Anne
Odiei o fato de voltar.
Depois da minha péssima explicação, venho mandando mensagens para Carol.
Ela tá diferente, óbvio, eu fiz merda, mas parece que algo a mais aconteceu.
Tenho medo de meu pai ter feito qualquer coisa a respeito, não duvido dele.
Respirei e assinei alguns papéis.
Já estava decidida de passar o nome para meu irmão, vou ficar aqui no máximo um mês.
Apenas por causa de minha mãe, ela pediu que eu ficasse um pouco, não consigo dizer não a ela.
Meu pai entrou na sala e me olhou com aquele sorriso escroto dele.
- Viu como você se dá bem aqui, querida? - Ele tinha mais alguns documentos nas mãos.
Apenas balancei a cabeça, concordando com ele. Não estou afim de discussões ou qualquer outra coisa, já tive muita dor de cabeça.
Olhei o relógio e me levantei.
- Seu turno, estou indo almoçar. - Dei um tchauzinho para ele e sai da sala.
Odiava compartilhar o mesmo ambiente que ele.
Estar nessa casa faz eu me sentir com 9 anos novamente, onde eu sempre procurava a aprovação do meu pai, e sempre tentava agradar minha mãe. Eu não sabia dizer não a eles. Meu pai sempre foi escroto, não mudou nem um pouco, a diferença é que quando eu era pequena, ele me dava brinquedos novos como pedido de desculpas.
Me sentia com 9 anos novamente, sem opinião própria.
Eu chamei um táxi e fui até um restaurante próximo.
~
"Olá Carolzinha, boa tarde. Como estão as coisas aí? Já almoçou? Estou tentando organizar as coisas o mais rápido possível aqui.""Estou morrendo de saudades"
"Boa tarde Anne. Estou indo, e acabei de almoçar."
"Também estou"
~
Era horrível sentir uma diferença nas mensagens de Carol, mas eu não tinha o que fazer, apenas tentar voltar o mais rápido possível.
Sentei em uma das mesas mais afastadas e fiz meu pedido.
Eu realmente não sabia como lidar com oque estava acontecendo. Nunca rezei tanto para que tudo voltasse ao normal
Meu celular começou a tocar, um número não salvo, estava me ligando em chamada de vídeo.
A foto de perfil era Priscila Daroit.
Seja lá o que for, eu atendi no terceiro toque, preocupada se havia acontecido algo.
Assim que atendi, o rosto de Priscila apareceu na tela de meu celular, ela fazia um sinal de silêncio, e assim que virou a câmera, Carol trabalhava em sua casa.
Seu cabelo estava preso em um coque, ela usava um moletom, um moletom meu.
Parecia distraída. Um grande sorriso se formou em meus lábios, sentindo saudades da morena. Não sabia que havia deixado algo para trás, mas certamente o moletom estava nas coisas dela.
- Carol, dê um sorriso. - A voz de Prisicila quebrou o silêncio confortante.
Carol se virou sem entender, o celular apontado em sua direção talvez não explicasse muito bem. Sua feição era boa, mas conhecendo ela, sabia que havia ficado algumas noites sem dormir direito.
- Foto? - Carol respondeu.
Que saudade que eu estava.
- Ligação. - A voz de Prisicila saía como um pequeno riso, igual uma criança aprontando.
Carol de imediato se levantou e tomou o celular da mão dela e olhou a tela do celular.
Parei de respirar, eu não sabia o que distinguir de seu olhar.
- Olá Carolzinha. - Minha voz saiu baixa.
Carol olhou para Priscila.
- Desde quando você tem o número da Anne? - Ela ignorou totalmente o que eu havia dito.
- Desde que você esqueceu seu celular desbloqueado em cima da mesa, quando foi tomar banho. - Priscila gargalhou.
- Oi loirinha. - Carol finalmente voltou a olhar o celular.
Um suspiro de alívio escapou, deixando o ar que eu havia segurado por esse tempo ir embora.
Estava tudo bem.
- Como estão as coisas aí? - Aproximei um pouco o celular.
Carol parecia não saber responder, então Priscila apareceu atrás dela.
- Uma merda se quer sinceridade. Carol não sabe viver sem você! - Priscila se sentou atrás de Carol.
Eu ri baixo.
- Estamos em situações parecidas então. Não sei viver sem ela! - Falei como se Carol não estivesse com os olhos vidrados na tela, atenta a cada palavra que eu falava.
Um sorriso se abriu em seu rosto, oque me fez sorrir também.
- Priscila me ajudou a não te odiar Buijs. - Carol falou com um tom irônico.
Eu ri baixinho e cocei a cabeça meio sem graça. Eu gostaria de devolver a brincadeira, mas tinha sim como me odiar.
- Obrigada Priscila, estou te devendo!
A outra loira apenas riu e deu um sorriso.
- Onde a senhorita tá? - Carol perguntou.
- Em um ótimo restaurante.
Ficamos conversando por um bom tempo, até o horário dela esgotar e ela ter que voltar a trabalhar.
Foi ótimo falar com ela normalmente, mesmo que de longe.
Seja o que for que ela e Prisicila tenham conversado, estou devendo a loira.
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Photo Dump | Buijrol (PARALISADA)
Romance📸 Anne Buijs veio morar no Brasil por incentivo dos pais. Tinha duas amigas muito próximas lá, pois não era a primeira vez que a Holandesa ia morar aqui. Continuou com seu ramo na escrita é acabou conhecendo Carol, uma incrível fotógrafa, apesar de...