Capítulo 28

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Carolana

Com minhas mãos tremendo e os olhos lacrimejando, procuro pela loira em todo canto da casa, mas encontro nem mesmo suas peças de roupa.

Acordar e não ter ela ao meu lado foi estranho, mas ela poderia apenas ter levantado mais cedo.

Avancei sobre a mesa de jantar assim que vi um papel branco que eu tinha certeza de que não estava ali ontem a noite. Assim que bati os olhos, reconheci a escrita de Anne, a boa e bela escrita super bem feita e pontuada.

Anne estava estranha já fazia uma semana, mas sempre dizia que estava tudo bem e não me deixava aprofundar no assunto.

Eu esperava do fundo do meu coração que o papel fosse apenas um aviso de que ela foi na padaria, mesmo eu sabendo que não era isso, quem vai a padaria e leva a merda de todas as suas coisas?

Eu ainda estava tremendo, com a bochecha encharda de lágrimas pesadas e carregadas de tristeza.

Agarrei o papel e respirei fundo, esperando uma grande e boa explicação, como ela sempre fazia.

~

"Olá Carol, me desculpe.
Me odeio tanto por ter feito isso com você, mas não tive tantas escolhas.
Eu sentirei saudades.

Eu te amo, Anne."

~

As lágrimas aumentaram e rasguei o papel imediatamente.

Fui a procura de meu celular e fui atrás do seu contato, eu exigia uma explicação melhor, ela não podia ir embora dessa maneira.

~

"Anne, oque aconteceu?"
"Pelo amor, me responde!"
"Anne"
"Anne, vc bem?
"Mas que merda garota"

~

As mensagens chegavam em seu celular, e eram visualizadas quase que de imediato

Mas eu não obtive uma resposta se quer por longas duas horas.

Não consegui tomar nada no café e ao menos tive energia pra me deslocar até o escritório, justifiquei minha falta com uma mentira qualquer.

Perto do almoço, que pra mim nem iria existir pois a fome não era nem de longe uma das coisas que eu sentia ness e momento, eu encarei o relógio e meu celular.

Ele estava desbloqueado em cima da mesa, com a conversa aberta esperando alguma resposta.

A cada 5 minutos eu chorava e entrava em uma ansiedade sem fim. Até a barra aparecer "Digitando".

Minhas mãos foram de automático ao encontro do celular, o puxando para aperto, enquanto meus olhos estavam vidrados na tela.

O status de digitando sumiu, ficou alguns minutos sem aparecer e depois retornou.

Ficou assim por meia torturante hora.

~

"Perdão Carol. Estou com muitos problemas. Você não é culpada de nada!"
"Sei que lhe devo explicações, mas nem mesmo eu sei explicar."
"Apenas me perdoe algum dia."

~

Eu não sabia oque responder, e eu tinha a sensação de que mesmo que eu respondesse, eu não iria obter uma resposta.

Desliguei meu celular e fui em direção ao sofá, me joguei e voltei a chorar desesperadamente.

Eu estava sentindo uma solidão imensa, estava tudo indo tão bem até pouco tempo.

Sentimentos de tristeza, solidão e saudades tomavam conta de mim.

E de raiva, uma raiva em pequena proporção queimava em minha cabeça.

Por que ela não podia me responder? Não podia me explicar? Por que me abandonou?

Tivemos muitos problemas e enfrentamos todos juntos, por quê esse seria diferente?

Eu não conseguia entender.

Segurei a almofada e a apertei com força após soltar um grito de raiva e confusão.

Respirei fundo por um tempo, tentando voltar minha respiração ao normal e olhei em volta do apartamento.

Apesar da falta de fome, eu precisava me alimentar.

Olhei meu celular com receio, mas fui até ele e pedi uma comida no primeiro aplicativo que eu vi.

Larguei de volta em cima da mesa e fui para o meu quarto e quase de imediato me arrependi, o cheiro de Anne estava impregnado ali.

Segurei meu choro e dei meia volta, indo para o banheiro e ligando o chuveiro na água mais gelada o possível.

Eu queria um banho em minha banheira, mas não iria conseguir passar pelo meu quarto e muito menos me lembrar de momentos inesquecíveis naquele mesmo ambiente.

Fiquei o máximo de tempo o possível, até minha campainha tocar e eu ser obrigada a sair do banho.

Vesti meu roupão branco e apenas dei uma enxugada no meu cabelo, não queria atrasar seja lá quem for que estava na porta.

Caminhei calmamente e abri.

Era apenas o entregador com meu pedido em mãos e um sorriso gentil.

- Perdão pela demora, muito obrigada. - Falei com um falso sorriso e peguei a comida.

Fechei a porta quase que no mesmo instante, deixei a comida sobre o balcão e encarei a porta do meu quarto fechada.

Eu teria que entrar ali.

A tristeza só aumentou assim que entrei no quarto, e no primeiro suspiro a saudades também me invadiu.

O quarto que nunca teve um cheiro tão forte, parecia agora ser feito pelo perfume de Anne.

Meus olhos lacrimejaram e caminhei até meu closet e peguei muitas roupas, e pude ver a parte de Anne totalmente vazia, as lágrimas desceram aos poucos.

Sai do quarto com um amontoado de roupas minhas e levei até o quarto de hóspede, eu decidi que iria dormir ali agora.

Voltei a sala e me obriguei a comer a refeição.

Eu não estava entendendo o porquê daquilo ter me afetado tão rápido.

Photo Dump  |  Buijrol  (PARALISADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora