado, nitidamente incomodada.

- Não querida.

Eu ri um pouco, mostrando não estar acreditando em sua fala.

- Mas eu quero voltar pra . - Falei assim que pude, com confiança e sinceridade.

- Mas minha filha, você tem tudo aqui, por quê iria pra ?! - Ela parecia não entender.

- Muitos motivos.

Um deles inclusive tem um sorriso lindo e o cabelo cacheado.

Assim que pensei nisso, olhei para minha mão e a aliança que eu não havia tirado.

Recebi algumas mensagens de Carol, mas não sabia como responder, eu mesma não sabia como responder minhas próprias perguntas.

De repente a porta se abriu atrás de mim e vi minha mãe dar um sorriso aliviada.

- Você tem muitos outros motivos pra ficar aqui, aliás, é uma ordem. - A voz de meu pai saiu autoritária assim que ele entrou.

- Também estava com saudades papai. - Falei em um tom irônico.

Ele me olhou sério e apenas foi para frente da janela.

- Eu sou adulta, posso decidir oque eu quero. Eu tinha um ótimo emprego lá se é com o dinheiro que você se importa. - Meu tom foi totalmente direcionado ao homem presente na sala.

Ele se virou e tinha um pequeno sorriso idiota nos lábios.

- Nós temos muito dinheiro Anne, você sabe disso. E também sabe que você vai ser a herdeira das empresas Buijs, precisamos de você aqui. - Ele dizia como se fosse óbvio.

Respirei fundo e me levantei.

- Meu irmão está aqui com vocês, ele pode fazer, tenho certeza que ele quer mais que eu. - Falei revirando os olhos.

- Nós te demos a chance de levar o nome Buijs até outro país, onde você morou, você chega lá e arruma um emprego  de merda por causa das suas amiguinhas?! Me poupe Anne.

Minha mãe manteve um olhar baixo.

- Você em algum momento cuidou da sua vida? - Eu já havia me estressado.

- Anne, quieta! Você está preocupada com sua namoradinha não é? Faço questão de você nunca mais vê-. - O homem então saiu da sala, vermelho de raiva.

Também saí, com lágrimas voltando a cair.

Meu nome foi chamado, mas ignorei e fui pro meu antigo quarto. Estava intacto, não mexeram em nada, tirando a roupa de cama que estava limpa e parecia ter sido trocada a poucas horas.

Eu já morei sozinha aqui na Holanda, mas até os 18 eu estive dentro de casa vivendo as custas de pai e mãe.

Tranquei a porta e caminhei até o banheiro, deixei a banheira enchendo enquanto eu separava minha roupa e alguns itens de higiene.

Assim que entrei, a água quente me causou arrepios de alívio. Meu corpo relaxou e o estresse começou a passar.

A temperatura havia mudado do Brasil pra cá, e meu corpo sentiu.

Deixei minha cabeça submersa por alguns segundos e depois encostei minha cabeça na parede.

Pensei em Carol, e em como eu iria resolver tudo isso.

Eu não queria perder a morena.

Nunca imaginei que a pessoa que eu chamo de pai, iria me forçar a fazer algo por causa de um simples sobrenome.

Photo Dump  |  Buijrol  (PARALISADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora